Pequenas variações percentuais no voto nos estados chave podem ser a diferença entre perder por muito, por pouco, ganhar a tangente ou até ter uma grande vitória no Colégio Eleitoral.
Wisconsin, Michigan e Pensilvânia e, numa segunda linha, Nevada, Arizona e Geórgia. Estes estados são os mais prováveis serem aqueles que decidirão entre a reeleição do incumbente Joe Biden e o regresso de Donald Trump à Casa Branca. Ganhar estes estados é crucial para vencer a eleição presidencial de 5 de novembro, independentemente do que as sondagens digam sobre o voto popular.
Para ganhar as eleições para à Casa Branca não basta ser o candidato mais votado, é preciso vencer o Colégio Eleitoral, o conjunto dos 538 eleitores escolhidos por cada estado com base no número de senadores (2 para todos) mais o número de congressistas de cada um (desde apenas um nos estados menos populosos a 51 na Califórnia) e ainda três para o distrito federal de Washington. Pode acontecer o candidato mais votado no voto popular perder a eleição, como aconteceu a Hillary Clinton em 2016 e a Al Gore em 2000, duas eleições muito renhidas. Em 2020, o democrata Joe Biden ganhou tanto o voto popular (por 4,5 pontos percentuais) como o colégio eleitoral, mas as margens nos estados decisivos que lhe deram a vitória foram muito curtas. Com menos 1 ponto percentual de diferença face ao rival republicano Donald Trump teria perdido.
Tirando no Maine e no Nebraska, onde alguns grandes eleitores são selecionados por base nos resultados nos distritos do Congresso e outros com base nos resultados no todo do estado, os grandes eleitores dum determinado estado deverão todos votar no candidato mais votado naquele estado. Basta um voto a mais no estado decisivo, e a eleição está ganha, com pelo menos 270 grandes eleitores vence-se a nível nacional.
Há dois tipos de estados nas eleições, os estados seguros (ou garantidos), onde a eleição está decidida quase à partida, com base no histórico eleitoral e nas sondagens, havendo os estados azuis, onde se espera que seja o Partido Democrata a ganhar, e os estados vermelhos, onde se espera que ganhe o Partido Republicano, e depois existem os swing states ou estados oscilantes, que oscilam de eleição para eleição, ou se espera que possam oscilar, entre os dois partidos. Claro que depois na realidade existem estados que não se esperando que sejam renhidos também não podem ser dados como garantidos para nenhum dos campos, mas estrategicamente é melhor para as campanhas dos candidatos focarem-se nos estados não seguros que têm mesmo de ganhar. Demasiada ambição pode ser contraproducente, mais até do que uma estratégia defensiva quando se está com alguma vantagem no mapa. Neste momento, como está o cenário?
Em 2020 houve 17 estados ganhos com uma margem de no máximo cerca de 10%, sendo extremamente difícil de imaginar com as condições atuais algum dos estados ganhos por bem mais que 10% a mudar de mãos. Mesmo que apareçam algumas sondagens a indicarem corridas renhidas noutros lugares, nesta fase do campeonato devemos olhar mais para as médias das últimas eleições, ainda mais quando as deste ano são uma repetição do duelo de 2020. Embora os estados mais renhidos este ano até possam ser outros.
Começando pelo oeste americano, os três estados da costa (Califórnia, Oregon e Washington) não deverão ser renhidos e continuarão a ser fortemente democratas. Mesmo que Trump reduza as margens de vitória de Biden neles, o que é provável, o que pode ajudar Trump a ganhar pela primeira vez o voto popular, um sonho dele. No oeste mais interior, a caminho do Midwest, vemos um norte fortemente republicano, com poucas hipóteses de passar de mão, mais a sul o Colorado e Novo México, outrora estados oscilantes, só mudariam para a cor vermelha numa grande vitória de Trump, tornando-os assim extremamente improváveis de serem estados decisivos.
O mesmo não pode ser dito do Nevada e do Arizona, estados do sudoeste, com uma grande população de origem hispânica, que foram ganhos por pouco e muito pouco por Biden em 2020. Estes dois fazem parte do conjunto de estados mais provável de decidir a eleição. Neste momento, de acordo com as sondagens, Trump parece estar bem posicionado para os vencer. Mas estes não chegam.
Mais para o interior, o gigante Texas com os seus 40 grandes eleitores, deverá continuar republicano, embora nos anos 2016 a 2020 tenha ficado mais renhido. Com tantos grandes eleitores, poderia ser tentador à campanha de Biden tentar ganhá-lo. Mas, dada a força de Trump e o seu crescente apoio entre os hispânicos, o estado não será decisivo, e também provavelmente, pouco renhido em novembro.
Indo agora para a metade leste americana, onde estão concentrados a maioria dos grandes eleitores, o sul deverá continuar republicano, com Trump a reforçar provavelmente a Flórida com os seus 30 grandes eleitores, um tradicional estado oscilante, que desta vez será muito difícil de ganhar pelos democratas. As sondagens também indicam um iminente regresso da Geórgia à coluna vermelha.
Mais a norte, junto à costa, o mapa deverá continuar quase todo azul, com Biden com vitórias muito prováveis em quase todos estes estados, embora seja expectável uma melhoria da performance de Trump em estados muito populosos como Nova Iorque e Nova Jérsia, mas que continuará insuficiente para os fazer mudar de cor. Na Nova Inglaterra (Massachusetts, Connecticut, Rhode Island, New Hampshire, Vermont e Maine) espera-se que Biden continue em primeiro.
O mesmo não se pode dizer dos estados dos Grandes Lagos e arredores que em 2016 foram cruciais para dar uma vitória inesperada a Donald Trump. O Iowa e o Ohio muito dificilmente voltarão para os democratas. Segundo as sondagens, Trump não estará mais forte do que em 2020 nos estados que ao irem do campo republicano de volta para o campo democrata foram decisivos para Biden ganhar: o Wisconsin, o Michigan e a Pensilvânia. Mas estes foram tão renhidos nas duas últimas eleições que pequenas variações a favor de Trump podem-no pôr de volta à Casa Branca.