sexta-feira, 25 de abril de 2025

presos politicos da "democracia". um outro 25 de Abril

Durante o Processo Revolucionário em Curso (PREC), entre 1974 e 1975, o Comando Operacional do Continente (COPCON), sob a liderança do major Otelo Saraiva de Carvalho, desempenhou um papel central na manutenção da ordem e na implementação das diretrizes do Movimento das Forças Armadas (MFA). Uma das práticas mais controversas atribuídas ao COPCON foi a emissão de mandados de captura em branco, ou seja, mandados assinados previamente sem identificação específica dos visados, permitindo detenções sem base legal formal.
Os mandados de captura em branco eram documentos assinados por Saraiva de Carvalho e deixados no cofre do COPCON. Durante os turnos de serviço, oficiais podiam preencher esses mandados com os nomes de indivíduos a serem detidos, muitas vezes sem acusação formal ou processo judicial. 
A prática intensificou-se após eventos como a alegada manifestação da "maioria silenciosa" em 28 de Setembro de 1974 e a ainda não esclarecida tentativa de golpe de 11 de Março de 1975. Durante esses períodos, o COPCON realizou detenções de várias figuras associadas à direita ou ao antigo regime, muitas vezes sem provas concretas ou processos judiciais adequados. Entre os detidos estavam políticos, empresários e até personalidades públicas, como o locutor Artur Agostinho.
Em Maio de 1975, cerca de 400 militantes do PCTP/MRPP (Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado) foram presos sob acusações vagas de sabotagem ou conspiração, refletindo o uso indiscriminado desses mandados. 
A utilização de mandados de captura em branco pelo COPCON suscitou críticas significativas de diversos setores da sociedade portuguesa. Muitos consideraram essas ações como abusos de poder e violações dos direitos fundamentais. O CDS, por exemplo, destacou essa prática como uma das "atrocidades" cometidas durante o PREC, associando-a a uma tentativa de imposição de uma ditadura marxista em Portugal. ​
O 25 de Novembro de 1975, marcou o fim do PREC e a derrota das forças de extrema-esquerda, o COPCON foi desmantelado, e Saraiva de Carvalho perdeu influência política. 
A prática dos mandados de captura em branco é hoje lembrada como um dos episódios mais controversos do período revolucionário português.