segunda-feira, 31 de março de 2025

Valem o que valem...

Este modelo é baseado totalmente nas sondagens de imprensa que foram lançadas desde dia 17 de Outubro de 2024 a 21/03/2025.



sexta-feira, 28 de março de 2025

a Oligarquia e a Responsabilidade Política

“A oligarquia em Portugal habituou-se a não pagar por nada”. 
Esta afirmação, embora dura, resume um sentimento crescente de frustração entre a população, que assiste a uma série de decisões políticas que parecem ignorar a responsabilidade e a ética. Recentemente, a direção do PSD após ter eleito, no ano passado, os arguidos do caso Tutti Frutti, surpreende-nos agora ao propor como candidato um ex-secretário de Estado que se demitiu há poucos meses por partilhar uma situação equivoca mas idêntica à do ainda primeiro ministro. Esta decisão é um reflexo da mesma arrogância que marcou a liderança do António Costa.
Costa, durante o seu mandato, manteve no palco político várias figuras envolvidas em "casos" controversos, numa demonstração de desafio ao país e aos princípios de transparência e integridade. Este comportamento não é novo na política portuguesa. Lembro que antes da recente vitória do “arguido” Miguel Albuquerque e, também, José Sócrates que não era “arguido”, em 2009, já havia demonstrado uma confiança inabalável, apesar das acusações e dos escândalos que o rodeavam. Agora foi dado na Madeira “um passo em frente”

A questão é até que ponto estas atitudes de impunidade e arrogância estão enraizada na política portuguesa? E, mais importante, quais são as consequências para a democracia e para a confiança dos cidadãos nas instituições?
O exemplo do António Costa é particularmente ilustrativo. Após o caso “Influencer”, muitos se perguntavam se ele teria coragem de se recandidatar em 2024. A resposta permanece desconhecida, mas o facto de ter ascendido ao Conselho Europeu sugere que, independentemente dos escândalos, a sua carreira política continua a prosperar.
Este cenário levanta uma série de questões sobre a responsabilidade política em Portugal. Por que razão figuras envolvidas em escândalos continuam a ser promovidas e a ocupar cargos de destaque? Qual o papel dos partidos políticos na promoção de uma cultura de responsabilidade e integridade?
A resposta pode residir na própria estrutura dos partidos e na forma como o poder é exercido. A centralização do poder em poucas mãos e a falta de mecanismos eficazes de responsabilização criam um ambiente propício à impunidade. Além disso, a lealdade partidária muitas vezes sobrepõe-se à ética e à responsabilidade pública, perpetuando um ciclo vicioso de corrupção e falta de transparência.
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Para quebrar este ciclo, é essencial uma reforma profunda que promova a transparência, a ética e a responsabilidade. Os partidos políticos devem adotar códigos de conduta rigorosos e garantir que os seus membros são responsabilizados pelas suas ações.
Para restaurar a confiança dos cidadãos e fortalecer a democracia, é essencial promover uma cultura de transparência e integridade, onde ninguém esteja acima da lei.
Além disso, é fundamental fortalecer as instituições de fiscalização e garantir a independência do judiciário.

quinta-feira, 27 de março de 2025

O Jornalismo e a Percepção Pública das Entrevistas Políticas!

A recente indignação pública gerada pelas entrevistas de Paulo Raimundo, do Partido Comunista Português (PCP), e André Ventura, do Chega, na RTP, suscitou um debate aceso sobre o papel do jornalismo e as diferentes reações às entrevistas políticas.

Entrevista ou Confronto?
A questão principal que emerge é se as entrevistas foram conduzidas de maneira justa e equitativa, ou se foram confrontos dissimulados. Quando os jornalistas pressionam figuras políticas de direita, são frequentemente vistos como corajosos e independentes. No entanto, quando a pressão é exercida sobre figuras de esquerda, há quem os acuse de autoritarismo ou até fascismo. Esta dicotomia na perceção pública revela muito sobre as expectativas e os preconceitos existentes na sociedade.
- Paulo Raimundo
A entrevista de Paulo Raimundo gerou uma onda de indignação. Muitos consideraram que o jornalista foi demasiado agressivo e que a entrevista se transformou num confronto. Este tipo de reação pode ser visto como uma defesa do líder comunista, refletindo a sensibilidade de uma parte do público em relação ao tratamento dado às figuras de esquerda.
- André Ventura
Por outro lado, a entrevista de André Ventura foi marcada por um debate aceso, com o líder do Chega a enfrentar um questionamento intenso por parte do jornalista. Apesar da similaridade na abordagem, não houve uma reação tão negativa do público. Isto pode ser interpretado como uma maior aceitação da confrontação quando se trata de figuras políticas de direita, talvez devido à natureza polarizadora do próprio líder e do partido que representa.
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o que devia ser o Papel do Jornalismo
O jornalismo tem a responsabilidade de questionar e desafiar todas as figuras públicas, independentemente da sua orientação política. Em última análise, cabe aos jornalistas manterem a imparcialidade e a objetividade.

quarta-feira, 26 de março de 2025

"2084" a previsão de Boualem Sansa sobre o Futuro do Islamismo

No ano de 711, marcou-se o início de uma nova era com a chegada do Islamismo à Península Ibérica, mudando para sempre a história da Europa. Em "2084", Sansa utiliza este ponto de partida histórico para lançar uma previsão ousada sobre o impacto da globalização na ascensão do Islamismo e insinua que, tal como no passado, o Islamismo pode novamente tornar-se uma força dominante, desta vez, não apenas através de conquistas militares, mas por meio de transformações sociais e culturais que acompanham a globalização.
Boualem Sansa, desenha uma visão sombria e inquietante sobre o futuro do mundo sob o domínio de uma ditadura religiosa islâmica. Inspirado no clássico "1984" de George Orwell, e explora as consequências de uma globalização que, segundo ele, irá conduzir o Islamismo ao poder em todo o mundo dentro de 50 anos, começando pela Europa.
O pressuposto de "2084" é a instalação de uma ditadura religiosa islâmica que se estende globalmente, subjugando diversas culturas e sistemas políticos. Sansa imagina um mundo onde as liberdades individuais são suprimidas a favor de uma rígida interpretação da Sharia, a lei islâmica. Apresenta-nos um cenário onde a diversidade cultural é erradicada e todos são forçados a seguir um único conjunto de crenças e práticas.
Em "1984", Orwell descreve uma sociedade onde um governo, liderado pelo “Partido”, exerce um controle absoluto sobre todas as facetas da vida dos cidadãos, utilizando propaganda, censura e vigilância constante. Sansa, em "2024", projecta um domínio semelhante, mas motivado e dominado por uma ideologia religiosa e argumenta que a globalização, com o seu poder de interconectar sociedades e culturas, também tem o potencial de uniformizar crenças e práticas e sugere que a disseminação de valores islâmicos é facilitada pela globalização, especialmente através de movimentos migratórios, intercâmbios culturais e a influência das redes sociais. Este processo pode levar a uma erosão das tradições locais e a uma aceitação crescente da ideologia islâmica.
Boualem Sansa prevê que a Europa será o ponto de partida para esta transformação global. Com uma história de imigração significativa de países de maioria islâmica e uma crescente presença de comunidades muçulmanas nas maiores cidades europeias, Sansa acredita que a Europa pode ser vulnerável a uma mudança ideológica. Segundo ele, é nesta região que os primeiros sinais de uma hegemonia islâmica podem emergir, eventualmente se espalhando para outras partes do mundo.
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Islamofobia ou Realismo?
"2084" tem gerado controvérsia e debate desde a sua publicação e há quem o acuse de alarmismo e islamofobia, enquanto outros elogiam a sua coragem em abordar um tema tão polêmico. A acusação de islamofobia contra Sansa é baseada na percepção de que o livro promove uma visão negativa e estereotipada do Islamismo. No entanto, ao que parece ele está simplesmente a levantar questões importantes sobre o futuro da convivência cultural e a potencial ascensão de ideologias extremistas.
"2084" tem um impacto cultural significativo, incitando diálogo e reflexão sobre o papel da globalização no mundo moderno. Desafia os leitores a considerar os possíveis desdobramentos do intercâmbio cultural e questionar a capacidade das sociedades de manterem suas identidades frente à pressão de forças globalizantes.
"2084" é mais do que um romance; é um aviso sobre os potenciais riscos de uma globalização desenfreada que pode levar ao estabelecimento de uma ditadura religiosa. Inspirado pela obra de George Orwell, Sansa convida-nos a reflectir sobre o futuro do mundo e a importância de preservar a diversidade cultural e as liberdades individuais. Este livro, com suas previsões aterradoras, serve como um alerta para os desafios que podem vir no horizonte e a necessidade de vigilância e preparação para defendermos os valores que consideramos fundamentais para uma sociedade livre e plural.

terça-feira, 25 de março de 2025

Política Eleitoral e Ambições do Poder

A política é muitas vezes vista como um jogo pelo poder, onde a vitória nas eleições é um objetivo primordial. Há um ano, depois de uma vitória que foi tão curta como a ambição daqueles que a conquistaram, surgiu no horizonte a tentativa de recriar o momento histórico de 1987, quando o PSD de Cavaco Silva obteve a sua primeira maioria absoluta.
Desde há um ano, temos estado em constante campanha eleitoral – distribuindo esmolas, prometendo paz e progresso, satisfazendo corporações e buscando estabilidade, escreve Nuno Gonçalo Poças.
Estas ações refletem a ambição de Luís Montenegro de repetir o sucesso do cavaquismo, um período marcado pela obtenção de maiorias absolutas. A sua estratégia parece focar-se exclusivamente na repetição desse momento, utilizando táticas que visam garantir o apoio e votos necessários para alcançar tal feito.
Por outro lado, o objetivo do Governo parecia ser diferente. Entre uma mão cheia de ministros, cuja boa vontade não deve ser questionada injustamente, a intenção do Primeiro-ministro parecia ser a de reforçar a sua maioria no parlamento. Eventualmente, ele pode até cobiçar uma maioria absoluta, vendo isso como um fim em si mesmo. Esta abordagem sugere que o poder é procurado pelo próprio poder, sem uma visão clara sobre as mudanças ou melhorias que podem ser implementadas.

É importante reflectir sobre o que esperar de uma geração de políticos cujo grande feito e especialidade é ganhar eleições internas e semear bagos de poder que servem apenas o poder em si mesmo. Essa busca incessante pelo domínio eleitoral pode levar a uma política onde as verdadeiras necessidades da população são secundárias às ambições pessoais dos líderes. A política deve ser o meio pelo qual se promove o bem-estar da sociedade, e não apenas um mecanismo para perpetuar o controle e influência de uma elite política.
Este cenário nos leva a ponderar sobre a essência da democracia e os valores que devemos preservar. Ao focar-se exclusivamente na obtenção de poder, corre-se o risco de perder de vista os princípios fundamentais da governança responsável e representativa. É necessário que os políticos redirecionem suas estratégias para incluir verdadeiramente os interesses da população, garantindo que suas ações beneficiem todos os cidadãos e não apenas um grupo selecto.

Valem o que valem

 Esta precisa de confirmação!



os putos e as chavalas ao ataque...no Geração V


as bacoradas dos putos e das chavalas postos em bicos de pés para parecerem adultos...
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No Observador "Convidámos o João Mª Jonet para fazermos as previsões deste novo ano político. A tomada de posse de Trump, Autárquicas, as crises políticas na Europa e as comemorações do 25/11 foram alguns tópicos."
https://observador.pt/programas/gera-o-v/o-que-vai-mudar-em-2025/



...e os ditos jornalistas escreveram! Confirma-se?

Um grupo de cidadãos que inclui a ex-ministra da Justiça Francisca Van Dunem vai apresentar uma queixa-crime contra André Ventura e Pedro Pinto, presidente e líder parlamentar do Chega, respetivamente, depois das declarações polémicas deste último num programa de comentário televisivo. A informação é avançada pelo Diário de Notícias.
O líder parlamentar do Chega disse na quarta-feira à noite na RTP que “se a polícia atirasse mais a matar, o país estava em ordem”. O assunto chegou esta quinta-feira ao Parlamento, com várias bancadas a condenarem a declaração, mas André Ventura saiu em defesa do seu presidente da bancada e disse, em entrevista ao canal Now, que “se a polícia tiver de entrar a matar, também tem de entrar a matar“.
Edgar Caetano  em 25 out. 2024, 08:26 126


PGR abre inquérito a declarações de Ventura e Pedro Pinto sobre morte de Odair Moniz
O inquérito surge depois de Pedro Pinto ter dito que se as forças de segurança "disparassem mais a matar, o país estava mais na ordem" e Ventura que o polícia que matou Odair devia ser condecorado.
iA Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu um inquérito a declarações de André Ventura e Pedro Pinto, líder e deputado do Chega, presidente e líder parlamentar do Chega, respetivamente, e também do assessor do mesmo partido Ricardo Reis, sobre a morte de Odair Moniz. A informação foi inicialmente avançada pela CNN Portugal e confirmada pelo Observador.
“Confirma-se a instauração de inquérito relacionado com a matéria em referência. O mesmo corre em termos no DIAP Regional de Lisboa”, disse fonte oficial do Ministério Público ao Observador.
Em causa estão declarações do líder parlamentar do Chega sobre os tumultos dos últimos dias relacionados com a morte de Odair Moniz, um cabo-verdiano de 43 anos que foi baleado por um agente da polícia no bairro da Cova da Moura, na Amadora. Pedro Pinto afirmou que se as forças de segurança “disparassem mais a matar, o país estava mais na ordem”.
Também o presidente do Chega, André Ventura, disse sobre o agente da PSP que baleou Odair Moniz: “Nós não devíamos constituir este homem arguido; nós devíamos agradecer a este policia o trabalho que fez. Nós devíamos condecorá-lo e não constitui-lo arguido, ameaçar com processos ou ameaçar prendê-lo”. Agência Lusa Texto



domingo, 23 de março de 2025

o direito de informar, de se informar e de ser informado

A importância das redes sociais na difusão de ideias e no comportamento social na sociedade contemporânea não pode ser subestimada.
Com a revolução digital, estas plataformas transformaram-se em poderosos meios de comunicação, influenciando profundamente a maneira como as ideias são difundidas e como os indivíduos interagem uns com os outros.
As redes sociais permitem a disseminação rápida e abrangente de ideias de uma forma nunca antes vista. A pluralidade de vozes e opiniões é uma característica marcante destas plataformas, que oferecem espaço para todos, independentemente do seu reconhecimento prévio ou posição social. Este fenômeno democratizou a comunicação, possibilitando que qualquer pessoa com acesso à internet possa compartilhar e promover suas ideias em escala global.
Uma das áreas onde a influência das redes sociais é mais evidente é na política. A imprensa tradicional, muitas vezes controlada por determinados grupos, encontra nas redes sociais um concorrente forte e independente. Plataformas como Twitter, Facebook e Instagram permitiram, no caso português, que políticos e ativistas de direita, silenciados desde 1974, alcançarem diretamente os seus públicos, contornando a mediação de uma imprensa fortemente influenciada pela extrema-esquerda gramsciana e umbilicalmente ligada aos partidos tradicionais.
As redes sociais são uma ferramenta poderosa e multifacetada na sociedade pluralista em que vivemos. Elas revolucionaram a maneira como comunicamos e disseminamos ideias, ao mesmo tempo em que criaram desafios e dinâmicas de poder. 
O impacto das redes sociais é na maioria das vezes positivo, promovendo a democratização da comunicação e a diversidade de opiniões, mas é crucial estar consciente dos perigos e responsabilidades que acompanham esta liberdade.

sábado, 22 de março de 2025

A Importância da Discrição em Política

Em política, a discrição é quase sempre uma vantagem. O eleitorado, sobretudo à direita, não costuma apreciar tagarelas e privilegia as pessoas que parecem saber o que querem e o que não querem. Evidentemente que, numa estratégia montada para cumprir certos objetivos, nem tudo é previsível e muitas coisas podem falhar. Mais uma razão para não sermos abundantes nas palavras e nas promessas, porque não dominamos todas as variáveis do que aí virá. Todavia, convém pelo menos não desperdiçar aquelas que dependem de nós. Como deixar cair um governo antes do tempo ou não fazer o que tem de ser feito antes dele cair. Depois pode ser tarde.
A discrição é uma qualidade que muitos políticos bem-sucedidos possuem, permitindo-lhes navegar pelas complexidades das relações políticas sem criar inimigos desnecessários ou prometer mais do que podem cumprir. A arte de ser discreto envolve saber quando falar e quando ficar em silêncio, sendo capaz de medir as palavras cuidadosamente e escolher os momentos oportunos para agir.
Os eleitores, especialmente os conservadores, valorizam a discrição nos seus representantes. Eles tendem a confiar mais em líderes que demonstram firmeza e clareza nas suas intenções sem recorrer a um discurso excessivo. Isto cria uma imagem de competência e confiabilidade, atributos cruciais para conquistar e manter o apoio eleitoral.
Em contrapartida, políticos que falam demais arriscam-se a perder credibilidade quando não conseguem cumprir as suas promessas. A verbosidade pode levar a compromissos impulsivos e a expectativas irrealistas. Quando os resultados não correspondem ao discurso, a reputação do político pode sofrer danos significativos, dificultando a recuperação da confiança pública.
Para um político, é essencial desenvolver uma estratégia que considere a imprevisibilidade do cenário político. Ao limitar promessas e declarações públicas, é possível minimizar os riscos e manter um maior controle sobre as circunstâncias.
Nenhuma estratégia é infalível, e muitos fatores estão fora do controle de qualquer indivíduo. Por isso, é prudente evitar comprometer-se excessivamente com palavras. Em vez disso, deve-se concentrar em gerir as variáveis que estão ao alcance, garantindo que as ações tomadas sejam alinhadas com os objetivos estabelecidos.
Desperdiçar variáveis controláveis pode resultar em consequências graves, como a queda prematura de um governo ou a incapacidade de realizar ações essenciais antes de uma crise política. A discrição pode, portanto, ser a chave para preservar a estabilidade e assegurar que as medidas cruciais sejam implementadas no tempo certo.

terça-feira, 18 de março de 2025

quinta-feira, 13 de março de 2025

A Queda do Governo de Luís Montenegro!

A queda do governo liderado por Luís Montenegro (não é não!) foi um evento marcante na história política recente de Portugal. Este governo, que havia sido eleito com grande expectativa e promessas de mudança substancial, enfrentou diversos desafios internos e externos que culminaram na sua dissolução.
Luís Montenegro (não é não!) assumiu o cargo de Primeiro-Ministro com uma clara visão de reforma e progresso. A sua liderança no Partido da Social Democracia foi caracterizada por uma abordagem assertiva e determinada. Contudo, desde o início, o seu governo enfrentou resistência tanto da oposição como dentro do próprio partido.
Os desafios Internos ou a fragmentação dentro da coligação governamental tornou-se evidente à medida que surgiam divergências sobre política chave. A Aliança Democrática, que sustentava o governo, começou a mostrar sinais de descontentamento. As divergências tornaram-se públicas e a confiança entre os membros da coligação foi gradualmente erodida. A falta de consenso sobre questões económicas e sociais importantes gerou tensões que Luís Montenegro tentou, sem sucesso, mitigar.
Ao que parece além dos problemas internos, o governo enfrentou pressões externas significativas. A crise económica global teve um impacto profundo em Portugal, exacerbando problemas como o desemprego e a dívida pública. A austeridade imposta por medidas internacionais foi recebida com descontentamento pela população, que esperava uma mudança de direção prometida por Montenegro.
A situação chegou ao ponto de ruptura quando o governo decidiu solicitar uma moção de confiança. Este movimento foi visto por muitos como uma tentativa desesperada de reafirmar a autoridade e unidade dentro da coligação. A votação da moção de confiança tornou-se um espetáculo triste e divisivo, refletindo a profundidade dos problemas do governo.
A votação da moção de confiança foi marcada por discursos emocionais e confrontos acalorados. Os membros da AD dividiram-se, com alguns defendendo o governo e outros criticando abertamente as suas políticas e liderança. A sessão parlamentar, transmitida ao vivo, foi acompanhada por milhões de portugueses, que assistiram ao desmoronamento do que deveria ser uma demonstração de união.
O resultado da votação foi a derrota da moção de confiança, levando à queda do governo de Luís Montenegro. Este evento não só marcou o fim de um capítulo na política portuguesa, mas também deixou uma impressão duradoura na memória coletiva do país. A incapacidade de unir forças e enfrentar os desafios de forma coesa foi uma lição dolorosa para todos os envolvidos.

…e agora?
A queda do governo terá várias consequências e de longo prazo além da chamada antecipada para eleições. Politicamente, levará a uma reorganização dentro do PS enquanto a economia, já fragilizada, enfrenta um período de incerteza com a transição de poder.
O impacto na população é significativo. As expectativas de mudança foram temporariamente interrompidas, e a confiança na capacidade das lideranças políticas de proporcionar estabilidade foi abalada.
…e o Futuro?
A queda do governo de Luís Montenegro (não é não!) ficará nos anais da história como um exemplo de como os desafios internos e externos, combinados com a falta de coesão política, podem levar à dissolução de um governo. Este evento servirá como um “case study” para futuras lideranças sobre a importância da unidade, comunicação eficaz e capacidade de adaptação diante das adversidades.
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Em suma, o triste espetáculo da votação da moção de confiança solicitada pelo governo da AD, que levou à queda de Luís Montenegro e do “não é não!”, é um evento que continuará a ser analisado e discutido pelos “estudiosos” de política e história. O legado deste governo e a forma como enfrentou (ou falhou em enfrentar) os desafios servirão como uma lição importante para todos os envolvidos na política portuguesa.

terça-feira, 11 de março de 2025

11 de Março: a golpada...

Contei o 11 de Março – não este último, o outro de 1975– numa passagem de Novembro, um romance cuja acção decorre entre o Verão de 1973 e 25 de Novembro de 1975 e que é um retrato do Portugal desse tempo. Um Portugal que acabou.
No dia 11 de Março de 1975 estava em Joanesburgo, na África do Sul, e foi daí que segui, com outros exilados e emigrados portugueses, a jornada festiva do PREC, cuja amargas consequências ainda hoje pagamos.

À época estava em marcha na oficialidade das Forças Armadas, ou no que restava dela, um movimento de recuperação conservadora, que se confirmara na eleição para os conselhos das Armas de elementos “spinolistas”, ou do que ficara da direita militar.
O 25 de Abril viera da incapacidade de Marcelo Caetano (e do regime) de encontrar uma solução para a guerra de África, num país onde o europeísmo e o anticolonialismo tinham, respectivamente, tomado conta das cabeças da tecnoburocracia e da maioria dos intelectuais e universitários. Salazar deixara um regime político que só funcionava com ele e Marcelo Caetano não conseguira liberalizar e manter o esforço da guerra. Pairava entre essas opções, acabando por comprometer as duas.
As forças de oposição que tinham chegado ao poder no pós-25 de Abril eram os herdeiros da oposição democrática, do “Reviralho”, já convertidos por Mário Soares à descolonização; havia ainda os “liberais” do marcelismo, com Sá Carneiro; o Partido Comunista, de Cunhal; e um grande número de grupúsculos esquerdistas – trotskistas, anarquistas, maoístas, “albaneses” – todos na obsessão de se ultrapassarem uns aos outros pela esquerda, pedindo a nacionalização das mercearias ou requerendo o fuzilamento dos padres. Um folclore absurdo, mas, ao tempo, levado a sério pelos muitos que por ali flutuavam e que depois iriam, quase todos, aterrar no Centrão.
Cada um desses grupos aliciava os seus militares ou capitães de serviço, dando-lhes um pensamento mais ou menos adequado à justificação nobilitante do seu descontentamento. Todos estavam unidos contra o fascismo e contra a reacção que espreitavam os democratas e a democracia, qual lobo a espreitar o capuchinho. E para que a história não seguisse os trâmites tradicionais tinham de estar vigilantes. E estavam.
Dessa vigilância democrática, dessa acção preventiva ou por antecipação, nasceram as sucessivas etapas do PREC: no 28 de Setembro de 1974, tinha sido a inventona da “maioria silenciosa” para neutralizar os mais perigosos – partidos como o Partido do Progresso, que estavam a defender, em democracia e por regras democráticas, os valores da Direita e que estavam a juntar muita gente. Ao mesmo tempo, tratara-se de neutralizar tudo o que na universidade era denunciado pelos associativos como “fascista”. Pelo sim, pelo não.
Eram então os reaccionários e os fascistas o perigo a cancelar, a diabolizar, a caluniar, a neutralizar, a prender, a proibir. No 28 de Setembro de 74, o COPCON encarregou-se de o fazer. Entre os que foram presos e os que tiveram de sair do país para o não serem, terão sido umas três centenas. Porque, como diria um grande símbolo e chefe do Centrão, só “com os fascistas presos” se podia “construir a democracia”.
E para construir a democracia havia, antes do mais, que descolonizar – afinal a África não era uma obsessão de Salazar? E depois, que importava, perante o grande gesto libertador, a sorte dos milhares que “regressavam” a um rectângulo de onde nunca tinham partido e a sorte das populações?
Entretanto, nos meios emigrados e refugiados de Madrid, aparecia insistentemente um boato sobre uma tal “matança da Páscoa”, uma chacina de militares e civis conservadores, uma chacina que, talvez pela falta de mão-de-obra local teria o concurso de especialistas internacionais … Nem mais nem menos que os Tupamaros, os famosos guerrilheiros esquerdistas uruguaios. De Madrid, o boato veio para Lisboa e aterrou entre os spinolistas, os que estavam a vencer as eleições para os conselhos das armas. Teriam os elementos da esquerda militar radical, alarmados com a progressiva perda do poder recorrido a um processo clássico de provocação, que o almirante Rosa Coutinho resumia numa cativante fórmula popular – “picar o bicho, para o tirar da toca?”
Era um tempo de grande intrigalhada, clássica entre refugiados, emigrados, homiziados, ansiosos por uma reviravolta, com o habitual enxamear dos familiarizados, reais ou imaginários, com as “secretas”; e era supostamente através das secretas, espanholas ou francesas, que chegava a notícia da tal “matança”.
A imprensa ajudava à festa e lá ia trazendo histórias da CIA e do Spínola. Até o Témoignage Chrétien (por alguns chamado de Témoignage Crétin) trazia a história do golpe contra-revolucionário.
No dia 11 de Março, lá veio, ao fim da manhã (uma hora inédita para um golpe), o bombardeamento do RAL1, emblemática unidade esquerdista da capital, onde já tinha havido fuzilamentos simulados de “fascistas”. Seguiu-se uma largada de paraquedistas “contra-revolucionários” capitaneados pelo capitão Sebastião Martins, que encetou com o comandante do RALIS, o famoso Dinis de Almeida, um diálogo digno da “guerra do Solnado”.
Algumas das missões cumpriram-se como a ocupação do Rádio Clube Português. Vários dos civis voluntários para estas operações foram presos, outros escaparam. Spínola, entretanto, estava em Tancos, para onde fora na véspera à noite. Quando tudo correu mal, embarcou num helicóptero para Espanha.
A vaga de terror e de prisões desencadeada pelos comunistas e várias famílias esquerdistas, levou a mais umas centenas de prisões e à estatização de grande parte do sector privado português – 250 empresas foram nacionalizadas. Foi de facto, numa revolução que prosseguia por episódios e saltos bruscos, muito pressionados também pelo exterior, uma importante guinada à esquerda.
A golpada e o processo revolucionário que lhe deu curso provocaram, naturalmente, uma reacção – a reacção popular de Norte para Sul, que levaria aos ataques às sedes do Partido Comunista e ao emergir de “dois países” em conflito que iria desembocar no 25 de Novembro, duas semanas depois da independência de Angola.
A guerra civil não chegaria a vir. Os comunistas não a queriam porque sabiam que a perderiam e porque Ialta estava em vigor. Manteriam, como era do interesse de Moscovo, uma pressão sobre o poder até à independência de Angola. Depois retirariam para os quarteis de Inverno.
A economia nacional nunca mais recuperou do golpe sofrido. Nem Portugal, a bem dizer. Basta acompanhar o folhetim deste último 11 de Março (de 2025).

segunda-feira, 10 de março de 2025

Deolinda


 

exemplo do que é um comentador tótó

 Luis Sancho no Facebook 

escreve o ressabiado:
"Não é preciso ir à bruxa para saber que a Ucrania se pode ir preparando para entregar 1/4 do seu território à Russia e que as républicas bálticas vão ter de se pôr a fancos. E o avanço da extrema-direita na Europa tambem não agoira nada de bom à causa. É só continuar a fazer-lhe as vontadinhas."


domingo, 9 de março de 2025

Os Ucranianos querem que a guerra acabe?

De acordo com um estudo da Gallup de agosto e outubro de 2024, 52 por cento Os ucranianos são a favor de um fim negociado para a guerra o mais rápido possível , enquanto 38 por cento acredita que deve continuar até a vitória completa . Isso representa uma mudança significativa de atitude em comparação a 2022, quando 73%. os entrevistados eram a favor de lutar até a vitória. Em 2023, 63% apoiaram a continuação dos combates e 27% se opuseram. os entrevistados apoiaram a necessidade de uma paz negociada.

Desde a agressão da Rússia contra a Ucrânia no final de fevereiro de 2022, a linha de frente permaneceu principalmente no leste e sul do país. Em 2022, as regiões mais expostas ao conflito foram as menos propensas a continuar a guerra, embora a maioria ainda a apoiasse (63% no leste e 61% no sul). Metade dos ucranianos que atualmente apoiam as negociações aceitariam algumas concessões territoriais como parte de um acordo de paz para acabar com a guerra, 38%. é contra, e 10 por cento não tem opinião. Entre aqueles que apoiam a continuação da luta em 2024, chegam a 81%. acredita que a vitória significa recuperar todos os territórios perdidos desde 2014, incluindo a Crimeia.

Também de uma pesquisa realizada neste verão. pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev em nome do Instituto Democrático Nacional, ao qual ele se referiu em outubro deste ano. O Financial Times mostra que 57 por cento Os entrevistados acreditam que a Ucrânia deve iniciar negociações de paz com a Rússia. Um ano antes, essa porcentagem era de 33%. O inquérito mostra que a guerra está a ter um impacto cada vez mais grave na sociedade ucraniana: 77 por cento Os entrevistados perderam um familiar, amigo ou conhecido (quatro vezes mais do que dois anos antes) e dois terços dos entrevistados disseram que era difícil ou muito difícil para eles viver com os ganhos da guerra.

Crise demográfica

A Ucrânia está passando por uma crise populacional dramática. De acordo com um relatório de Florence Bauer, chefe do Fundo de População das Nações Unidas para a Europa Oriental, 10 milhões de pessoas (25% da população) fugiram do país ou foram mortas como resultado do conflito. Além disso, a taxa de fertilidade caiu drasticamente – para um filho por mulher, a mais baixa da Europa e uma das mais baixas do mundo. Dados de 2023 mostram que a população dos territórios não ocupados caiu para cerca de 33 milhões, enquanto em 1991 a Ucrânia tinha 51 milhões de habitantes.

Yevgeny Golovakha, diretor do Instituto de Sociologia da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, disse em uma declaração à UNIAN que, de acordo com o cenário mais otimista, apenas 50% dos ucranianos retornarão à Ucrânia após o fim da guerra. Ucranianos que foram para o exterior. O pior prognóstico é que os homens que foram proibidos de deixar o país se juntarão às suas famílias no exterior após a guerra, que já se assimilaram lá. A Estratégia de Desenvolvimento Demográfico da Ucrânia prevê que até 2040 a população poderá cair para 28,9 milhões.

A guerra tem consequências imediatas e de longo prazo para a saúde pública. Pessoas podem ser mortas ou feridas como resultado de operações militares, ou sofrer problemas de saúde resultantes de traumas de guerra e falta de acesso a cuidados médicos adequados. Essas perdas afetarão a saúde mental de gerações inteiras. Experiências de guerra traumatizam a sociedade, e a destruição da infraestrutura e o declínio econômico dificultam o acesso a serviços psicológicos de alta qualidade. O Ministério Ucraniano de Assuntos de Veteranos não tem experiência em cuidar dos cerca de 1,2 milhão de militares que lutaram desde 2014. As atividades realizadas em nome dos veteranos visam principalmente lidar com o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

De acordo com dados do Ministério da Saúde da Ucrânia de agosto deste ano. o número de pacientes com problemas de saúde mental dobrou em comparação a 2023. Pesquisas de mercado mostram que as vendas de antidepressivos aumentaram em quase 50%. a partir de 2021. Um estudo publicado na The Lancet sugere que 54 por cento Ucranianos (incluindo refugiados) sofrem de TEPT, 21 por cento experimenta ansiedade severa e 18 por cento altos níveis de estresse. A investigação do projecto reSCORE 2023 da Ucrânia mostrou que 27 por cento Os ucranianos se sentiram deprimidos ou profundamente tristes (em comparação com 20% em 2021, um ano antes da invasão em grande escala).

Previsões: O crime no pós guerra

O Dr. Andrew Cesare Miller, da Academia Naval dos Estados Unidos, em um artigo no Journal of Illicit Economies and Development, ressalta que durante a guerra há uma espécie de aliança entre o estado ucraniano e grupos criminosos nacionais, direcionada contra a Rússia . No entanto, isso é arriscado porque o Estado tem a obrigação de aplicar a lei, e grupos criminosos, por natureza, a infringem. A guerra fez com que alguns criminosos se aliassem ao Estado por vários motivos . “Somos ladrões, somos contra todos os países, mas decidimos que somos pela Ucrânia”, cita o Dr. Miller as palavras de um deles no The Economist (“Como a guerra dividiu a máfia”, 2023).

Quando a guerra terminar, essa aliança incomum deixará de existir porque o principal inimigo comum desaparecerá . O uso deliberado de grupos criminosos pode prejudicar as perspectivas da Ucrânia. Primeiro, pode minar a confiança no sistema de justiça e levar ao aumento do apoio a linchamentos, como aconteceu depois do Maidan. Em segundo lugar, se as autoridades não conseguirem conciliar a necessidade de garantir a segurança com a necessidade de aplicar a lei contra criminosos, seu uso na guerra pode ser uma faca de dois gumes para a Ucrânia.

De acordo com Vanda Felbab-Brown e Diana Paz Garcia, da Brookings Institution, diante da situação militar cada vez mais difícil da Ucrânia em 2024, a atual atitude "pró-Estado" dos grupos criminosos ucranianos pode mudar. Alguns deles podem acreditar que cooperar com os russos lhes permitirá proteger melhor seus interesses a longo prazo.

O Dr. Ivan Bogatyrev e Andriy Bogatyrev em seu artigo “Crime Organizado sob Lei Marcial” (publicado em junho deste ano nas revistas científicas da Academia Nacional do Serviço de Guarda de Fronteira do Estado da Ucrânia, em homenagem a Bohdan Khmelnytsky) apresentam uma previsão criminológica para o fim da guerra. Eles indicam que o crime organizado penetrará mais ativamente nas estruturas sociais e econômicas legais, aproveitando a redistribuição de empresas estatais, os ativos dos oligarcas russos e as terras de propriedade de propriedades agrícolas estrangeiras . Isso se aplicará especialmente aos bens de pessoas cobertas por sanções e que residem fora da Ucrânia.

As oportunidades para redes criminosas transnacionais desenvolverem contrabando também aumentarão, o que impactará negativamente a situação criminal e a segurança do país. A crise econômica nacional, o baixo poder aquisitivo da população, o alto desemprego, o apoio psicológico insuficiente para veteranos e sua falta de adaptação à sociedade, bem como a baixa assistência social para deslocados internos, podem encorajar muitas pessoas a se juntarem às fileiras do crime organizado.

Um aumento da criminalidade já está sendo observado nas regiões para onde a maioria das pessoas deslocadas se mudou . Em comparação com 2022, em 2023 a taxa de criminalidade aumentou na região de Ivano-Frankivsk em 35%, na região de Rivne – em 29,1%, na região de Zhytomyr – em 32%, na região de Kiev – em 26,8%, na região de Dnipropetrovsk – em 38,2%. Após o fim da guerra, o território do país será inundado com uma enorme quantidade de armas descontroladas e ilegais, incluindo aquelas originárias de: de esconderijos russos, da venda de armas por soldados que desejam enriquecer ou de sua entrada direta em gangues.

De acordo com o relatório do GI-TOC, estimativas oficiais colocam o número total de armas coletadas no campo de batalha em até 5 milhões . Muitas delas são armas russas ou soviéticas, originárias de lugares dos quais o exército russo se retirou caoticamente em 2022. Além disso, vários milhões de armas soviéticas, ocidentais e ucranianas, localizadas no país antes da agressão, não estão registradas. Atualmente, é praticamente impossível limitar o acesso a ele.

The Financial Express em novembro deste ano. Ele ressaltou que há preocupações crescentes nos Estados Unidos sobre a falta de relatórios da Ucrânia sobre o status e a quantidade de ajuda militar fornecida no conflito. Os legisladores dos EUA temem que armas sensíveis possam acabar no mercado negro ou em outras zonas de conflito. Especialistas enfatizam que o Pentágono não tem dados completos, e mais de 60 por cento. os equipamentos entregues não possuem números de série, o que dificulta o monitoramento efetivo.

O vice-ministro do Interior da Ucrânia, Leonid Timchenko, disse à Interfax-Ucrânia em novembro deste ano. afirmou que no terceiro ano da guerra, os crimes com armas de fogo aumentaram 42 vezes em comparação a 2021 . Em 2021, foram registrados 273 crimes desse tipo, em 2022 – 1.267 (4,6 vezes mais), e em 2023 já 11.186. Esse aumento é uma consequência lógica do comércio descontrolado de armas.

Também vale a pena prestar atenção à questão da corrupção. Após o fim da guerra, ela será associada às estruturas de poder que terão uma influência real na formação da política econômica do estado no processo de reconstrução de cidades e vilas destruídas pela guerra. Já em 2023, o número de crimes envolvendo apropriação indébita ou peculato aumentou (em 37,7%) e crimes de corrupção (em 42,5%). Um aumento na criminalidade também foi registrado nas regiões de fronteira com o estado agressor (região de Chernihiv +5,5%, Sumy +38,3%, região de Kharkiv +18,3%, região de Donetsk +17%, região de Kherson +22,3%, região de Zaporizhia +9,2%), onde a situação criminal está piorando e a taxa de detecção de crimes está diminuindo.

Após o fim da guerra, há uma grande probabilidade de conflitos sérios entre grupos do crime organizado com a participação de ex-militares sobre a redistribuição de esferas de influência e controle sobre o "negócio" recém-criado.


Problema dos Veteranos

Na Ucrânia, há actualmente mais de um milhão de pessoas a servir no exército e noutras formações paramilitares, das quais 300.000 são participa ativamente da luta. Sem programas de assistência adequados, o risco de criminalização dos soldados que retornam do front se tornará uma séria ameaça tanto para a Ucrânia quanto para os países vizinhos, especialmente a Polônia . Um problema adicional é a crença na corrupção generalizada entre políticos, administração e empresas, e a consciência de que parte da sociedade, enquanto lutava, tentava levar uma vida normal. O conflito de valores e experiências entre veteranos e civis pode levar a traumas profundos e tensões sociais.

Homens em idade de recrutamento que deixaram a Ucrânia para evitar o serviço militar podem enfrentar hostilidade de veteranos ao retornar. Além disso, haverá problemas para encontrar emprego. Soldados da linha de frente ucranianos recebem 100.000 hryvnia (aproximadamente 2.300 euros) por mês, enquanto o salário médio é de aproximadamente 20 mil. UAH (460 euros). Depois da guerra, pode ser um confronto difícil com a realidade para muitos deles.

O que o fim da guerra significará para as relações polaco-ucranianas?

Segundo Yurii Tokar, Cônsul Geral da Ucrânia em Wroclaw, mais de 950.000 Cidadãos ucranianos receberam um número PESEL polonês e atualmente residem na Polônia. Inicialmente, logo após o início da guerra, mais de 1,5 milhão deles chegaram. Deve-se notar, no entanto, que há uma zona cinzenta entre a diáspora ucraniana na Polônia e um número difícil de estimar de desertores se escondendo para evitar o recrutamento.

As atitudes sociais em relação aos ucranianos na Polônia também estão mudando. Pode-se até dizer que o crédito de empatia particularmente alto que existia em 2022 está lentamente se esgotando. Dois fatores influenciam isso. A primeira é a mudança repentina de rumo do presidente Zelensky nas relações com a Polônia e sua virada em direção à Alemanha, com suas declarações de 2023. A segunda é a questão não resolvida da exumação de poloneses assassinados durante o genocídio cometido por nacionalistas ucranianos na Volínia e na Pequena Polônia Oriental. O estereótipo negativo do “ucraniano-torcedor de Bandera” retorna cada vez mais frequentemente no espaço social. Além disso, fenômenos como entidades ucranianas comprando empresas polonesas e fechando-as para eliminar a concorrência despertam indignação pública.

O Instituto Econômico Polonês relata que em 2022-2023, cidadãos ucranianos estabeleceram 44,5 mil empresas na Polônia. atividades econômicas ativas. A origem do capital para seu desenvolvimento muitas vezes permanece desconhecida. Além disso, problemas não resolvidos relacionados à importação de produtos agrícolas ucranianos estão causando preocupação, resultando em uma série de protestos quase permanentes na fronteira entre a Polônia e a Bielorrússia.

Não se pode ignorar que em muitos círculos da sociedade há uma crescente insatisfação com os privilégios sociais disponíveis aos ucranianos que residem na Polônia. O fim da guerra pode significar que eles se tornarão mais fortes e não se deve descartar a possibilidade de conflitos, que em muitos casos podem ser totalmente violentos, com elementos de violência de ambos os lados.

Estamos a enfrentar uma nova onda de crimes violentos?

Segundo dados da Sede da Polícia (KGP), em 2023 estrangeiros cometeram 17.278 crimes na Polônia, o que representa 2,4 mil a mais. mais do que em 2022 e cinco vezes mais do que há uma década. Os perpetradores eram, na maioria das vezes, ucranianos (mais de 50% dos estrangeiros acusados), seguidos por georgianos (mais de 2,7 mil) e bielorrussos (mais de mil pessoas). Quase 1/3 dos casos envolvem dirigir sob influência de álcool.

Um dos maiores grupos de estrangeiros nas prisões polonesas são os georgianos. O Rzeczpospolita relatou que um em cada cinco crimes cometidos por estrangeiros na Polônia é cometido por georgianos. Seus grupos criminosos são especializados em assaltos, assaltos e invasões a casas de câmbio.

Dados do "Polsat News" e do "Rzeczpospolita" indicam que dos 8.940 estrangeiros que cometeram crimes na Polônia no primeiro semestre de 2023, 1.071 eram georgianos. Em 2022, 2.714 georgianos cometeram crimes. Considerando que em 2023 havia aproximadamente 27 mil pessoas na Polônia. Georgianos, isso significa que um em cada dez cometeu um crime. Há cada vez mais informações surgindo nas mídias sociais ucranianas de que as vítimas desses crimes são principalmente ucranianas.

O fim da guerra pode fazer com que muitos soldados ucranianos desmobilizados, especialmente das regiões orientais, decidam emigrar, temporária ou permanentemente. Eles incluirão pessoas com TEPT e problemas de adaptação à nova realidade. A Polônia, devido à sua grande diáspora ucraniana, será um destino natural para eles se reunirem com suas famílias. É possível que alguns deles não encontrem seu lugar no mercado de trabalho e, com o tempo, sejam criminalizados. Há também um risco real do surgimento de grupos criminosos compostos por soldados ucranianos desmobilizados que lutarão por influência com gangues georgianas, o que pode levar a conflitos sangrentos que lembram os brutais anos 1990 .

O New York Times escreveu em novembro de 2023 que várias centenas de colombianos – ex-soldados e guerrilheiros – lutam nas fileiras da Legião Internacional das Forças Armadas da Ucrânia. Após assinar um acordo de paz com as FARC em 2016, alguns deles perderam sua fonte de renda e procuraram um novo emprego. Alguns trabalhavam para cartéis de drogas e foram atraídos para a Ucrânia pelo dinheiro e pela adrenalina. Depois da guerra, eles terão que encontrar seu caminho em uma nova realidade. Portanto, é possível que eles estabeleçam contatos com grupos criminosos, incluindo cartéis de drogas, e tentem chegar à Polônia ou outros países europeus.

A Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional (GI-TOC) observa que a polícia ucraniana está começando a confiscar quantidades crescentes de armas (incluindo armas modernas fornecidas como parte da ajuda dos países da OTAN) acumuladas por grupos criminosos, principalmente na área de Lviv, localizada a apenas 70 km da fronteira com a Polônia . O alto nível de corrupção na Ucrânia e a instabilidade política e econômica após a guerra criarão excelentes condições para aquisição ilegal e contrabando de armas. A Polônia, devido à sua localização, pode se tornar uma das principais rotas de transferência. O chefe do Gabinete Central de Investigação da Polícia, Inspetor-Chefe Cezary Luba, já em maio deste ano. - em uma entrevista para InfoSecurity24.pl - ele disse que os serviços poloneses estão se preparando para a situação após o fim da guerra, esperando problemas semelhantes aos que ocorreram após as guerras nos Bálcãs.

O crime organizado ucraniano buscará oportunidades para lavar dinheiro. Os países bálticos onde tais operações foram realizadas até agora se tornaram menos seguros, então esses grupos buscarão novos mercados e instituições financeiras. Não se pode descartar um aumento da entrada de "dinheiro sujo" no sistema bancário polonês . Isso representará um enorme desafio para os serviços que combatem crimes financeiros na Polônia.

Até a eclosão da guerra em fevereiro de 2022, criminosos russos e ucranianos, juntamente com a diáspora criminosa judaica de língua russa, formavam o ecossistema criminoso mais forte da Europa, que foi criado na primeira metade da década de 1990. Ele controlava uma rota de contrabando transnacional extremamente lucrativa entre a Rússia e a Europa Ocidental, transportando ouro, madeira, tabaco, carvão, produtos falsificados e isentos de impostos, pessoas e drogas. O fim da guerra pode significar que, seguindo o princípio de "negócios como sempre", haverá tentativas de restaurar esse ecossistema.

Os serviços especiais e a polícia polonesa terão que enfrentar as ameaças acima. Atualmente, confiando principalmente em informações da mídia, os oficiais poloneses têm pouco conhecimento das diásporas ucranianas, georgianas e de outros países criminosos originários da antiga União Soviética . A maioria dos policiais que lidavam com grupos criminosos de língua russa se aposentou. Será necessário conhecimento de russo e ucraniano . Atualmente, não se sabe se policiais e agentes de inteligência estão adquirindo a habilidade de usar esses idiomas em preparação para a iminente onda de crimes. Sem o conhecimento deles, combatê-lo será muito mais difícil.

Crescente ameaça à segurança interna

O fim das hostilidades na Ucrânia pode significar que as ameaças à segurança interna aumentarão. No caso de um cenário particularmente desfavorável, como um "conflito congelado" ou uma "derrota da Ucrânia", poderia haver convulsões sociais violentas ou mesmo um conflito armado interno na Ucrânia, o que por sua vez desencadearia outra onda de refugiados que a Polônia não seria capaz de absorver . A humilhação resultante de um final desfavorável da guerra pode levar à radicalização de sentimentos nacionalistas e à busca por um inimigo substituto.

Deve-se supor que os serviços especiais russos já tenham preparado cenários para desestabilizar a região dos países que fazem fronteira direta com a Ucrânia. Muitas pessoas detidas na Polônia sob acusações de espionagem e preparação de ações de sabotagem para a Rússia são cidadãos ucranianos. Para essas tarefas, os serviços russos estão procurando contratados de ambientes de imigrantes ou criminosos, pessoas com problemas de personalidade ou que não conseguem lidar com a vida, e esse número aumentará drasticamente após o fim da guerra.

Daí surge a questão de saber se a polícia e os serviços especiais poloneses, levando em conta o estado frequentemente descrito de colapso de pessoal, serão capazes de lidar com os novos desafios e ameaças que inevitavelmente os aguardam.