O século XXI trouxe consigo uma série de mudanças tectónicas no cenário global, refletidas em parte pela ascensão de figuras políticas controversas e polarizadoras. Um nome que inevitavelmente surge nas discussões é Donald Trump, o 45º Presidente dos Estados Unidos. No entanto, como bem apontado por Rui Ramos, a figura de Trump é menos um agente de mudança e mais um reflexo de um mundo que já vinha mudando há algum tempo.
A eleição de Donald Trump em 2016 foi, para muitos, um choque no status quo da política mundial. Caracterizado por seu estilo inconvencional e políticas nacionalistas, Trump parecia introduzir uma nova era de incerteza e imprevisibilidade. Contudo, como Ramos sugere, o impacto de Trump não reside tanto nas suas ações individuais, mas sim na forma como ele tentou moldar o poder dos EUA para se alinhar com um mundo já em transformação. Este mundo se caracteriza por uma redistribuição de poder, onde a hegemonia ocidental enfrenta desafios crescentes de potências emergentes como a China e a Rússia.
Rui Ramos destaca que o problema não se limita a um único homem, mas sim à trajetória histórica que nos trouxe até aqui. A globalização, a revolução digital e as crises econômicas contribuíram para um cenário onde o papel tradicional dos EUA como superpotência é frequentemente questionado. As políticas de Trump, portanto, podem ser vistas como uma tentativa de resposta a essas mudanças, buscando reestabelecer a influência americana em um mundo cada vez mais multipolar.
Um ponto crucial levantado por João Marques de Almeida é que Trump não foi o único líderocidental a tentar dialogar com figuras controversas como Vladimir Putin. Antes dele, Emmanuel Macron, Presidente da França, viajou a Moscovo, e Olaf Scholz, Chanceler da Alemanha, conversou com Putin por telefone.
A guerra na Ucrânia tem sido um dos maiores focos de instabilidade na última década. Marques de Almeida menciona que o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky não deseja perpetuar o conflito. Essa posição ressalta a complexidade da situação, onde os líderes buscam soluções que evitem uma escalada maior, mas enfrentam obstáculos significativos tanto interna como externamente.
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O primeiro presidente do século XXI a causar um impacto profundo no cenário global pode ser visto como mais um produto das circunstâncias históricas do que como um criador delas. Trump, com todas as suas controvérsias, tentou moldar o poder dos EUA para um mundo em mudança, mas não foi o único a reconhecer a necessidade do diálogo em tempos de conflito. O cenário global atual é um reflexo de complexas dinâmicas históricas e políticas que continuarão a evoluir nos próximos anos.