quinta-feira, 27 de junho de 2024

o 25 de Novembro que a extrema-esquerda quer branquear

O podcast do Expesso com Henrique Monteiro, Lourenço Pereira Coutinho e o Vasco Lourenço.
Como agora todos parecem interessados no 25 de novembro, na sua verdade e importância, muitos aparecem cheios de novas verdades como que justificando os atos, imputando a culpa a uns e ilibando outros mas de uma maneira geral, acusando os mortos que sem defesa já não podem exercer o contraditório. Alguém ou alguns pouco interessados da verdade dos factos, desenvolveram ao longo de quase meio século uma teia aracniana bem ao nível dos carrapatos, espécie de artrópodes e que, quais aranhas de impenetráveis redes, tornaram difícil, mas não impossível outra interpretação que não a deles.

terça-feira, 25 de junho de 2024

Pagadoria de Promessas

 [Quando a esmola é grande...]

Muitas promessas do deputado André Ventura! 

domingo, 16 de junho de 2024

Pós europeias: O abandonar o do barco!

Os protagonistas são tão politicamente correctos que a reservo para "memória futura". Isto é, para depois das próximas eleições, quando os vir a abandonar o barco...

sábado, 15 de junho de 2024

confirmar se "Mr Costa goes to Brussels"

Eis o raciocínio de quem aposta em Costa. O PPE deverá continuar a ser o maior grupo político no Parlamento Europeu. Nesse caso, Von der Leyen deverá manter-se como Presidente da Comissão Europeia. Mesmo que não continue, e há quem diga que Biden gostava de a ver como a próxima Secretária Geral da NATO, a(o) próxima(o) Presidente da Comissão Europeia será do PPE (a família política de direita, do PSD e do CDS). […]
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Para Costa viajar para Bruxelas, há uma segunda eleição que é fundamental: as legislativas em Espanha em Dezembro deste ano. O mais provável será o PP ganhar, e Sanchez abandonar a presidência do governo espanhol. Quando se escolher o Presidente do Conselho Europeu, em Junho de 2024, Costa será assim o grande favorito. Nessa Cimeira, os líderes europeus vão escolher um socialista entre eles para presidir ao Conselho Europeu a partir do final de 2024. Desconfio que olharão para Costa e dirão “terás que ser tu, António.” […]

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Grupos políticos no Parlamento Europeu

PPE
- Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos)
S&D - Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu
Renew Europe - Grupo Renew Europe
Verdes/ALE - Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia
ECR - Grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus
ID - Grupo Identidade e Democracia
The Left - Grupo da Esquerda no Parlamento Europeu - GUE/NGL
NI - Não Inscritos
Outros - recém-eleitos não filiados em qualquer dos grupos políticos do Parlamento cessante

Composição do Parlamento Europeu baseada nos resultados nacionais finais ou provisórios disponíveis, publicados depois de concluída a votação em todos os Estados-Membros, com base na estrutura do Parlamento cessante.
Nos termos do Regimento do Parlamento, um grupo político é constituído por pelo menos 23 eurodeputados eleitos em pelo menos sete Estados-Membros.

terça-feira, 11 de junho de 2024

de onde vieram e para onde foram!

De onde vieram os 1.279.908 votos que mudaram o seu destino de 2019? 
Essencialmente de quem perdeu votos e, por ordem:
Bloco de Esquerda (-157.083 votos). Elegeu Catarina Martins, mas, com 168.010 votos, perdeu quase metade dos eleitores e um eurodeputado em relação a 2019, passou de 9,8% para 4,2% dos votos e tornou-se o 5º maior partido quando foi 3º nas europeias anteriores;
PAN (- 119.183). A votação passou de 5,1% para 1,2%, baixou de 5º para 9º maior partido e o número de votos teve uma queda para 48.032, menos de um terço do resultado das eleições europeias anteriores. Perdeu o único eurodeputado que tinha, o que na prática já tinha perdido após Francisco Guerreiro ter abandonado o partido um ano depois de eleito, conservando o cargo de eurodeputado;
CDU (-65.314). A coligação entre comunistas e Os Verdes manteve um de dois eurodeputados apesar de descer de 6,9% para 4,1% da votação. Com 162.731 votos passou de 4ª para 6ª força mais votada;
Nós Cidadãos (-30.395). O partido passou de 34.634 votos em 2019, quando foi liderado pelo ativista Paulo de Morais, para 4.239 este ano, ou seja, uma redução de 88% na votação. Passou de 9º maior partido em 2019 para 17º e último nesta eleição;
Ergue-te (-7.595). Era PNR em 2019 e obteve 16.135 votos, 0,5% do total. Agora baixou para 8.540 votos, quase metade, mas subiu de 12º para 11º na lista geral;
PTP (-4.106). O partido reduziu votação para 4.306, pouco mais de metade em relação a 2019, passou de 0,25% para 0,1% e manteve-se em penúltimo lugar, este ano 16º, entre os participantes às Europeias;
MAS (-1.533). Conseguiu 5.079 votos, reduziu de 0,2% para 0,1% da votação, mas subiu de último em 2019 para 14º este ano;
Partidos que não concorreram (-102.371). Este ano não concorreu o Aliança que, com Paulo Sande a liderar, tinha sido o 6º partido mais votado em 2019 com 61.652 votos, igual a 1,86% do total. Também ausente esteve o histórico PCTP MRPP que tinha obtido 27.211 e o 11º lugar. O PURP, que tinha obtido 13.508 votos, também não foi a votos este ano;
Brancos e Nulos (-150.811). A seguir ao BE, a redução mais significativa foi nos votos brancos que foram 4,25% dos votos em 2019 e agora desceram para 1,2%, numa quebra para apenas 47.420 deste tipo de indecisos, menos 93.224 relativamente a 2019. Também os votos nulos desceram 57.587 unidades para 30.512, baixando de 2,6% para 0,8% do total de votos.
Abstenção: A grande perdedora. (-640.717). Mais portugueses votaram em relação a 2019 entregando 3.948.361 votos e fazendo a afluência aumentar de 30,7% para 36,6% do total. Os inscritos também aumentaram 73.380 pessoas para um total de 10.830.572. No entanto, a afluência em território nacional subiu para 3.916.668 votos, uma participação de 42,2%, maior que de 35,3% de 2019. Já a votação no estrangeiro, onde estavam inscritos 1.515.935 portugueses resultou numa participação de 29.727 votantes, uma abstenção de 98%. Ainda assim foi melhor que a abstenção de 2019 que atingiu 99%. Nesse ano, apenas votaram 13.406 pessoas de 1.400.322 inscritas.
Para onde foi exatamente cada um destes votos perdidos não se consegue apurar na análise numérica, mas verificando o sentido positivo dos mesmos 1.279.908 votos, é possível apontar para onde foram:
Chega (+337.232). Em 2019 o cabeça de lista da coligação Basta foi André Ventura, numa união transitória com pequenos partidos, enquanto esperava a aprovação do Chega. Nesse ano, o Basta teve 43.388 votos, 1,49% do total sendo o 8º maior partido. Em 2024, já como partido Chega, conseguiu o 3º lugar, multiplicou 9 vezes o eleitorado com 386.720 votos, igual a 9,8% do total e elegeu dois eurodeputados.
Iniciativa Liberal (+329.147). O partido conseguiu dois eurodeputados e passou de 29.114 votos em 2019 para 358.261 votos em 2024, 12 vezes mais. Há 5 anos foi a 10ª força mais votada e agora foi a 4ª;
AD +(298.089). PSD e CDS concorreram isolados em 2019, enquanto o PPM estava na coligação do Basta. Em conjunto obtiveram então 930.191 votos, 28,1% dos votos e conseguiram 7 eurodeputados. Este ano a votação atingiu 1.228.280, a percentagem do eleitorado foi de 31,1% e os eurodeputados mantiveram-se;
PS (+162.092). Ganhou as eleições com 1.266.786 votos e 32,1%, perdendo parte de eleitorado já que em 2019, tendo como cabeça de lista Pedro Marques, tinha conseguido 33,4%. Perdeu um eurodeputado, elegendo 8, e a diferença para a AD foi de apenas 38.506 votos.
Livre (+87.995). O partido da moda na extrema esquerda atingiu 148.441 votos, cerca de 2,5 vezes o número conseguido em 2019, então com Rui Tavares como cabeça de lista. Manteve-se como 7ª força mais votada, duplicando a parte do eleitorado para 3,8%;
ADN (+38.332). O partido apresentou-se com Joana Amaral Dias como cabeça de lista e ultrapassou o PAN e quatro outros partidos enquanto força política, triplicou os votos para 54.083 e a sua parte do eleitorado é agora 1,5%;
VOLT +(9.568). Em estreia nas Europeias o novo partido entrou diretamente para o 10º lugar com 9. 568, igual a 0,2% do eleitorado;
Novos partidos +(17.453): Três partidos, que não concorreram nas europeias em 2019, também obtiveram votos. A Nova Direita 6.446, o RIR 6.396 e o MPT 4.611.
Os dados de 2024 foram extraídos com 10.788.771 de um total de 10.830.572, por faltar apurar a votação em 10 consulados. A amostra foi assim de 99,6% dos votos possíveis mas, extrapolando de acordo com a abstenção verificada no estrangeiro, presume-se que ainda possam surgir apenas mais 420 votos válidos.

Algumas coincidências haverá. Juntos, Chega e Iniciativa Liberal obtiveram mais 666 379 votos que em 2019. A abstenção reduziu-se em 640.717. Tal como PS e Livre ganharam 250.087, enquanto BE e CDU perderam 222.397.

sondagens e resultados

 


segunda-feira, 10 de junho de 2024

candidatos, sondagens e resultados...

 


os mídia, os candidatos e os eleitores

Classificação dos candidatos pelos opinadores do Jornal Observador e os resultados da votação


Dia de Portugal

 

"Old soldiers never die, they simply fade away".

O "jogo virou" e o choque entre Montenegro e Ventura é “irreversível” ?

Primeiro, ostracizou-o com o “não é não”. Depois, ignorou-o durante a campanha. Contados os votos, deparou-se com a inevitabilidade de precisar dele no Parlamento. Os primeiros ensaios mostraram que tinha ali não um aliado circunstancial, mas um adversário declarado. Por isso, e no primeiro debate quinzenal que teve como primeiro-ministro, tentou definir as regras: André Ventura poderá ter 50 deputados, mas quem tem legitimidade para governar é ele; o “imaturo”, “birrento”, “sectário” e “infantil” líder do Chega terá de decidir se quer fazer parte da solução ou continuar a tentar fazer vergar o Governo – coisa que, garante-se, não conseguirá. E se Ventura quiser eleições antecipadas, pois que seja. Num e noutro partido, comenta-se a mudança de registo. A situação está a “agudizar-se” e o caminho é “irreversível”.
Mesmo num contexto de grande imprevisibilidade, o plano é para manter. Depois de 30 dias embrulhado em votações no Parlamento, Montenegro retomou a iniciativa política e despachou redução do IRS, o aumento do Complemento Solidário para Idosos, o pacote para a Habitação e o novo aeroporto. Em breve, no próximo Conselho de Ministros, serão aprovadas medidas para os mais jovens. Bem a tempo das eleições europeias, o que não será, seguramente, uma coincidência. A partir do Governo, acredita-se que a oposição está a ficar sem munições e que Montenegro a ganhar embalo. "O jogo virou."

"Já deu para perceber a atitude do PSD. É uma situação que anda a agudizar-se. O caminho que eles traçaram parece irreversível e o nosso também é", comenta com o Observador um influente deputado do Chega. "Não podemos passar a vida atrás deles. Temos noção que é irreversível. Eles fizeram uma opção e temos de seguir o nosso caminho. Perceberam que só tinham duas soluções: ou voltar atrás com a decisão ou acelerar. Provavelmente vão bater contra o muro, mas não é culpa nossa."

"À boleia da vossa birra do ‘não é não’, os senhores deputados não conseguem dizer sim ao interesse nacional, ao interesse das pessoas e isso transportou-vos para um reduto absurdo. Os senhores deputados só estavam mesmo preocupados com as cadeiras, com os tachos deste lado? Das duas uma: ou os senhores, apesar de não gostarem do meu compromisso do ‘não é não’, conseguem dizer 'sim' ao país, ou então estão hoje objetivamente mais próximos do pensamento e das propostas do PS do que das propostas deste Governo”, afirmou Montenegro no Parlamento.


Radialista da Radio OBSERVADOR, a nova tenebrosa máquina de propaganda!

Como já é habitual, apesar de o Partido CHEGA ter aumentado a votação em 1 milhão de votos e de ter passado de 12 para 50 deputados, alguns dos radialistas do Radio Observador continuaram a veneranda tarefa de se substituírem à defunta "tenebrosa máquina de propaganda do Partido Socialista".
O que é que um milhão e meio de eleitores pensarão da decisão editorial deste actor da chamada comunicação social que, um dia, lhes pediu e deles obteve, os meios necessários para continuar...

painéis e paineleiros!


Para comparar com os resultados das Eleições Europeias e tentar perceber quão próximos (ou quanto distantes) estão dos leitores/eleitores…
…e até que ponto foram a os querer condicionar !

há que comparar este com os resultados...

O candidato da Chega foi o que menos telespectadores reuniu nos debates televisivos. No extremo oposto surge João Cotrim de Figueiredo. 
A análise é da Dentsu/Carat para o +M. (Carla Borges Ferreira)

João Cotrim de Figueiredo foi o candidato com mais telespectadores nos debates organizados pelos canais generalistas no âmbito das eleições europeias. O cabeça de lista da Iniciativa Liberal obteve uma audiência média acumulada de cerca de 2,922 milhões de telespectadores, mais 266,6 mil do que o número de pessoas que acompanharam os debates nos quais participaram Marta Temido e Sebastião Bugalho, candidatos que estiveram presentes nas mesmas emissões.
Segue-se o cabeça de lista do Livre, Francisco Paupério, que foi seguido por 2,585 milhões de telespectadores, mais cerca de 22 mil pessoas do que o número de telespectadores que acompanharam os debates de Pedro Fidalgo Marques.
Na sexta posição surge João Oliveira, com uma audiência média acumulada de 2,405 milhões de telespectadores, mais 65,8 mil pessoas do que as somadas por Catarina Martins.
A fechar a tabela encontra-se António Tânger Correia, o candidato menos seguido nos debates. Com uma audiência média acumulada de 2,292 milhões de telespectadores, o cabeça de lista do Chega foi visto por menos cerca de 630 mil pessoas do que as que acompanharam o ex-líder da Iniciativa Liberal.
O debate mais visto das europeias, e o único que somou mais de um milhão de telespectadores, foi o primeiro que juntou na SIC e na SIC generalista os líderes da AD, do PS, do Livre e da IL.

sábado, 8 de junho de 2024

9 de JUNHO: a Prova do Algodão

[porque em 9 de Junho podemos corrigir ainda mais o 10 de Março]
Há que demonstrar aos alegados Jornalistas e aos pseudo comentadores da "imprensa a que temos direito" que os 50 eleitos do CHEGA não foram um erro de "casting". A exemplo de Portugal podemos retirar da Europa da Extrema Esquerda que a tem refém.
Das direitas conservadoras, já fazem parte o Fidesz, de Órban na Hungria e os polacos do Lei e Justiça;
Das direitas populares, o Rassemblement National, de Le Pen em França e a AFD alemã.
Os Fratelli d’Italia [tal como o CHEGA de Portugal] estão no meio caminho.
São diferenças naturais porque, ao contrário das esquerdas, fundamentalmente internacionalistas, as direitas, por serem nacionalistas e identitárias, variam de país para país. […]

Em Portugal, o fenómeno chegou mais tarde porque associando os valores da Direita ao Estado Novo vencido há cinquenta anos, a Esquerda [e a extrema-Esquerda] conseguiram manter uma forte hegemonia cultural, explorando os complexos de inferioridade e a ânsia de “correcção” das classes políticas dos partidos à direita do PS. […]
O sucesso do CHEGA – que, apesar da feroz oposição quase unânime dos media e da opinião publicada, conseguiu romper a cerca – foi ter aparecido como alternativa para um eleitorado desiludido e afastado da política (os abstencionistas), para parte significativa dos novos eleitores e para os desiludidos com a crise, a precariedade e a decadência da sociedade e do país.

Há que mudar a EUROPA

partido Identidade e Democracia no Parlamento Europeu

 afinal o que é que a Direita europeia quer?


sexta-feira, 7 de junho de 2024

a desmascarar a Descolonização Exemplar

o fim do Império : O QUINTO

O Imperio Português do Inicio ao Fim. Como o contar aos nossos ilhós e netos?

a maior maioria parlamentar de sempre

Nunca a Assembleia da República teve tantos partidos, e nunca tantos partidos pareceram ser afinal tão pouca coisa. Se não acreditam, reparem no que eles dizem uns dos outros. O PSD acusa o Chega de ser socialista, porque viabiliza as descidas de IRS do PS. O Chega acusa o PSD de ser socialista, porque vai fazer as obras de José Sócrates. O PS, como seria de esperar, não acusa o PSD e o Chega de serem socialistas, mas diz que são iguais, duas metades da mesma extrema-direita, por causa da lei da imigração.
Confuso? Bem-vindo ao admirável mundo novo criado pelas linhas vermelhas.

A 10 de Março, Luís Montenegro ficou perante a maior maioria de direita de sempre. Mas a esquerda exigira-lhe que excluísse o Chega, e ele submeteu-se a essa exigência. Acabou também por excluir a IL, e começou assim a governar, transformando a maior maioria parlamentar de sempre numa das mais pequenas minorias governamentais de sempre.

A partir daí, tinha de acontecer o que está a acontecer. Ninguém espera que o governo, com um pedestal tão incerto, dure muito. Todos pensam em eleições, e é para isso que trabalham. O Chega na oposição vota ao lado do PS, porque precisa de desarmar o governo e de pôr a sua marca em tudo o que seja benefício que seduza eleitores, por mais que possa abalar o orçamento. O PSD não vota ao lado do PS, mas faz mais: imita, no governo, o PS. Também era previsível: foi o PS, nas últimas décadas, quem ensinou como ganhar eleições e mandar em Portugal. Aspirando ao mesmo, o PSD segue naturalmente o sistema socialista. Tal como o PS, também o PSD tenta segmentar e clientelizar o eleitorado, como fez com os seus privilégios fiscais para jovens. Tal como o PS, também o PSD simula um dinamismo económico que não existe, através do fogo de artifício de terceiras pontes, novos aeroportos, e demais brinquedos que José Sócrates costumava tirar da manga. Tal como o PS, também o PSD se propõe fomentar a dependência da comunicação social em relação ao Estado, com a esperança talvez ingénua de virar a seu favor o culto que os comentadores televisivos devotaram durante anos ao poder socialista.

Não, não acho que o Chega, o PSD ou a IL sejam afinal socialistas. Mas o que um partido é não depende apenas da sua ideologia, mas das circunstâncias que criou ou lhe impuseram. Separados pelo muro que a esquerda lhes soube infligir, os partidos da direita estão condenados, na oposição e no governo, a seguir a cartilha socialista. Depois da geringonça de 2015, as linhas vermelhas foram a segunda grande invenção da esquerda para bloquear reformas em Portugal. Ao dividirem a maioria de direita, impedem que se experimente outro tipo de governação, para o qual seria necessário um apoio parlamentar assim inviável. As linhas vermelhas são o nosso Groundhog Day político: já não é o PS que está no governo, mas Portugal continua a ser governado segundo a política socialista de domínio do Estado e da sociedade.

Sabemos onde o governo socialista deixou o país. Recorrendo aos mesmos métodos, o actual governo não tirará o país de onde os socialistas o deixaram. Este é um PSD que, por causa das linhas vermelhas, está destinado a ter mais a ver com António Costa e José Sócrates, do que com Cavaco Silva ou Pedro Passos Coelho. Mas que importa isso? As sondagens já trespassaram a Luís Montenegro a popularidade que antigamente parecia pertencer sempre a António Costa, acontecesse o que acontecesse. Está tudo a correr bem. O PSD já tem o seu António Costa. Em breve, terá a sua Marta Temido, o seu Eduardo Cabrita, e o seu João Galamba. É pena, porque talvez pudessem ter sido outra coisa.

Relatório para abafar


O relatório preliminar da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da TAP surpreendeu o mundo político, e não só; até o PS está dividido, como o prova a troca de mimos entre Pedro Adão e Silva e Lacerda Sales; "Este projeto de relatório é uma vergonha democrática"; 
"O que se passou na TAP [com o PS] foi um crime político e financeiro", Luís Montenegro.

quinta-feira, 6 de junho de 2024

arrancam as eleições em que a extrema direita deverá ganhar peso

Alemanha
A acrimónia contra os políticos acontece num momento em que metade dos alemães diz ter pouco ou nenhum interesse nas eleições para o Parlamento Europeu, e dois terços afirmaram estar “bastante insatisfeitos” com as políticas da UE, segundo a mais recente sondagem Infratest Dimap para a ARD. Os mais insatisfeitos, sem surpresa, são os eleitores predispostos a votar na extrema-esquerda (a Aliança Sahra Wagenknecht, BSW, o novo partido crítico das políticas de migração e pró-russo deverá estrear-se com um resultado à volta de 6%) e na extrema-direita (com 15%, a AfD disputa o segundo lugar com os sociais-democratas do SPD e os Verdes). A imigração, a política de asilo e de integração são os maiores desafios da UE para 41% dos inquiridos alemães, seguido dos conflitos internacionais (34%), proteção ambiental e climática (21%) e a economia (20%).


Os democratas-cristãos da CDU/CSU deverão reforçar a votação de forma marginal. Ainda assim, será um resultado que, a confirmar-se, reforça o grupo político do Partido Popular Europeu de Manfred Weber - o candidato oficial em 2019 à presidência da Comissão - e de Ursula von der Leyen, que acabou ficar com o cargo executivo de topo nas instituições europeias. Mas se se tiver em conta que a coligação governamental de sociais-democratas, verdes e liberais acumula divergências de fundo, a CDU/CSU não capitaliza o descontentamento.

Espanha
Os ânimos estão exaltados em Espanha, onde Begoña Gómez, a mulher do primeiro-ministro Pedro Sánchez, foi ouvida em tribunal na qualidade de investigada num caso de tráfico de influências e corrupção em resultado de uma queixa de uma organização de extrema-direita. Sánchez diz ser vítima de uma “montagem grosseira” e o Partido Socialista (PSOE) tenta mobilizar o eleitorado. O mesmo ocorreu do lado dos conservadores do Partido Popular e da extrema-direita do Vox, tendo inclusive o porta-voz do PP comparado Sánchez a Donald Trump. Como é que este caso caído a dias das eleições poderá influenciar o eleitorado é uma dúvida que só se poderá responder no domingo.

Até agora, o PP de Alberto Núñez Feijóo -- que batalhou nos últimos meses, sem sucesso, contra a amnistia dos catalães secessionistas -- estava a liderar as sondagens e em comparação com as europeias anteriores, nas quais obteve 20,1%, se preparava para absorver o eleitorado do Ciudadanos (12,1%). À sua direita, o Vox poderá subir quatro pontos percentuais e chegar aos dois dígitos. Quanto aos partidos do governo, o PSOE deverá rondar os 30%, o que é uma quebra de três pontos em relação a 2019 e menos de dois pontos das eleições gerais do ano passado; e o Sumar terá cerca de metade da percentagem que obteve em 2023, 12,3%. Mas um em cada cinco eleitores estava ainda indeciso, pelo que a distribuição dos 61 lugares - a Espanha é um dos 12 estados-membros a ganhar representação, no caso dois eurodeputados - pode reservar alguma margem para surpresas.

França
Em 2019, a Reunião Nacional de Marine Le Pen obteve mais votos do que o partido de Emmanuel Macron - mas este apresentava-se pela primeira vez às eleições europeias e conseguiu o mesmo número de deputados que o partido de extrema-direita, 23.

Agora, as sondagens indicam que o jovem Jordan Bardella se apresta a encabeçar uma lista que deverá crescer cerca de dez pontos, para 33%, enquanto a candidata de Macron, Valérie Hayer, só entusiasma 15% dos inquiridos. A sua lista, Besoin d'Europe, está a curta distância do ressurgido PS, numa eleição em que os votantes parecem sobretudo exprimir a sua insatisfação para com o presidente da república e para o governo do seu partido, agora liderado por Gabriel Attal.

Itália
O fenómeno de popularidade Giorgia Meloni deverá confirmar-se, com a própria a encabeçar a lista do seu partido, Irmãos de Itália. O partido que mais sofre com a estratégia da primeira-ministra é a Liga de Matteo Salvini, também de extrema-direita. Nas anteriores europeias, a Liga obteve 34,2% e agora deverá receber 9%, enquanto os Irmãos de Itália deverão passar de 6,4% para 27%.

A confirmar-se, Meloni recebe uma dupla validação, a da agenda doméstica, onde prossegue uma agenda do seu campo político, e a da agenda externa, onde se mostra pragmática e seguidora de valores europeus, além de apoiante sem reticências da Ucrânia num país em que o político mais influente das últimas décadas, Silvio Berlusconi, era amigo de Vladimir Putin.

Polónia
É o primeiro teste para as forças pró-europeias da coligação de Donald Tusk, num país vizinho da guerra e cujo eleitorado escolheu em novembro passado travar o caminho isolacionista do Partido Lei e Justiça.

As sondagens apontam para um empate entre estes dois blocos e o antigo presidente do Conselho Europeu não fez por menos, ao afirmar num comício que a escolha é entre “quem quer afastar o drama da guerra” do seu país e de quem estava sempre em conflito com Bruxelas.

quarta-feira, 5 de junho de 2024