Em 21 de Julho de 2014 Cavaco Silva admite que a economia portuguesa pode ser prejudicada pela crise no Grupo Espírito Santo. O Presidente da República abordou pela primeia vez o assunto durante a visita à Coreia do Sul. Garantiu também que quem tem depósitos no BES pode estar descansado. 23 Dez 2015
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
"banca está blindada e segura" diz Rebelo de Sousa!
Em 29 de Junho de 2014,Marcelo garantia que a banca portuguesa está blindada e segura e que o desempenho do Governador do Banco de Portugal (Carlos Costa) é exemplar.
Um mês depois 'estourou' o BES e agora o BANIF. (por Sampaio da Nóvoa - publicado a 23/12/2015)
sábado, 12 de dezembro de 2015
a direita se tornou radical e a extrema-esquerda que ficou moderada…
Podemos não ter a melhor
direita da Europa, mas Portugal é o melhor país europeu em termos da direita
que tem. Tivéssemos uma esquerda igualmente tão boa, e seríamos um país bem
melhor.”
.
“Vários políticos e
intelectuais querem convencer os portugueses que a direita se tornou radical e
a extrema-esquerda, em dois meses, ficou moderada. A narrativa – como agora se
diz – apresenta António Costa como muito “humano” (até aparece na Caras), em contraste
com o “frio” Passos Coelho. Do mesmo modo, a “doce” Catarina e o “bonacheirão”
Jerónimo são mais “moderados” que o “maquiavélico” Portas. Até o Observador, na
mente conspirativa de Pacheco Pereira, se tornou uma publicação “da direita
radical”, apesar de ser dirigida pelo mesmo director que convidou Pacheco a
escrever no Público.
.
Na farsa que estão a
tentar vender aos portugueses, mais do que transformar a direita em
extrema-direita, estão a tentar criar a ideia que ser de direita é uma posição
extremista e radical. O que faria de Portugal um país único no mundo. O único
país sem uma direita democrática. Passa-se o oposto. A direita portuguesa é
absolutamente democrática, moderada e europeia. Mais, além da Espanha, Portugal
é o único país na Europa onde não há um partido extrema-direita. Para mim, uma
razão de grande orgulho no nosso país. Podemos não ter a melhor direita da
Europa, mas Portugal é o melhor país europeu em termos da direita que tem.
Tivéssemos uma esquerda igualmente tão boa, e seríamos um país bem melhor.”
As categorias políticas que se
aplicam em toda a Europa não servem para o nosso país. Para muitos (incluindo
alguns do “velho” PSD), Portugal tem dois partidos de esquerda (PCP e BE), dois
partidos de centro-esquerda (PS e PSD) e um partido do centro (CDS). Ou pelo
menos tinha sido sempre assim até Passos e Portas chegarem ao poder.
Se colocarmos os mesmos partidos no
Parlamento Europeu, vejam como o retrato fica muito diferente. O PCP e o BE
passam da esquerda para a extrema-esquerda (juntos no grupo mais radical de
esquerda e anti-europeu); o PS continua no centro-esquerda; e o PSD e o CDS
passam para a direita (ou centro-direita para as almas mais sensíveis).
Na semana que passou, assistimos a
dois exemplos que demonstram claramente onde estão os extremos políticos em
Portugal.
Comecemos em França. Ninguém tem
qualquer dúvida sobre o posicionamento político da Frente Nacional: é um
partido de extrema-direita. Na última semana, eu vi toda a direita portuguesa a
mostrar uma grande preocupação com o crescimento da Frente Nacional em França
(aliás, mostrou-o bem mais do que a esquerda).
Vamos agora para fora da Europa,
atravessando o Oceano Atlântico até à Venezuela. Encontramos um governo que
impôs um regime de violência política sobre o seu povo. Prendeu opositores
políticos, usa a força indiscriminadamente e restringiu a liberdade de imprensa.
Perdeu agora as eleições – com a oposição a alcançar uma maioria de 2/3 no
Parlamento – mas ameaça começar uma guerra civil. Desde as eleições, o
Presidente Maduro ainda não parou de citar Estaline, esse grande campeão da
democracia e da liberdade. Quem em Portugal apoiou com fervor e entusiasmo o
socialismo de Chavez? O PCP, o BE e muitos sectores do PS. O antigo
primeiro-ministro socialista Sócrates desenvolveu mesmo uma relação de
proximidade política com Chavez. Claro que agora, para a esquerda, é incómodo
falar da Venezuela.
.
Mas a Venezuela pode ainda tornar-se
um problema para o governo português. Existe uma grande comunidade portuguesa
no país, maioritariamente contra o governo de Maduro e a favor da oposição. O
que dirá o governo português se Maduro usar a violência e não respeitar os
resultados eleitorais? Será que há vozes no PS capazes de celebrar a vitória
das forças democráticas e condenar o regime chavista? E haverá alguma voz no BE
– só uma – que diga que se enganaram e que a experiência chavista foi um
desastre para a Venezuela? Haverá alguém no BE que pense pela sua cabeça e que
tenha alguma coragem? Eis a diferença entre a direita e a esquerda em Portugal.
A direita condenou sempre a Frente Nacional. Parte da esquerda defendeu e
apoiou Chavez e Maduro. Quem não entende esta diferença, não percebe a
importância da democracia. (por João Marques de Almeida no Observador)
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Ah, como é consolador sabermos que "a austeridade terminou".
O que é que o Costa diz de concreto
na entrevista?
Nada! Fiel a um hábito recente,
refugia-se num nevoeiro de palavras: "Há várias soluções possíveis e estão
a ser trabalhadas de forma a poder beneficiar o mais rapidamente possível um
maior número de contribuintes, mas dentro daquilo que são os limites da
capacidade financeira do Estado."
"Não temos condições
financeiras para eliminar integralmente a sobretaxa para todos os
contribuintes."
Isto é, uma das mais emblemáticas
promessas
eleitorais dos socialistas: não haverá a eliminação geral para metade
da sobretaxa do IRS no próximo ano e a sua eliminação integral em 2017. Haverá
portanto uma redução gradual.
(Enfim, nada
muito diferente do que tinha sido anunciado por Maria Luísa
Albuquerque.)
.
Ao que parece, a isenção abrangerá
de imediato os contribuintes com rendimentos colectáveis até sete mil euros por
ano. São 68% do total, mas pagam
apenas 67 cêntimos por ano, o que basta para se perceber até que ponto tem
sido feita demagogia em torno do "impacto social" da eliminação da
sobretaxa.
.
Como os contribuintes com mais
elevados rendimentos (acima de 80 mil euros anuais) são apenas 0,23% do total,
não restam dúvidas sobre os encargos adicionais que afectarão a classe média
(entre sete mil e 80 mil euros de rendimento colectável anual) para garantir o
equilíbrio das contas públicas em 2016… (por Pedro Correia in Delito
de Opiniao)
.
mas há mais, em papel e video: Promete
tudo o que era prometido pela Coligação de Direita, mas não deixa de usar os
nebulosos chavões eleitorais (que lhe ter dado imenso trabalho a decorar!) e
que levaram alguns ao canto desta sereia (sereio?):
- radicalismo ideológico,
- empobrecer o país,
- destruir emprego e empresas,
-etc. …
.
Lamento, não tenho culpa! Não votei
nem no Costa, nem nos seus BFF’s!
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
A ponta do iceberg e o resto
“Dir-se-á que não é para praticar
políticas de direita que está em funções um governo de esquerda. É
verdade. Digam-nos só de onde virá o dinheiro, daqui a alguns anos, para pagar
estas políticas que têm todo o aspecto de bombas-relógio. Ou ainda seremos tentados
a pensar que, se a austeridade é de direita, então a bancarrota é de esquerda.
…
Há um ano toda a gente diria que
António Costa seria hoje primeiro-ministro.
Mas há um ano ninguém sonharia que
ele o seria desta forma: perdendo uma eleição que só podia ganhar por muitos
mas conseguindo o apoio parlamentar com o BE e o PCP que lhe permite começar a
governar.
As regras do jogo são estas e não
adianta perder muito mais tempo nesta discussão.
A direita tem motivos para estar
irritada. Está irritada porque ganhou umas eleições para as quais partiu para
tentar perder por poucos, mas ainda assim não governa. E está irritada porque
fez o trabalho duro que tinha que ser feito e aqueles que levaram o país à
bancarrota acabam agora por voltar ao poder numa conjuntura muito melhor do que
a que deixaram há quatro anos.
…
Mais difícil será a percepção das
políticas que deixam facturas para pagar no futuro.
O regresso pleno das empresas de
transportes à esfera pública é um deles. A dívida que estas empresas acumularam
no passado foi um cancro e um fardo pesado para os contribuintes mas como
ficava fora do perímetro orçamental não era visível à vista desarmada. A
entrega destas empresas ao PCP e à CGTP – talvez a maior exigência dos
comunistas como moeda de troca para o apoio ao governo – vai fazer regressar
todos esses vícios. As greves que já estão marcadas para as próximas semanas –
em nome de quê? – não podiam ser mais elucidativas sobre isso.”
por isso
Digam-nos só de onde virá o
dinheiro, daqui a alguns anos, para pagar estas políticas que têm todo o
aspecto de bombas-relógio. (por Paulo
Ferreira no Observador)
os novos “BFF’s” ou os “sound bytes” de Portas
...se a ideia era espicaçar a esquerda e o seu elo mais fraco a intervenção do líder do CDS esta quinta-feira não deixou margem para dúvidas: o alvo vai ser o PCP, que a direita acredita ser a corda mais fácil de roer, e o tom vai ser de ironia em torno do mais recente namoro entre António, Catarina, Jerónimo, Heloísa, todos à volta de António, e todos no flirt entre si.
...
“Estão escolhidos os seus BFF’s (best friends forever, em linguagem juvenil), dependendo deles o primeiro-ministro ficará ou cairá. É a vida”.
...
“Os socialistas cederam “em leasing” ao PCP, cederam a política de Educação à Fenprof e cederam os transportes metropolitanos à CGTP. Cederam os baldios, a Casa do Douro, e cederam ao fazer na Assembleia os “agendamentos necessários aos interesses do PCP”.
“Veremos se o Governo estará ao serviço da economia ou ao serviço do PCP”.
...
“Só vocês não dão conta de que a CGTP utiliza as empresas públicas de transportes para sequestrar políticas legitimamente votadas pelo povo em eleições, para paralisar a economia, organizar greves em cascata e transformar a vida dos cidadãos e das famílias num inferno”
…
E se a ideia pareceu ser espicaçar a esquerda, a verdade é que o consegui. Sempre com barulho de fundo e paragens constantes do “orador” (como o Presidente da Assembleia repetidamente lhe chamou) precisamente para se deixar ouvir o ruído, vários eram os à parte que se faziam ouvir das bancadas do PCP e BE.
mas
No final, no entanto, a maioria de esquerda optou por não fazer nenhum pedido de esclarecimento a Paulo Portas
...
“Estão escolhidos os seus BFF’s (best friends forever, em linguagem juvenil), dependendo deles o primeiro-ministro ficará ou cairá. É a vida”.
...
“Os socialistas cederam “em leasing” ao PCP, cederam a política de Educação à Fenprof e cederam os transportes metropolitanos à CGTP. Cederam os baldios, a Casa do Douro, e cederam ao fazer na Assembleia os “agendamentos necessários aos interesses do PCP”.
“Veremos se o Governo estará ao serviço da economia ou ao serviço do PCP”.
...
“Só vocês não dão conta de que a CGTP utiliza as empresas públicas de transportes para sequestrar políticas legitimamente votadas pelo povo em eleições, para paralisar a economia, organizar greves em cascata e transformar a vida dos cidadãos e das famílias num inferno”
…
E se a ideia pareceu ser espicaçar a esquerda, a verdade é que o consegui. Sempre com barulho de fundo e paragens constantes do “orador” (como o Presidente da Assembleia repetidamente lhe chamou) precisamente para se deixar ouvir o ruído, vários eram os à parte que se faziam ouvir das bancadas do PCP e BE.
mas
No final, no entanto, a maioria de esquerda optou por não fazer nenhum pedido de esclarecimento a Paulo Portas
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Manuel Pinto Machado
acabou o NRP Cacine
no ultimo post o Manel escreveu:
Ainda
à tona
Na verdade a
Cacine ia-se afundando pois foi abalrroada mesmo a meio navio por um objecto
estranho e raro chamado Eaton-Lambert.
conseguimos
sobreviver graças aos muitos amigos que nos conseguiram localizar e visitar.
Encontrámos agora a filha do comandante e este velho emissor para mandar esta
solitária mensagem de sobrevivência e aviso à navegação.
Até breve e
obrigado.
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
O Movimento de Esquerda Socialista (MES) no 25 de Novembro
Compreende-se, com este post, porque
a AR não quis comemorar o 25 de Novembro, isto é, porque esta maioria de
esquerda que conta com o PS, não quis comemorar a data em que este País
readquiriu a liberdade que estava coartada pelos comunistas e restante chusma.
Ferro Rodrigues, em 24Nov75, era um
praça no Regimento de Abrantes e foi quem se dirigiu à unidade de
paraquedistas, em Tancos, para se inteirar das intenções destes para a
"revolução" do dia seguinte.
Na noite de 24 de Novembro de 1975,
enquanto os militantes do Partido Comunista, do Couço a Grândola enchiam as
cartucheiras e aqueciam os motores das camionetas para vir participar na
revolução, em Lisboa, juntamente com o Ralis, Copcon e os paraquedistas
chefiados por sargentos, além dos civis a quem tinham sido previamente
distribuídas armas, Eduardo Ferro Rodrigues, radical do MES, organizava os SUV
(Soldados Unidos Vencerão) do Regimento de Infantaria n.º 2, de Abrantes, para
rodar sobre a capital. Antes da meia-noite, e apesar da relação de forças
favorável à instauração de uma ditadura do proletariado, o Politburo soviético
ordena a Cunhal que pare e este, como sempre, obedece, com a garantia de Melo
Antunes, do Grupo dos Nove, num encontro em casa de Nuno Brederode Santos (da
fação moderada do MES), de que o PC não seria ilegalizado. Os russos já estavam
satisfeitos com a independência de Angola, proclamada pelo MPLA em 11 de
novembro de 1975, e não queriam abrir mais uma guerra civil, de resultado provavelmente
funesto. A aventura de criar um reduto comunista na ponta da Europa ocidental
havia terminado. A embaixada soviética em Lisboa evacuou cerca de uma centena
de conselheiros de inteligência e militares e Cunhal recebeu, como prémio de
obediência, a Ordem de Lenine. Ferro Rodrigues, Vieira da Silva e o seu grupo,
continuaram no MES, cada vez mais radicalizado, apesar de progressivamente
esvaziado por consecutivas dissidências. Chegam ao PS em 1986, sem nunca terem
renegado os princípios marxistas e os fins leninistas. (por António Balbino Caldeira no
a bem da nacao)
terça-feira, 24 de novembro de 2015
Mais uma vez! Vou voltar a ser “radical e irresponsável”…
Já sabíamos que só a esquerda pode
governar em Portugal. Vamos começar agora a descobrir que também só a esquerda
pode indignar-se e fazer oposição. Os outros são sempre radicais e
irresponsáveis. (Rui
Ramos in Opiniao)
Aquilo a que tenho chamado a
imprensa a que temos direito vai encarregar-se disso e, até poderá vir a
acontecer que, mais uma vez, me proibam o epíteto…
Mas amanhã é
“O 25
de Novembro de 1975 que foi uma derrota para a esquerda política e para a
esquerda militar. Em todo o caso, foi apenas uma derrota relativa — devido ao
papel moderador de Costa Gomes, Melo Antunes, Vasco Lourenço e, nalguma medida,
de Ramalho Eanes, também.
Foi
uma derrota porque o 25 de Novembro impediu o prosseguimento da revolução no
sentido do projecto de sociedade da esquerda política e que, à parte as
particularidades nacionais, era na essência, igual ao da sociedade comunista de
Leste. Derrota por que afastou o PCP do Governo e de um modo geral dos órgãos
do poder de Estado, porque impediu a estabilização de conquistas da revolução
já adquiridas, tais como a Reforma Agrária, as nacionalizações, etc.
Para
o PCP, o 25 de Novembro também pode ser considerado uma vitória no sentido em
que uma pessoa que parte uma perna tem imensa sorte por não ter partido as
duas.
O 25
de Novembro representa uma vitória parcial porque o PCP não foi ilegalizado,
como alguns pretendiam, e pôde viver em democracia, numa democracia que, como
se sabe, o comunismo nunca facultou aos seus adversários.” (adapt
de Memórias
do Presente)
Mas o
25 de Novembro, foi uma vitória completa, para o PCP e para a esquerda política,
quando a democracia e os democratas lhes deixou abertas as portas do
sindicalismo e, principalmente, da imprensa a que temos direito, onde colocou
todos os seus peões e ostracisou, quase todos, quantos pensavam e escreviam
diferente.
Basta
olhar para as chamadas “redes sociais” para verificarmos que, nos últimos dias,
os idiotas-úteis começaram a sair das tocas e como é das nep’s iniciaram o seu
trabalho de lavar-nos os cerebros com imagens, de photshop, e cartoons,
enquanto os “ideólogos”, que vivem em buracos mais fundos, não aparecem a
missionar-nos.
.
de
qualquer modo não esqueçam a minha maxima:
- uma
vez no poder a esquerda só de lá sai pela força e não se o voto será arma
suficiente!
mas sei
que até na politica “a natureza se defende” …
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
O terrorista não é uma marionete?
Não é por acaso que após os
atentados terroristas vivemos uma sensação de desconcerto, como se não fosse
justo nem lógico fazerem-nos aquilo. Na verdade para nós não é. Mas só para
nós. Do ponto de vista do terrorista não só tudo aquilo faz sentido como é
lógico: são actos tácticos de uma estratégia com objectivos próprios.
O terrorista não é uma marionete
puxada pelos fios dos actos presentes e passados dos outros.
Muito menos é alguém que buscando os
mesmos objectivos de justiça dos não terroristas apenas se enganou no caminho.
O terrorista existe independentemente de nós.
Recordo como este exercício de ver o
terrorista como um resultado e não como um sujeito dotado de vontade própria
era particularmente penoso no caso dos atentados da ETA, em Espanha. Primeiro a
ETA matava por causa de Franco. Depois veio a Transição a ETA passou a matar
ainda mais (é exactamente durante a Transição que a ETA é mais mortífera: 84
mortos em 1979 e 93 em 1980) mas tal, dizia-se, explicava-se pelo combate à
herança do franquismo presente no aparelho de Estado. A Espanha tornou-se
democrática e a ETA continuava a matar militares, polícias, políticos e
empresários mas isso devia-se à ligação dos militares ao passado, dos polícias
à repressão, daqueles políticos à direita e dos empresários ao dinheiro.
A ETA continuava a matar.
Politicamente as balas entravam em nucas de direita e de esquerda.
Mas havia sempre uma culpa da
sociedade espanhola para explicar mais uma bomba e mais uma bala: eram os
presos da ETA que não podiam estar todos juntos na mesma prisão; era o tribunal
que os condenava; era o artigo no jornal que os tinha ofendido; o empresário
que não pagava o imposto revolucionário… E quando não se percebia que ligação
haveria entre a vítima e os seus verdugos aventava-se que a vítima podia ser um
informador. Ou um narcotraficante, porque a ETA queria o País Basco livre de
drogas.
A par dos atentados, a ETA
desdobrava-se em várias organizações legalíssimas e activíssimas no combate à
violência (das autoridades policiais, claro) e de promoção dos direito humanos,
(dos terroristas obviamente). Advogados, professores universitários e
jornalistas desdobravam-se, em Espanha e fora dela, em concentrações e
conferências de denúncia destes graves atentados à democracia. Ainda por aí andam
folhetos em que ilustres participantes portugueses se propunham mediar entre a
ETA e o intransigente Estado espanhol.
Até que a 10 de Julho de 1997 a ETA
sequestrou Miguel Ángel Blanco, um vereador do PP em Ermua, e deu dois dias ao
Governo, então presidido por Aznar, para reagrupar os presos da organização
(independentista e não terrorista, segundo boa parte dos orgãos de
comunicação). A 13 de Julho o cadáver de Miguel Ángel Blanco era descoberto e
nasceu o chamado Espírito de Ermua em que para lá do PSOE e do PP terem
estabelecido uma espécie de pacto de regime no combate ao terrorismo a
sociedade espanhola deixou de procurar as culpas das vítimas em cada atentado.
Resultado: a ETA foi derrotada.
Mas só a ETA, porque o discurso do
terrorismo, enquanto resposta automática e não como estratégia de vontade
própria, esse apenas mudou os protagonistas do seu enquadramento.
(em “O principado de Zouheir” no Observador por
Helena Matos)
sábado, 14 de novembro de 2015
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
Diz-me com quem andas...
Com a subida de António Costa ao
poder, as pessoas voltaram a mudar no PS.
Já não são os moderados e dialogantes
do tempo de Guterres.
Já não são os negociantes duvidosos
do tempo de Sócrates.
São uns trauliteiros que não
respeitam algumas regras elementares.
É inadmissível que António Costa não
tenha estado na posse do novo Governo.
Para lá da guerra das palavras, há
uma coisa que se chama ‘urbanidade’ e regular relacionamento institucional.
As pessoas que hoje rodeiam Costa
transmitem uma imagem que não se coaduna com a de um partido moderado.
Vejam-se as recorrentes tiradas de
Carlos César, o presidente do partido, e comparem-se com o que dizia Almeida
Santos ou mesmo Maria de Belém.
Veja-se a linguagem terrorista usada
por João Galamba ou Capoulas Santos, e compare-se com a dos dirigentes do tempo
de Guterres.
Vejam-se as intervenções de Ferro
Rodrigues, que mesmo na posse como segunda figura do Estado não foi capaz de
evitar uma postura agressiva e rezingona, totalmente contrária ao espírito da
função, com indirectas ao Presidente da República.
Vejam-se as caras de todos à saída
das reuniões com o Presidente da República: as expressões de António Costa,
Carlos César, Ana Catarina Mendes, Ferro Rodrigues…
Friso mais soturno era impossível.
Não foi por acaso que um certo tipo
de pessoas rodeou Guterres, outro tipo rodeou Sócrates e outro ainda rodeia
Costa.
António Costa é o espelho daquelas
pessoas que o rodeiam – ou vice-versa.
Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem
és.
terça-feira, 10 de novembro de 2015
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Um clima de guerra civil
Sábado, no Expresso, Henrique
Monteiro recordou como o país esteve perto de uma «guerra civil» há 40 anos.
No fim-de-semana, anterior, dois
colunistas tão diferentes como António Guerreiro e Sousa Tavares lamentavam o
«clima de guerra civil» que se instalou desde que António Costa anunciou a tentativa
de tomada do poder pela «esquerda unida».
A CGTP, que não consta ser parte do
acordo tri-partido liderado pelo PS, «marcou uma concentração em S. Bento para
o dia da votação de governo» que lembra a «muralha de aço» contra os governos
provisórios que lhes desagradavam e contra a Assembleia Constituinte de
1975-1976.
Perante o que se prepara, a maioria
dos opinadores continua às voltas com os preceitos constitucionais e as
tradições eleitorais do regime, fazendo de conta que não está em curso uma
convulsão política cujo final é imprevisível.
A inabilidade dos agentes visados
pela convulsão – o Presidente da República e a coligação PSD+CDS – foi enorme.
Quando se aperceberam do que estava em jogo, já era tarde.
O processo devia ter sido conduzido
de forma muito mais rápida, mais aberta e publicitada, não permitindo que os
interlocutores continuem a esconder o que se está a passar.
Cavaco Silva, que nunca interiorizou
o facto de ser o ódio de estimação da «esquerda», devia ter reunido todos os
partidos eleitos mal se conheceram os resultados provisórios e, logo que o PS
mostrou a intenção de transgredir a norma de «quem ganha, governa», podia e
devia ter convocado o Conselho de Estado e tornar públicas as opiniões dos
conselheiros. Nessa altura, as fissuras do PS teriam ficado à vista de todos, a
começar pelo presidente dos Açores, assim como a versão do Tribunal
Constitucional, até agora desconhecida.
O Presidente da Republica que sempre
teve fama de institucionalista revelou-se, sobretudo, um formalista e um crente
no «segredo». Agora, arrisca-se a ficar sem soluções e sem o respaldo
antecipado que a maioria dos conselheiros de Estado lhe teria dado,
possivelmente o próprio Marcelo que agora pretende sacudir a água do capote…
Ter-se-iam ganho semanas e evitado
ditar exclusivas contra quem quer que seja!
Neste clima político, nenhuma
solução é boa. Se o PR entregar o poder ao PS e aos seus pouco credíveis
aliados, facilmente se imagina o preço que a grande maioria da população irá
pagar. Se não entregar, confiando provisoriamente o governo a um «grupo de sábios»
que tome conta da situação até à eleição do próximo presidente da República,
não é difícil imaginar a violência da reacção dos rejeitados, mas as perdas
para o país seriam porventura menores e menos duradoras. (resumo do artigo de Opinião de
Manuel Vilaverde Cabral no Observador)
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
até a troika voltar com maioria absoluta...
…qualquer governo que resultar da
negociação pós-eleitoral vai ficar mal, faça o que fizer. Se cumprir as
promessas, verá a тройка regressar em breve; se tiver juízo e proceder como a
situação exige, é crucificado por engano aos eleitores que não perdoarão o
terrível choque quando a dureza da realidade for compreendida por um país
mergulhado em ilusão.
A culpa da ratoeira é do anterior
executivo, que mostrou incapacidade para realizar reformas verdadeiramente
sólidas e duradouras. Mas a esquerda não se pode dizer inocente, pois sempre
negou a emergência nacional e foi-se opondo violentamente até às tímidas
medidas ensaiadas.
Se a coligação PSD-CDS se mantiver
no poder, haverá uma certa justiça poética, sofrendo ela as consequências da
sua timidez reformista. Mas a situação mais irónica é a de um governo do PS.
Presidindo ao longo desequilíbrio que precipitou a crise e vendo-se forçado a
pedir ajuda externa, esteve na oposição durante a execução da austeridade.
Então fingiu hipocritamente opor-se às medidas indispensáveis.
Quando a expectativa se mostrar
cruelmente falsa, o governo anterior, agora na oposição, dirá credível mas
hipocritamente que deixou o país em boas condições, pelo que a culpa dos
sofrimentos, realmente inevitáveis, cabe toda à liderança de esquerda. A qual,
por sua vez, carrega dois problemas adicionais. O primeiro é a falta de
credibilidade junto de mercados e parceiros, seja pela sua aberrante composição
ideológica seja pelas promessas ilusórias que insiste em apregoar. O segundo é
que António Costa tem de enfrentar todas as dificuldades enquanto executa um
número de verdadeiro malabarismo político. Precisa de, com as duas mãos, manter
no ar, sem nunca se tocarem, pelo menos quatro bolas: PCP, BE, ala esquerda e
ala direita do PS, os inimigos mais irredutíveis da política portuguesa.
Por ilusão do povo e cobiça
política, estamos a entrar num período de surpresa e desilusão, até a troika
voltar com maioria absoluta. (in João César das Neves
no Diario de Noticias)
terça-feira, 20 de outubro de 2015
o Orçamento da "faneca"
Na economia, já não vamos ter o
"controlo público, nacionalização e redireccionamento do sistema
bancário", nem a "propriedade estatal", nem "uma política
de controlo público da propriedade bancária". Nem "uma política de
nacionalização do setor da energia", nem "o controlo público sobre as
empresas do setor", já nem "o capital público deve voltar a ser
maioritário na Galp, na EDP e na REN", e muito menos assistiremos à
"nacionalização da produção e distribuição da energia". Nem ninguém
já pensa em "devolver à esfera pública as empresas privatizadas,
concessionadas e subconcessionadas", ou sequer "renacionalizar as
autoestradas originariamente construídas sem custos para o utilizador
(Scut)". Nem se pense que a "a transportadora aérea nacional TAP deve
continuar a ser o que é, uma empresa pública".
E hoje, no Bloco, já ninguém quer
ouvir falar da "reestruturação da dívida" pública, nem da
"reestruturação da dívida das empresas de transportes", nem, no que
respeita à Madeira, de "um cancelamento de parte significativa da dívida e
à reestruturação da mesma".
O Tratado Orçamental é para ficar,
pois "a convocação de um referendo sobre o Tratado Orçamental" já não
"é um passo essencial", porque o Bloco já não é "uma esquerda
comprometida com a desobediência à austeridade e com a desvinculação do Tratado
Orçamental", porque se fosse queria "referendar o Tratado Orçamental
e iniciar um processo de reestruturação da dívida pública".
Nas relações internacionais, já não
vamos ter a "saída da NATO e ação diplomática pela extinção deste e de
todos os blocos militares", qual quê, nem a "denúncia do Acordo de
Cooperação e Defesa entre os EUA e Portugal e consequente imposição de uma
moratória aos EUA para que abandonem a Base das Lajes". Nem o Bloco de
Esquerda irá "pugnar pelo encerramento de todas as bases militares
estrangeiras na Europa". Nem o "fim das instituições da desregulação
liberal, como a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário
Internacional e o Banco Mundial". E muito menos é verdade que "o
Bloco irá persistir em derrotar o Tratado Transatlântico (TTIP)". Tudo
isto é passado.
E talvez o Bloco tenha exagerado
quando disse que o Programa Eleitoral do PS, "mesmo com delírio otimista
sobre a evolução económica, tem que manter a punição fiscal do trabalho,
penaliza a Segurança Social e liberaliza o despedimento para obedecer aos
critérios de Angela Merkel".
…
fontes bem informadas dizem que as
pontes estão criadas para que se mantenha a proposta bloquista de "criação
de um "cabaz de peixe" para venda direta de pescado variado,
permitindo (...) a valorização e escoamento de algumas espécies com menos valor
comercial e preços mais vantajosos para o consumidor". Disto ninguém
abdica - e parece que Bruxelas está disposta a aceitar (desde que não vá ao défice),
e o PCP também (desde que o preço seja tabelado). Os grupos técnicos dos dois
partidos discutem já quais as espécies baratuchas a incluir no cabaz e os
peixitos a excluir. Há dúvidas sobre a xaputa (sobretudo devido ao nome) e
sobre a tainha (sobretudo devido ao baixo valor nutricional), mas a faneca é
consensual no arco da constituição. Abaixo o queijo Limiano, viva o orçamento
da faneca.
Nota: todas as citações entre aspas
são retiradas do Manifesto Eleitoral do Bloco de Esquerda para as Legislativas
2015, apresentado em julho de 2015.
(in Opinião por João
Taborda da Gama )
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
a incomensurabilidade ou o “não trocar alhos por bugalhos”...
Ao longo do tempo fui tendo em
diversas ocasiões a mesma sensação de desconforto, e ainda bastante
recentemente isso aconteceu quando ouvi de vários comentadores políticos de
diversos quadrantes elogios à actuação de Mariana Mortágua na Comissão de Inquérito
ao caso BES. Como se qualquer posição expressa por um qualquer político pudesse
ser descontextualizada do resto das suas posições e avaliada isoladamente.
Volto a sentir o mesmo desconforto
no momento actual com a aparente facilidade com que se admite constituir uma
maioria de esquerda para governar, somando os votos dos respectivos partidos.
Não me estou a referir aos
dirigentes partidários dos partidos em questão, porque esses não me surpreendem
quando tentam chegar ao poder de qualquer maneira.
Refiro-me a alguns comentadores e a
gente comum. Somar os votos de partidos diferentes após as eleições pode ser
legítimo ou não.
No caso de partidos relativamente
próximos em termos de matriz ideológica, cultural, ética e de tradição não vejo
nenhum problema com isso. Já quando se trata de partidos com uma matriz
substancialmente diferente e que ao longo da sua história estiveram
frequentemente em barricadas opostas, como é o caso dos três partidos da
esquerda portuguesa actual, a minha opinião é outra.
A incomensurabilidade é um conceito
importante em ciência e filosofia. Diz-nos que não se podem comparar ou somar
de alguma forma coisas que são qualitativamente diferentes. Mas em política, a
julgar pelos nossos políticos e comentadores, tudo é comparável e todas as
diferenças são encaixáveis numa qualquer bitola comum. (in Isabel Soares no Observador)
sábado, 17 de outubro de 2015
o candidato!
“As eleições presidenciais
recordam-me o maior arrependimento que até hoje tive como eleitor: os dois
votos em Freitas do Amaral em 1986.
E sei que há muita gente na direita
portuguesa que sente o que sinto.
O passado de Rebelo de Sousa como
político não me tranquiliza completamente.
Como líder do PSD, alcançou duas
vitórias importantes, mostrou sentido de responsabilidade com a abertura para
chegar a acordos orçamentais num momento crucial para Portugal – preparava-se a
adesão ao Euro.
Mas o fim foi um desastre:
O modo como a coligação
pré-eleitoral entre o PSD e o CDS terminou deixa más memórias e não ajuda a
ganhar confiança.
Sobretudo porque Rebelo de Sousa
construiu uma imagem de alguém que olha para a política como um divertimento e
um jogo de tácticas permanentes. Parece ser um político que não resiste a uma
maldade se isso o divertir, mesmo que estejam coisas mais importantes em jogo.
Poderei estar a exagerar um pouco.
Mas se ele tem esta imagem, a culpa
não é minha.” (in João Marques de
Almeida no Observador
)
a lógica de cigano da Feira da Ladra!
... mas Costa continua a
insistir no mandar o Presidente da República ignorar quem ganhou as eleições,
porque
50,87% dos Portugueses não
quer a Coligação no Governo (e faz a conta: PS (32,38%) + BE (10,22%) + CDU (8,27%) )
terça-feira, 13 de outubro de 2015
“testamento” de um puto da Geração Erasmus…
…
“O nosso estatuto de Nação ocidental e europeia, defendido por um consenso transpartidário com quatro décadas, não estava em causa.
Para alguns, seria uma mão cheia de nada.
Para a Geração Erasmus, era um suplemento de resiliência: sentir que o regime que não vimos nascer também tinha nascido para nós.
Todos os que projectamos na propriedade o reconhecimento meritório do trabalho humano temos o dever de recusar o Governo aos prosélitos das nacionalizações.
Todos os que acreditamos na mobilidade social estamos obrigados a opor-nos a quem faz guerra à liberdade de escolha na educação e na segurança social.
Todos os que sentimos cair sobre nós as cinzas de um quarteirão nova-iorquino devemos barrar o caminho aos adversários do Ocidente.
Todos os que experimentámos o peso dos sacrifícios sentimos a obrigação de não os tornar irrelevantes.
Todos os que prezamos o pluralismo político, independentemente do nosso sentido de voto, somos chamados a defendê-lo.” (António Pedro Barreiro, 19 anos no Observador)
terça-feira, 15 de setembro de 2015
O PS tem um problema com os media
depois queixem-se…
Para o Partido Socialista, debater é “atacar”. Debater é “maltratar”. Debater é “provocar”.
Quem o diz é Ascenso Simões: ao ser confrontado com a possibilidade de o regressado Prós & Contras vir a debater a questão da partidarização da justiça, o ex-director da campanha de António Costa afirmou que, se a RTP não mudasse o tema programado para a noite de ontem, ele seria obrigado a concluir que “a RTP fez uma opção partidária, que nestas eleições optou por atacar o PS, maltratar os seus militantes e provocar os seus votantes”.
Não foi o único.
João Galamba: “O director de informação da RTP, Paulo Dentinho, só tem uma alternativa: demitir-se.”
José Lello: “A RTP está ao serviço da campanha do PSD/CDS.”
Edite Estrela: “É uma piada de mau gosto.”
Isabel Moreira: “A RTP é prostituída e o director de informação vai continuar em funções?”
...
Este coro de antigos e actuais socráticos não fala assim por acaso: é precisamente este o género de relacionamento com a comunicação social que foram cultivando ao longo dos anos, e só temos de lhes agradecer por fazerem o favor de nos lembrar disso em véspera de eleições.
...
O próprio António Costa já demonstrou em mais do que uma ocasião que convive mal com um certo tipo de
perguntas. Ainda na semana passada, ao ser entrevistado na RTP por Vítor Gonçalves, Costa teve uma atitude indescritível, tendo em conta o passado recente do PS, e dele próprio, nesta matéria. Confrontado com uma pergunta incisiva, inteligente e perfeitamente razoável – “dê-me dois ou três exemplos de diferenças substanciais entre a proposta política do PS em 2015 e a do PS em 2011” –, Costa respondeu a Vítor Gonçalves: “Eu estou a perceber que está aqui um bocado como porta-voz do Dr. Passos Coelho.”
...
Talvez não fosse má ideia o PS incluir John Stuart Mill e o clássico On Liberty no currículo das suas universidades de Verão: silenciar uma opinião constitui um roubo à humanidade.
...
O Prós & Contras limitou-se a propor à discussão uma questão levantada por Paulo Rangel. O medo que tantos socialistas revelam em debatê-la é, só por si, sintomático da consciência pesada que o PS tem no domínio da partidarização da justiça. Só mesmo isso pode explicar que se confunda um debate, onde haverá várias opiniões
em confronto, com um ataque ao PS e um frete ao Governo.
ps: vai um longo tempo em que, leccionando Ciência Politica num Curso de Comunicação Social, indiquei na “bibliografia” o On Lyberty and Other Writings de John Stuart Mill.
Confesso que na altura tive receio que os discentes o achassem desactualizado (1859).
É bom saber que alguns ainda se lembram.
(o titulo da versão portuguesa “A Liberdade” é uma estúpida tradução livre de “On Liberty” – Na Liberdade.)
já com 50 anos! E agora...
à laia de resumo para criar o apetite
de o ler na integra:
«Até hoje, em todas as reformas que
foram feitas, o princípio foi não tocar nas reformas em pagamento. Nos anos da troika o
Governo tentou fazê-lo, mas o Tribunal Constitucional nunca deixou. Como vai
ser no futuro?
Só a título quase anedótico e para
que entendamos o que nos prometem certos políticos. Em 2001, o ministro de
então, Paulo Pedroso, escrevia no Público que “com estas medidas e usando o
Fundo de Reserva, não haverá défice do subsistema previdencial antes de 2035 –
quando em 1998 se previa que ele ocorresse em 2013”. Em 2007 o seu colega de
partido Vieira da Silva fez nova reforma, esta sim mais a sério, e mesmo assim
o défice em 2013 do sistema previdencial foi de 1,4 mil milhões de euros…
“a reforma Vieira da Silva, uma
reforma do PS, já prevê o aumento gradual da idade da reforma em função da
evolução da esperança de vida, e esta continua a subir. A não existir uma
hecatombe nos sistemas de saúde, lá para 2035 a esperança de vida dos portugueses
já não deverá andar longe da que, automaticamente e via “factorde
sustentabilidade”, colocará a idade da reforma muito perto 70 anos.”
“consequência de uma reforma
socialista, a de Paulo Pedroso em 2001, confirmada em 2007 quando se
reformar, a sua reforma será proporcionalmente menor do que a que hoje recebem
os que se estão a reformar ou já se reformaram.”
Medina Carreira afirmou que o debate
público sobre as pensões "é uma trafulhice" uma vez que ninguém
explica aos pensionistas atuais e futuros o que vai acontecer e que é ainda
importante saber “o que é que este governo pensa e o que é que o PS pensa”
sobre o sistema.
“O PS diz que vai manter as pensões
em pagamento. Eu não sei o que é isto”, afirmou Medina Carreira, acrescentando
que o objetivo do programa programa dos socialistas é "convencer
os portugueses de que isto é assim porque mais do que isso não é possível neste
momento".»
É neste quadro geral que devíamos
estar a discutir o “plafonamento horizontal” proposto pela coligação e o dito
“plafonamento vertical” proposto pelo PS. Ambos retirariam dinheiro ao sistema
previdencial no curto prazo, se bem que de forma diferente, sendo que ambos
prometem devolvê-lo mais tarde. Por isso estas propostas exigem uma
análise prudente e não a demagogia que tem dominado o debate público. (por José Manuel Fernandes, 58 anos,
no Observador)
sábado, 12 de setembro de 2015
a figura central...
Dia 4 de Outubro, os líderes
partidários que vão a votos são Passos Coelho e António Costa mas a figura
central é Sócrates.
.
José Sócrates aplaudiu
euforicamente o desempenho do seu ex-número 2 António Costa e teve
boas razões para isso. Costa não só não se distanciou claramente das políticas
do Governo socialista que colocou Portugal no limiar da bancarrota como foi ao
ponto de “acusar” Passos Coelho de ter chamado a troika, esquecendo que foi
precisamente o Governo de José Sócrates quem a chamou a 6 de Abril de 2011,
depois de o ministro das Finanças Teixeira dos Santos ter assumido que o Estado
português estava prestes a entrar numa situação de ruptura de tesouraria,
ficando sem dinheiro para pagar salários e pensões.
.
Sócrates é, por direito e vontade
própria, a figura central das próximas eleições legislativas. Como reconheceu a insuspeita Fernanda Câncio num lúcido
artigo: “Não há, pois, volta a dar: Sócrates está no centro da campanha.
Porque os media querem, porque a coligação quer e, como a revelação, ontem, de
uma foto no interior da casa tornou inegável, ele quer.”
.
Sócrates tem razões para estar
agradado com o desempenho de Costa. A agressividade permanente de Costa na
entrevista fez lembrar o “animal feroz”, tendo-se aliás mantido na entrevista
conduzida por Vítor Gonçalves, com o líder do PS a procurar sistematicamente intimidar o jornalista da RTP,
em linha com o estilo de Sócrates.
.
Se, dia 4 de Outubro, António Costa
ganhar, será dado um importante passo para a reabilitação política de Sócrates.
E, se Costa perder, Sócrates terá, ainda assim, uma palavra a dizer no futuro
do partido.
Uma coisa é certa: as notícias sobre
a morte política de Sócrates foram manifestamente exageradas. (base artigo de opinão de André Azevedo Alves
no Observador )
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
foi o PSD quem chamou a troika!
Isaiah Berlin, inspirado por um
velho adágio grego, dividiu um dia os intelectuais em ouriços e raposas: a
raposa sabe muitas pequenas coisas, mas o ouriço sabe uma grande coisa. Passos
sabe uma grande coisa, Costa sabe muitas pequenas coisas. Uma das questões
para os portugueses é saber se, neste momento, lhes convém mais um ouriço ou
uma raposa..
Na manhã seguinte, porém, a vitória
já não parecia tão clara. Como as flores de certas plantas raras, não durou uma
noite.
Ganhar um debate, para quem precisa
de ganhar de qualquer maneira, não é complicado: basta fazer o indispensável
para que a claque se sinta à vontade ao clamar vitória. Há um truque:
estar sempre ao ataque, disparar sobre tudo, não parar de chutar à baliza. Nem
é preciso acertar: basta mostrar agitação. Foi o que Costa fez, aproveitando,
aliás, a previsível opção de Passos pela impassibilidade do estadista.
Entretanto, o país, pela voz dos
seus comentadores, declarava-se pouco “esclarecido”. O facto é que a situação
do país é tal que uma hora de debate nunca seria suficiente para o “esclarecer”.
Em 2011, pouca gente acreditara na
viabilidade do ajustamento. O sucesso, até por inesperado, impressionou: fez o
PSD e também o CDS aceitarem a “missão” de Passos. Hoje, os anti-passistas da
direita estão isolados, ou em trânsito para o PS. Passos pode permitir-se ficar
no mesmo sítio, sem variar os temas nem levantar a voz.
António Costa vive outra vida… A sua
expectativa, o ano passado, era ser acolhido consensualmente. Não o foi. Viu-se
forçado a andar pelos mais variados caminhos e atalhos. Aproximou-se e
afastou-se do Syriza. Arranjou Nóvoa, mas também Centeno. Grita contra a
“austeridade”, mas quer parecer responsável. Precisa de se distanciar de
Sócrates, mas não o pode renegar.
O debate desta semana confrontou
assim duas maneiras de ser. De um lado, Passos Coelho, mais ou menos rígido e
solene, avesso a aventuras, preocupado em lembrar o que lhe parece essencial,
com muitas explicações, embora por vezes sem eloquência nem rasgo, como durante
a segunda parte do debate. Do outro lado, António Costa, cheio de artes e de
artimanhas, desesperado, e portanto disposto a tudo, mas frequentemente sem
critério, como durante a primeira parte do debate, em que não evitou o ridículo
(“foi o PSD quem
chamou a troika!”).
(baseado no texto de Rui
Ramos no Observador )
http://observador.pt/opiniao/passos-e-costa-o-ourico-e-a-raposa/
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
análises ao debate Passos-Costa
O que realmente foi substantivo
neste debate foi a frase de Costa para Passos: “Porque não vai lá a casa
debater com Sócrates?” Nesse momento, no Bairro dos Actores, percebeu-se, e no
Largo do Rato também, que Costa não só deixou cair Sócrates como não está
disposto a perder um voto que seja por causa do antigo líder socialista. (Helena Matos)
António Costa tinha de ganhar. Mas
Costa, como certos artistas, não gosta de facilidades. Por isso, tornou as
coisas ainda mais difíceis para si próprio, ao começar com a negação de uma
série de evidências: qualquer governo teria feito crescer a riqueza sob o
programa de ajustamento; foi o PSD quem chamou a troika; para viabilizar a
segurança social, basta manter as contribuições. Passos foi, como sempre, muito
explicativo e não falou do que iria fazer, mas pôde desmontar quase tudo: o
decréscimo de riqueza em Portugal foi menor do que em outros países sujeitos a
ajustamento; foi o PS quem chamou a troika, porque o país não tinha
financiamento, e por isso também o PS, até 2011, cortou salários e aumentou
impostos; até o PS admite diversificar as fontes de financiamento da segurança
social. (Rui Ramos)
A que partido é que este debate
equivalente serviu mais? Passos Coelho tinha de ser claramente destronado, e
não foi. Mas Costa foi tão credível como o Primeiro-Ministro, mostrando-se à
altura do chefe de governo em todos os dossiers. (Marina
Costa Lobo)
Santo Deus, o que terá passado pela
fervilhante cabeça de António Costa? Não sei se o ouviram: troika, troika,
troika; e mais troika, troika, troika; e ainda, para quem tivesse abandonado a
sala por minutos para voltar a encher a chávena com café, troika. Quem suspirou
pela troika? Pedro Passos Coelho. Quem negociou com a troika? Pedro Passos
Coelho. Quem teve vontade de ir ao Bairro Alto tomar um copo com a troika?
Pedro Passos Coelho.
Já perto do final do debate, o líder
do PS ficou tão incomodado com as referências ao seu “ante-antecessor” (peço
desculpa, a palavra, se é que se pode chamá-la assim, não é minha) que
perguntou a Passos Coelho, com comovente indignação: “Porque é que não vai lá a
casa debater com José Sócrates?”. A resposta a essa angustiante pergunta seria
simples: porque, graças ao próprio António Costa, não é preciso. (Miguel
Pinheiro)
António Costa falou bastante menos
(cerca de 4 minutos menos), mas pareceu ter falado bastante mais. Melhor
indicador não é possível. Hoje as hostes socialistas terão uma noite de
alegria. As hostes da PàF devem estar a pensar que mais valia Passos Coelho
ter ido debater com Catarina Martins, guardando Paulo Portas para este
debate decisivo. Como representante da esquerda,
elegi o canal público. Se vos parecer que viram o debate diferente do meu
é porque, provavelmente, viram o debate num canal privado. (Luis
Aguiar Conraria)
Na forma António Costa esteve
melhor. Teve a iniciativa, foi mais eficaz no discurso e procurou, dentro do
possível, reagir ao passado que o ligava ao anterior Governo do PS.
No conteúdo, mais equilibrado porque
Passos conseguiu transmitir as principais mensagens que levava de forma mais
acutilante. Associar Costa a um regresso ao passado, relembrar a incerteza e a
posição do PS face à Grécia e colar à campanha do PS muitas promessas
populistas de que as pessoas já não acreditam. (Luís Bernardo)
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