quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Cavaco tenta tranquilizar depositantes do BES...



Em 21 de Julho de 2014 Cavaco Silva admite que a economia portuguesa pode ser prejudicada pela crise no Grupo Espírito Santo. O Presidente da República abordou pela primeia vez o assunto durante a visita à Coreia do Sul. Garantiu também que quem tem depósitos no BES pode estar descansado. 23 Dez 2015



"banca está blindada e segura" diz Rebelo de Sousa!


Em 29 de Junho de 2014,Marcelo garantia que a banca portuguesa está blindada e segura e que o desempenho do Governador do Banco de Portugal (Carlos Costa) é exemplar.
Um mês depois 'estourou' o BES e agora o BANIF. (por Sampaio da Nóvoa -  publicado a 23/12/2015)



sábado, 12 de dezembro de 2015

a direita se tornou radical e a extrema-esquerda que ficou moderada…

Podemos não ter a melhor direita da Europa, mas Portugal é o melhor país europeu em termos da direita que tem. Tivéssemos uma esquerda igualmente tão boa, e seríamos um país bem melhor.”
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“Vários políticos e intelectuais querem convencer os portugueses que a direita se tornou radical e a extrema-esquerda, em dois meses, ficou moderada. A narrativa – como agora se diz – apresenta António Costa como muito “humano” (até aparece na Caras), em contraste com o “frio” Passos Coelho. Do mesmo modo, a “doce” Catarina e o “bonacheirão” Jerónimo são mais “moderados” que o “maquiavélico” Portas. Até o Observador, na mente conspirativa de Pacheco Pereira, se tornou uma publicação “da direita radical”, apesar de ser dirigida pelo mesmo director que convidou Pacheco a escrever no Público.
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Na farsa que estão a tentar vender aos portugueses, mais do que transformar a direita em extrema-direita, estão a tentar criar a ideia que ser de direita é uma posição extremista e radical. O que faria de Portugal um país único no mundo. O único país sem uma direita democrática. Passa-se o oposto. A direita portuguesa é absolutamente democrática, moderada e europeia. Mais, além da Espanha, Portugal é o único país na Europa onde não há um partido extrema-direita. Para mim, uma razão de grande orgulho no nosso país. Podemos não ter a melhor direita da Europa, mas Portugal é o melhor país europeu em termos da direita que tem. Tivéssemos uma esquerda igualmente tão boa, e seríamos um país bem melhor.”
As categorias políticas que se aplicam em toda a Europa não servem para o nosso país. Para muitos (incluindo alguns do “velho” PSD), Portugal tem dois partidos de esquerda (PCP e BE), dois partidos de centro-esquerda (PS e PSD) e um partido do centro (CDS). Ou pelo menos tinha sido sempre assim até Passos e Portas chegarem ao poder.
Se colocarmos os mesmos partidos no Parlamento Europeu, vejam como o retrato fica muito diferente. O PCP e o BE passam da esquerda para a extrema-esquerda (juntos no grupo mais radical de esquerda e anti-europeu); o PS continua no centro-esquerda; e o PSD e o CDS passam para a direita (ou centro-direita para as almas mais sensíveis).
Na semana que passou, assistimos a dois exemplos que demonstram claramente onde estão os extremos políticos em Portugal.
Comecemos em França. Ninguém tem qualquer dúvida sobre o posicionamento político da Frente Nacional: é um partido de extrema-direita. Na última semana, eu vi toda a direita portuguesa a mostrar uma grande preocupação com o crescimento da Frente Nacional em França (aliás, mostrou-o bem mais do que a esquerda).
Vamos agora para fora da Europa, atravessando o Oceano Atlântico até à Venezuela. Encontramos um governo que impôs um regime de violência política sobre o seu povo. Prendeu opositores políticos, usa a força indiscriminadamente e restringiu a liberdade de imprensa. Perdeu agora as eleições – com a oposição a alcançar uma maioria de 2/3 no Parlamento – mas ameaça começar uma guerra civil. Desde as eleições, o Presidente Maduro ainda não parou de citar Estaline, esse grande campeão da democracia e da liberdade. Quem em Portugal apoiou com fervor e entusiasmo o socialismo de Chavez? O PCP, o BE e muitos sectores do PS. O antigo primeiro-ministro socialista Sócrates desenvolveu mesmo uma relação de proximidade política com Chavez. Claro que agora, para a esquerda, é incómodo falar da Venezuela.
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Mas a Venezuela pode ainda tornar-se um problema para o governo português. Existe uma grande comunidade portuguesa no país, maioritariamente contra o governo de Maduro e a favor da oposição. O que dirá o governo português se Maduro usar a violência e não respeitar os resultados eleitorais? Será que há vozes no PS capazes de celebrar a vitória das forças democráticas e condenar o regime chavista? E haverá alguma voz no BE – só uma – que diga que se enganaram e que a experiência chavista foi um desastre para a Venezuela? Haverá alguém no BE que pense pela sua cabeça e que tenha alguma coragem? Eis a diferença entre a direita e a esquerda em Portugal. A direita condenou sempre a Frente Nacional. Parte da esquerda defendeu e apoiou Chavez e Maduro. Quem não entende esta diferença, não percebe a importância da democracia. (por João Marques de Almeida no Observador)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Ah, como é consolador sabermos que "a austeridade terminou".

O que é que o Costa diz de concreto na entrevista?
Nada! Fiel a um hábito recente, refugia-se num nevoeiro de palavras: "Há várias soluções possíveis e estão a ser trabalhadas de forma a poder beneficiar o mais rapidamente possível um maior número de contribuintes, mas dentro daquilo que são os limites da capacidade financeira do Estado."
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"Não temos condições financeiras para eliminar integralmente a sobretaxa para todos os contribuintes."
Isto é, uma das mais emblemáticas  promessas eleitorais dos socialistas: não haverá a eliminação geral para metade da sobretaxa do IRS no próximo ano e a sua eliminação integral em 2017. Haverá portanto uma redução gradual.
(Enfim, nada muito diferente do que tinha sido anunciado por Maria Luísa Albuquerque.)
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Ao que parece, a isenção abrangerá de imediato os contribuintes com rendimentos colectáveis até sete mil euros por ano. São 68% do total, mas pagam apenas 67 cêntimos por ano, o que basta para se perceber até que ponto tem sido feita demagogia em torno do "impacto social" da eliminação da sobretaxa.
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Como os contribuintes com mais elevados rendimentos (acima de 80 mil euros anuais) são apenas 0,23% do total, não restam dúvidas sobre os encargos adicionais que afectarão a classe média (entre sete mil e 80 mil euros de rendimento colectável anual) para garantir o equilíbrio das contas públicas em 2016… (por Pedro Correia in Delito de Opiniao)
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mas há mais, em papel e video: Promete tudo o que era prometido pela Coligação de Direita, mas não deixa de usar os nebulosos chavões eleitorais (que lhe ter dado imenso trabalho a decorar!) e que levaram alguns ao canto desta sereia (sereio?):
- radicalismo ideológico,
- empobrecer o país,
- destruir emprego e empresas,
-etc. …
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Lamento, não tenho culpa! Não votei nem no Costa, nem nos seus BFF’s!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A ponta do iceberg e o resto

“Dir-se-á que não é para praticar políticas de direita que está em funções um governo de esquerda.  É verdade. Digam-nos só de onde virá o dinheiro, daqui a alguns anos, para pagar estas políticas que têm todo o aspecto de bombas-relógio. Ou ainda seremos tentados a pensar que, se a austeridade é de direita, então a bancarrota é de esquerda.
Há um ano toda a gente diria que António Costa seria hoje primeiro-ministro.
Mas há um ano ninguém sonharia que ele o seria desta forma: perdendo uma eleição que só podia ganhar por muitos mas conseguindo o apoio parlamentar com o BE e o PCP que lhe permite começar a governar.
As regras do jogo são estas e não adianta perder muito mais tempo nesta discussão.
A direita tem motivos para estar irritada. Está irritada porque ganhou umas eleições para as quais partiu para tentar perder por poucos, mas ainda assim não governa. E está irritada porque fez o trabalho duro que tinha que ser feito e aqueles que levaram o país à bancarrota acabam agora por voltar ao poder numa conjuntura muito melhor do que a que deixaram há quatro anos.
Mais difícil será a percepção das políticas que deixam facturas para pagar no futuro.
O regresso pleno das empresas de transportes à esfera pública é um deles. A dívida que estas empresas acumularam no passado foi um cancro e um fardo pesado para os contribuintes mas como ficava fora do perímetro orçamental não era visível à vista desarmada. A entrega destas empresas ao PCP  e à CGTP – talvez a maior exigência dos comunistas como moeda de troca para o apoio ao governo – vai fazer regressar todos esses vícios. As greves que já estão marcadas para as próximas semanas – em nome de quê? – não podiam ser mais elucidativas sobre isso.”
por isso

Digam-nos só de onde virá o dinheiro, daqui a alguns anos, para pagar estas políticas que têm todo o aspecto de bombas-relógio. (por Paulo Ferreira no Observador)

os novos “BFF’s” ou os “sound bytes” de Portas

...se a ideia era espicaçar a esquerda e o seu elo mais fraco a intervenção do líder do CDS esta quinta-feira não deixou margem para dúvidas: o alvo vai ser o PCP, que a direita acredita ser a corda mais fácil de roer, e o tom vai ser de ironia em torno do mais recente namoro entre António, Catarina, Jerónimo, Heloísa, todos à volta de António, e todos no flirt entre si.
...
“Estão escolhidos os seus BFF’s (best friends forever, em linguagem juvenil), dependendo deles o primeiro-ministro ficará ou cairá. É a vida”.
...
“Os socialistas cederam “em leasing” ao PCP, cederam a política de Educação à Fenprof e cederam os transportes metropolitanos à CGTP. Cederam os baldios, a Casa do Douro, e cederam ao fazer na Assembleia os “agendamentos necessários aos interesses do PCP”.
“Veremos se o Governo estará ao serviço da economia ou ao serviço do PCP”.
...
“Só vocês não dão conta de que a CGTP utiliza as empresas públicas de transportes para sequestrar políticas legitimamente votadas pelo povo em eleições, para paralisar a economia, organizar greves em cascata e transformar a vida dos cidadãos e das famílias num inferno”

E se a ideia pareceu ser espicaçar a esquerda, a verdade é que o consegui. Sempre com barulho de fundo e paragens constantes do “orador” (como o Presidente da Assembleia repetidamente lhe chamou) precisamente para se deixar ouvir o ruído, vários eram os à parte que se faziam ouvir das bancadas do PCP e BE.
mas
No final, no entanto, a maioria de esquerda optou por não fazer nenhum pedido de esclarecimento a Paulo Portas

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Manuel Pinto Machado

acabou o NRP Cacine
no ultimo post o Manel escreveu:

Ainda à tona

Na verdade a Cacine ia-se afundando pois foi abalrroada mesmo a meio navio por um objecto estranho e raro chamado Eaton-Lambert.
conseguimos sobreviver graças aos muitos amigos que nos conseguiram localizar e visitar. Encontrámos agora a filha do comandante e este velho emissor para mandar esta solitária mensagem de sobrevivência e aviso à navegação. 

Até breve e obrigado.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O Movimento de Esquerda Socialista (MES) no 25 de Novembro

Compreende-se, com este post, porque a AR não quis comemorar o 25 de Novembro, isto é, porque esta maioria de esquerda que conta com o PS, não quis comemorar a data em que este País readquiriu a liberdade que estava coartada pelos comunistas e restante chusma.
Ferro Rodrigues, em 24Nov75, era um praça no Regimento de Abrantes e foi quem se dirigiu à unidade de paraquedistas, em Tancos, para se inteirar das intenções destes para a "revolução" do dia seguinte.

Na noite de 24 de Novembro de 1975, enquanto os militantes do Partido Comunista, do Couço a Grândola enchiam as cartucheiras e aqueciam os motores das camionetas para vir participar na revolução, em Lisboa, juntamente com o Ralis, Copcon e os paraquedistas chefiados por sargentos, além dos civis a quem tinham sido previamente distribuídas armas, Eduardo Ferro Rodrigues, radical do MES, organizava os SUV (Soldados Unidos Vencerão) do Regimento de Infantaria n.º 2, de Abrantes, para rodar sobre a capital. Antes da meia-noite, e apesar da relação de forças favorável à instauração de uma ditadura do proletariado, o Politburo soviético ordena a Cunhal que pare e este, como sempre, obedece, com a garantia de Melo Antunes, do Grupo dos Nove, num encontro em casa de Nuno Brederode Santos (da fação moderada do MES), de que o PC não seria ilegalizado. Os russos já estavam satisfeitos com a independência de Angola, proclamada pelo MPLA em 11 de novembro de 1975, e não queriam abrir mais uma guerra civil, de resultado provavelmente funesto. A aventura de criar um reduto comunista na ponta da Europa ocidental havia terminado. A embaixada soviética em Lisboa evacuou cerca de uma centena de conselheiros de inteligência e militares e Cunhal recebeu, como prémio de obediência, a Ordem de Lenine. Ferro Rodrigues, Vieira da Silva e o seu grupo, continuaram no MES, cada vez mais radicalizado, apesar de progressivamente esvaziado por consecutivas dissidências. Chegam ao PS em 1986, sem nunca terem renegado os princípios marxistas e os fins leninistas. (por António Balbino Caldeira no a bem da nacao)

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Mais uma vez! Vou voltar a ser “radical e irresponsável”…

Já sabíamos que só a esquerda pode governar em Portugal. Vamos começar agora a descobrir que também só a esquerda pode indignar-se e fazer oposição. Os outros são sempre radicais e irresponsáveis. (Rui Ramos in Opiniao) 
Aquilo a que tenho chamado a imprensa a que temos direito vai encarregar-se disso e, até poderá vir a acontecer que, mais uma vez, me proibam o epíteto…
Mas amanhã é
“O 25 de Novembro de 1975 que foi uma derrota para a esquerda política e para a esquerda militar. Em todo o caso, foi apenas uma derrota relativa — devido ao papel moderador de Costa Gomes, Melo Antunes, Vasco Lourenço e, nalguma medida, de Ramalho Eanes, também.
Foi uma derrota porque o 25 de Novembro impediu o prosseguimento da revolução no sentido do projecto de sociedade da esquerda política e que, à parte as particularidades nacionais, era na essência, igual ao da sociedade comunista de Leste. Derrota por que afastou o PCP do Governo e de um modo geral dos órgãos do poder de Estado, porque impediu a estabilização de conquistas da revolução já adquiridas, tais como a Reforma Agrária, as nacionalizações, etc.
Para o PCP, o 25 de Novembro também pode ser considerado uma vitória no sentido em que uma pessoa que parte uma perna tem imensa sorte por não ter partido as duas.
O 25 de Novembro representa uma vitória parcial porque o PCP não foi ilegalizado, como alguns pretendiam, e pôde viver em democracia, numa democracia que, como se sabe, o comunismo nunca facultou aos seus adversários.” (adapt de Memórias do Presente)
Mas o 25 de Novembro, foi uma vitória completa, para o PCP e para a esquerda política, quando a democracia e os democratas lhes deixou abertas as portas do sindicalismo e, principalmente, da imprensa a que temos direito, onde colocou todos os seus peões e ostracisou, quase todos, quantos pensavam e escreviam diferente.
Basta olhar para as chamadas “redes sociais” para verificarmos que, nos últimos dias, os idiotas-úteis começaram a sair das tocas e como é das nep’s iniciaram o seu trabalho de lavar-nos os cerebros com imagens, de photshop, e cartoons, enquanto os “ideólogos”, que vivem em buracos mais fundos, não aparecem a missionar-nos.
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de qualquer modo não esqueçam a minha maxima:
- uma vez no poder a esquerda só de lá sai pela força e não se o voto será arma suficiente!

mas sei que até na politica “a natureza se defende” …

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

para memória futura!


O terrorista não é uma marionete?

Não é por acaso que após os atentados terroristas vivemos uma sensação de desconcerto, como se não fosse justo nem lógico fazerem-nos aquilo. Na verdade para nós não é. Mas só para nós. Do ponto de vista do terrorista não só tudo aquilo faz sentido como é lógico: são actos tácticos de uma estratégia com objectivos próprios.
O terrorista não é uma marionete puxada pelos fios dos actos presentes e passados dos outros.
Muito menos é alguém que buscando os mesmos objectivos de justiça dos não terroristas apenas se enganou no caminho. O terrorista existe independentemente de nós.
Recordo como este exercício de ver o terrorista como um resultado e não como um sujeito dotado de vontade própria era particularmente penoso no caso dos atentados da ETA, em Espanha. Primeiro a ETA matava por causa de Franco. Depois veio a Transição a ETA passou a matar ainda mais (é exactamente durante a Transição que a ETA é mais mortífera: 84 mortos em 1979 e 93 em 1980) mas tal, dizia-se, explicava-se pelo combate à herança do franquismo presente no aparelho de Estado. A Espanha tornou-se democrática e a ETA continuava a matar militares, polícias, políticos e empresários mas isso devia-se à ligação dos militares ao passado, dos polícias à repressão, daqueles políticos à direita e dos empresários ao dinheiro.
A ETA continuava a matar. Politicamente as balas entravam em nucas de direita e de esquerda.
Mas havia sempre uma culpa da sociedade espanhola para explicar mais uma bomba e mais uma bala: eram os presos da ETA que não podiam estar todos juntos na mesma prisão; era o tribunal que os condenava; era o artigo no jornal que os tinha ofendido; o empresário que não pagava o imposto revolucionário… E quando não se percebia que ligação haveria entre a vítima e os seus verdugos aventava-se que a vítima podia ser um informador. Ou um narcotraficante, porque a ETA queria o País Basco livre de drogas.
A par dos atentados, a ETA desdobrava-se em várias organizações legalíssimas e activíssimas no combate à violência (das autoridades policiais, claro) e de promoção dos direito humanos, (dos terroristas obviamente). Advogados, professores universitários e jornalistas desdobravam-se, em Espanha e fora dela, em concentrações e conferências de denúncia destes graves atentados à democracia. Ainda por aí andam folhetos em que ilustres participantes portugueses se propunham mediar entre a ETA e o intransigente Estado espanhol.
Até que a 10 de Julho de 1997 a ETA sequestrou Miguel Ángel Blanco, um vereador do PP em Ermua, e deu dois dias ao Governo, então presidido por Aznar, para reagrupar os presos da organização (independentista e não terrorista, segundo boa parte dos orgãos de comunicação). A 13 de Julho o cadáver de Miguel Ángel Blanco era descoberto e nasceu o chamado Espírito de Ermua em que para lá do PSOE e do PP terem estabelecido uma espécie de pacto de regime no combate ao terrorismo a sociedade espanhola deixou de procurar as culpas das vítimas em cada atentado.
Resultado: a ETA foi derrotada.
Mas só a ETA, porque o discurso do terrorismo, enquanto resposta automática e não como estratégia de vontade própria, esse apenas mudou os protagonistas do seu enquadramento.

(em “O principado de Zouheir” no Observador por Helena Matos)

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Diz-me com quem andas...

Com a subida de António Costa ao poder, as pessoas voltaram a mudar no PS.
Já não são os moderados e dialogantes do tempo de Guterres.
Já não são os negociantes duvidosos do tempo de Sócrates.
São uns trauliteiros que não respeitam algumas regras elementares.
É inadmissível que António Costa não tenha estado na posse do novo Governo.
Para lá da guerra das palavras, há uma coisa que se chama ‘urbanidade’ e regular relacionamento institucional.
As pessoas que hoje rodeiam Costa transmitem uma imagem que não se coaduna com a de um partido moderado.
Vejam-se as recorrentes tiradas de Carlos César, o presidente do partido, e comparem-se com o que dizia Almeida Santos ou mesmo Maria de Belém.
Veja-se a linguagem terrorista usada por João Galamba ou Capoulas Santos, e compare-se com a dos dirigentes do tempo de Guterres.
Vejam-se as intervenções de Ferro Rodrigues, que mesmo na posse como segunda figura do Estado não foi capaz de evitar uma postura agressiva e rezingona, totalmente contrária ao espírito da função, com indirectas ao Presidente da República.
Vejam-se as caras de todos à saída das reuniões com o Presidente da República: as expressões de António Costa, Carlos César, Ana Catarina Mendes, Ferro Rodrigues…
Friso mais soturno era impossível.
Não foi por acaso que um certo tipo de pessoas rodeou Guterres, outro tipo rodeou Sócrates e outro ainda rodeia Costa.
António Costa é o espelho daquelas pessoas que o rodeiam – ou vice-versa.
Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.

O grupo que acompanha Costa não engana ninguém. (in “Sol” por José António Saraiva )

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Um clima de guerra civil

Sábado, no Expresso, Henrique Monteiro recordou como o país esteve perto de uma «guerra civil» há 40 anos.
No fim-de-semana, anterior, dois colunistas tão diferentes como António Guerreiro e Sousa Tavares lamentavam o «clima de guerra civil» que se instalou desde que António Costa anunciou a tentativa de tomada do poder pela «esquerda unida». 
A CGTP, que não consta ser parte do acordo tri-partido liderado pelo PS, «marcou uma concentração em S. Bento para o dia da votação de governo» que lembra a «muralha de aço» contra os governos provisórios que lhes desagradavam e contra a Assembleia Constituinte de 1975-1976. 

Perante o que se prepara, a maioria dos opinadores continua às voltas com os preceitos constitucionais e as tradições eleitorais do regime, fazendo de conta que não está em curso uma convulsão política cujo final é imprevisível.
A inabilidade dos agentes visados pela convulsão – o Presidente da República e a coligação PSD+CDS – foi enorme. Quando se aperceberam do que estava em jogo, já era tarde.

O processo devia ter sido conduzido de forma muito mais rápida, mais aberta e publicitada, não permitindo que os interlocutores continuem a esconder o que se está a passar. 
Cavaco Silva, que nunca interiorizou o facto de ser o ódio de estimação da «esquerda», devia ter reunido todos os partidos eleitos mal se conheceram os resultados provisórios e, logo que o PS mostrou a intenção de transgredir a norma de «quem ganha, governa», podia e devia ter convocado o Conselho de Estado e tornar públicas as opiniões dos conselheiros. Nessa altura, as fissuras do PS teriam ficado à vista de todos, a começar pelo presidente dos Açores, assim como a versão do Tribunal Constitucional, até agora desconhecida. 
O Presidente da Republica que sempre teve fama de institucionalista revelou-se, sobretudo, um formalista e um crente no «segredo». Agora, arrisca-se a ficar sem soluções e sem o respaldo antecipado que a maioria dos conselheiros de Estado lhe teria dado, possivelmente o próprio Marcelo que agora pretende sacudir a água do capote…
Ter-se-iam ganho semanas e evitado ditar exclusivas contra quem quer que seja!

Neste clima político, nenhuma solução é boa. Se o PR entregar o poder ao PS e aos seus pouco credíveis aliados, facilmente se imagina o preço que a grande maioria da população irá pagar. Se não entregar, confiando provisoriamente o governo a um «grupo de sábios» que tome conta da situação até à eleição do próximo presidente da República, não é difícil imaginar a violência da reacção dos rejeitados, mas as perdas para o país seriam porventura menores e menos duradoras. (resumo do artigo de Opinião de Manuel Vilaverde Cabral no Observador)

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

até a troika voltar com maioria absoluta...

…qualquer governo que resultar da negociação pós-eleitoral vai ficar mal, faça o que fizer. Se cumprir as promessas, verá a тройка regressar em breve; se tiver juízo e proceder como a situação exige, é crucificado por engano aos eleitores que não perdoarão o terrível choque quando a dureza da realidade for compreendida por um país mergulhado em ilusão.
A culpa da ratoeira é do anterior executivo, que mostrou incapacidade para realizar reformas verdadeiramente sólidas e duradouras. Mas a esquerda não se pode dizer inocente, pois sempre negou a emergência nacional e foi-se opondo violentamente até às tímidas medidas ensaiadas.
Se a coligação PSD-CDS se mantiver no poder, haverá uma certa justiça poética, sofrendo ela as consequências da sua timidez reformista. Mas a situação mais irónica é a de um governo do PS. Presidindo ao longo desequilíbrio que precipitou a crise e vendo-se forçado a pedir ajuda externa, esteve na oposição durante a execução da austeridade. Então fingiu hipocritamente opor-se às medidas indispensáveis. 
Quando a expectativa se mostrar cruelmente falsa, o governo anterior, agora na oposição, dirá credível mas hipocritamente que deixou o país em boas condições, pelo que a culpa dos sofrimentos, realmente inevitáveis, cabe toda à liderança de esquerda. A qual, por sua vez, carrega dois problemas adicionais. O primeiro é a falta de credibilidade junto de mercados e parceiros, seja pela sua aberrante composição ideológica seja pelas promessas ilusórias que insiste em apregoar. O segundo é que António Costa tem de enfrentar todas as dificuldades enquanto executa um número de verdadeiro malabarismo político. Precisa de, com as duas mãos, manter no ar, sem nunca se tocarem, pelo menos quatro bolas: PCP, BE, ala esquerda e ala direita do PS, os inimigos mais irredutíveis da política portuguesa.

Por ilusão do povo e cobiça política, estamos a entrar num período de surpresa e desilusão, até a troika voltar com maioria absoluta.  (in João César das Neves no Diario de Noticias)

correio da manhã


terça-feira, 20 de outubro de 2015

o Orçamento da "faneca"

Na economia, já não vamos ter o "controlo público, nacionalização e redireccionamento do sistema bancário", nem a "propriedade estatal", nem "uma política de controlo público da propriedade bancária". Nem "uma política de nacionalização do setor da energia", nem "o controlo público sobre as empresas do setor", já nem "o capital público deve voltar a ser maioritário na Galp, na EDP e na REN", e muito menos assistiremos à "nacionalização da produção e distribuição da energia". Nem ninguém já pensa em "devolver à esfera pública as empresas privatizadas, concessionadas e subconcessionadas", ou sequer "renacionalizar as autoestradas originariamente construídas sem custos para o utilizador (Scut)". Nem se pense que a "a transportadora aérea nacional TAP deve continuar a ser o que é, uma empresa pública".
E hoje, no Bloco, já ninguém quer ouvir falar da "reestruturação da dívida" pública, nem da "reestruturação da dívida das empresas de transportes", nem, no que respeita à Madeira, de "um cancelamento de parte significativa da dívida e à reestruturação da mesma".
O Tratado Orçamental é para ficar, pois "a convocação de um referendo sobre o Tratado Orçamental" já não "é um passo essencial", porque o Bloco já não é "uma esquerda comprometida com a desobediência à austeridade e com a desvinculação do Tratado Orçamental", porque se fosse queria "referendar o Tratado Orçamental e iniciar um processo de reestruturação da dívida pública". 
Nas relações internacionais, já não vamos ter a "saída da NATO e ação diplomática pela extinção deste e de todos os blocos militares", qual quê, nem a "denúncia do Acordo de Cooperação e Defesa entre os EUA e Portugal e consequente imposição de uma moratória aos EUA para que abandonem a Base das Lajes". Nem o Bloco de Esquerda irá "pugnar pelo encerramento de todas as bases militares estrangeiras na Europa". Nem o "fim das instituições da desregulação liberal, como a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial". E muito menos é verdade que "o Bloco irá persistir em derrotar o Tratado Transatlântico (TTIP)". Tudo isto é passado.
E talvez o Bloco tenha exagerado quando disse que o Programa Eleitoral do PS, "mesmo com delírio otimista sobre a evolução económica, tem que manter a punição fiscal do trabalho, penaliza a Segurança Social e liberaliza o despedimento para obedecer aos critérios de Angela Merkel".

fontes bem informadas dizem que as pontes estão criadas para que se mantenha a proposta bloquista de "criação de um "cabaz de peixe" para venda direta de pescado variado, permitindo (...) a valorização e escoamento de algumas espécies com menos valor comercial e preços mais vantajosos para o consumidor". Disto ninguém abdica - e parece que Bruxelas está disposta a aceitar (desde que não vá ao défice), e o PCP também (desde que o preço seja tabelado). Os grupos técnicos dos dois partidos discutem já quais as espécies baratuchas a incluir no cabaz e os peixitos a excluir. Há dúvidas sobre a xaputa (sobretudo devido ao nome) e sobre a tainha (sobretudo devido ao baixo valor nutricional), mas a faneca é consensual no arco da constituição. Abaixo o queijo Limiano, viva o orçamento da faneca.

Nota: todas as citações entre aspas são retiradas do Manifesto Eleitoral do Bloco de Esquerda para as Legislativas 2015, apresentado em julho de 2015.
(in Opinião por João Taborda da Gama )

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

a incomensurabilidade ou o “não trocar alhos por bugalhos”...

Ao longo do tempo fui tendo em diversas ocasiões a mesma sensação de desconforto, e ainda bastante recentemente isso aconteceu quando ouvi de vários comentadores políticos de diversos quadrantes elogios à actuação de Mariana Mortágua na Comissão de Inquérito ao caso BES. Como se qualquer posição expressa por um qualquer político pudesse ser descontextualizada do resto das suas posições e avaliada isoladamente.
Volto a sentir o mesmo desconforto no momento actual com a aparente facilidade com que se admite constituir uma maioria de esquerda para governar, somando os votos dos respectivos partidos.
Não me estou a referir aos dirigentes partidários dos partidos em questão, porque esses não me surpreendem quando tentam chegar ao poder de qualquer maneira.
Refiro-me a alguns comentadores e a gente comum. Somar os votos de partidos diferentes após as eleições pode ser legítimo ou não.
No caso de partidos relativamente próximos em termos de matriz ideológica, cultural, ética e de tradição não vejo nenhum problema com isso. Já quando se trata de partidos com uma matriz substancialmente diferente e que ao longo da sua história estiveram frequentemente em barricadas opostas, como é o caso dos três partidos da esquerda portuguesa actual, a minha opinião é outra.
A incomensurabilidade é um conceito importante em ciência e filosofia. Diz-nos que não se podem comparar ou somar de alguma forma coisas que são qualitativamente diferentes. Mas em política, a julgar pelos nossos políticos e comentadores, tudo é comparável e todas as diferenças são encaixáveis numa qualquer bitola comum. (in Isabel Soares no Observador)


sábado, 17 de outubro de 2015

o candidato!

“As eleições presidenciais recordam-me o maior arrependimento que até hoje tive como eleitor: os dois votos em Freitas do Amaral em 1986.
E sei que há muita gente na direita portuguesa que sente o que sinto.
O passado de Rebelo de Sousa como político não me tranquiliza completamente.
Como líder do PSD, alcançou duas vitórias importantes, mostrou sentido de responsabilidade com a abertura para chegar a acordos orçamentais num momento crucial para Portugal – preparava-se a adesão ao Euro.
Mas o fim foi um desastre:
O modo como a coligação pré-eleitoral entre o PSD e o CDS terminou deixa más memórias e não ajuda a ganhar confiança. 
Sobretudo porque Rebelo de Sousa construiu uma imagem de alguém que olha para a política como um divertimento e um jogo de tácticas permanentes. Parece ser um político que não resiste a uma maldade se isso o divertir, mesmo que estejam coisas mais importantes em jogo. Poderei estar a exagerar um pouco.

Mas se ele tem esta imagem, a culpa não é minha.” (in João Marques de Almeida no Observador )

a lógica de cigano da Feira da Ladra!

... mas Costa continua a insistir no mandar o Presidente da República ignorar quem ganhou as eleições, porque

50,87% dos Portugueses não quer a Coligação no Governo (e faz a conta: PS (32,38%) + BE (10,22%) + CDU (8,27%) )

terça-feira, 13 de outubro de 2015

“testamento” de um puto da Geração Erasmus…



“O nosso estatuto de Nação ocidental e europeia, defendido por um consenso transpartidário com quatro décadas, não estava em causa. Para alguns, seria uma mão cheia de nada. Para a Geração Erasmus, era um suplemento de resiliência: sentir que o regime que não vimos nascer também tinha nascido para nós. 
Todos os que projectamos na propriedade o reconhecimento meritório do trabalho humano temos o dever de recusar o Governo aos prosélitos das nacionalizações. 
Todos os que acreditamos na mobilidade social estamos obrigados a opor-nos a quem faz guerra à liberdade de escolha na educação e na segurança social. 
Todos os que sentimos cair sobre nós as cinzas de um quarteirão nova-iorquino devemos barrar o caminho aos adversários do Ocidente. 
Todos os que experimentámos o peso dos sacrifícios sentimos a obrigação de não os tornar irrelevantes. 
Todos os que prezamos o pluralismo político, independentemente do nosso sentido de voto, somos chamados a defendê-lo.” (António Pedro Barreiro, 19 anos no Observador)

terça-feira, 15 de setembro de 2015

O PS tem um problema com os media

depois queixem-se…
Para o Partido Socialista, debater é “atacar”. Debater é “maltratar”. Debater é “provocar”.
Quem o diz é Ascenso Simões: ao ser confrontado com a possibilidade de o regressado Prós & Contras vir a debater a questão da partidarização da justiça, o ex-director da campanha de António Costa afirmou que, se a RTP não mudasse o tema programado para a noite de ontem, ele seria obrigado a concluir que “a RTP fez uma opção partidária, que nestas eleições optou por atacar o PS, maltratar os seus militantes e provocar os seus votantes”.
Não foi o único. 
João Galamba: “O director de informação da RTP, Paulo Dentinho, só tem uma alternativa: demitir-se.”
José Lello: “A RTP está ao serviço da campanha do PSD/CDS.”
Edite Estrela: “É uma piada de mau gosto.”
Isabel Moreira: “A RTP é prostituída e o director de informação vai continuar em funções?”
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Este coro de antigos e actuais socráticos não fala assim por acaso: é precisamente este o género de relacionamento com a comunicação social que foram cultivando ao longo dos anos, e só temos de lhes agradecer por fazerem o favor de nos lembrar disso em véspera de eleições.
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O próprio António Costa já demonstrou em mais do que uma ocasião que convive mal com um certo tipo de
perguntas. Ainda na semana passada, ao ser entrevistado na RTP por Vítor Gonçalves, Costa teve uma atitude indescritível, tendo em conta o passado recente do PS, e dele próprio, nesta matéria. Confrontado com uma pergunta incisiva, inteligente e perfeitamente razoável – “dê-me dois ou três exemplos de diferenças substanciais entre a proposta política do PS em 2015 e a do PS em 2011” –, Costa respondeu a Vítor Gonçalves: “Eu estou a perceber que está aqui um bocado como porta-voz do Dr. Passos Coelho.”
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Talvez não fosse má ideia o PS incluir John Stuart Mill e o clássico On Liberty no currículo das suas universidades de Verão: silenciar uma opinião constitui um roubo à humanidade.

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O Prós & Contras limitou-se a propor à discussão uma questão levantada por Paulo Rangel. O medo que tantos socialistas revelam em debatê-la é, só por si, sintomático da consciência pesada que o PS tem no domínio da partidarização da justiça. Só mesmo isso pode explicar que se confunda um debate, onde haverá várias opiniões
em confronto, com um ataque ao PS e um frete ao Governo.

ps: vai um longo tempo em que, leccionando Ciência Politica num Curso de Comunicação Social, indiquei na “bibliografia” o On Lyberty and Other Writings de John Stuart Mill.
Confesso que na altura tive receio que os discentes o achassem desactualizado (1859).
É bom saber que alguns ainda se lembram.
(o titulo da versão portuguesa “A Liberdade” é uma estúpida tradução livre de “On Liberty” – Na Liberdade.)

já com 50 anos! E agora...

à laia de resumo para criar o apetite de o ler na integra:

«Até hoje, em todas as reformas que foram feitas, o princípio foi não tocar nas reformas em pagamento. Nos anos da troika o Governo tentou fazê-lo, mas o Tribunal Constitucional nunca deixou. Como vai ser no futuro?

Só a título quase anedótico e para que entendamos o que nos prometem certos políticos. Em 2001, o ministro de então, Paulo Pedroso, escrevia no Público que “com estas medidas e usando o Fundo de Reserva, não haverá défice do subsistema previdencial antes de 2035 – quando em 1998 se previa que ele ocorresse em 2013”. Em 2007 o seu colega de partido Vieira da Silva fez nova reforma, esta sim mais a sério, e mesmo assim o défice em 2013 do sistema previdencial foi de 1,4 mil milhões de euros…

“a reforma Vieira da Silva, uma reforma do PS, já prevê o aumento gradual da idade da reforma em função da evolução da esperança de vida, e esta continua a subir. A não existir uma hecatombe nos sistemas de saúde, lá para 2035 a esperança de vida dos portugueses já não deverá andar longe da que, automaticamente e via “factorde sustentabilidade”, colocará a idade da reforma muito perto 70 anos.”

“consequência de uma reforma socialista, a de Paulo Pedroso em 2001, confirmada em 2007 quando se reformar, a sua reforma será proporcionalmente menor do que a que hoje recebem os que se estão a reformar ou já se reformaram.”

Medina Carreira afirmou que o debate público sobre as pensões "é uma trafulhice" uma vez que ninguém explica aos pensionistas atuais e futuros o que vai acontecer e que é ainda importante saber “o que é que este governo pensa e o que é que o PS pensa” sobre o sistema.
“O PS diz que vai manter as pensões em pagamento. Eu não sei o que é isto”, afirmou Medina Carreira, acrescentando que o objetivo do programa programa dos socialistas é "convencer os portugueses de que isto é assim porque mais do que isso não é possível neste momento".»


É neste quadro geral que devíamos estar a discutir o “plafonamento horizontal” proposto pela coligação e o dito “plafonamento vertical” proposto pelo PS. Ambos retirariam dinheiro ao sistema previdencial no curto prazo, se bem que de forma diferente, sendo que ambos prometem devolvê-lo mais tarde. Por isso estas propostas exigem uma análise prudente e não a demagogia que tem dominado o debate público. (por José Manuel Fernandes, 58 anos, no Observador)

sábado, 12 de setembro de 2015

a figura central...

Dia 4 de Outubro, os líderes partidários que vão a votos são Passos Coelho e António Costa mas a figura central é Sócrates.
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José Sócrates aplaudiu euforicamente o desempenho do seu ex-número 2 António Costa e teve boas razões para isso. Costa não só não se distanciou claramente das políticas do Governo socialista que colocou Portugal no limiar da bancarrota como foi ao ponto de “acusar” Passos Coelho de ter chamado a troika, esquecendo que foi precisamente o Governo de José Sócrates quem a chamou a 6 de Abril de 2011, depois de o ministro das Finanças Teixeira dos Santos ter assumido que o Estado português estava prestes a entrar numa situação de ruptura de tesouraria, ficando sem dinheiro para pagar salários e pensões.
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Sócrates é, por direito e vontade própria, a figura central das próximas eleições legislativas. Como reconheceu a insuspeita Fernanda Câncio num lúcido artigo: “Não há, pois, volta a dar: Sócrates está no centro da campanha. Porque os media querem, porque a coligação quer e, como a revelação, ontem, de uma foto no interior da casa tornou inegável, ele quer.”
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Sócrates tem razões para estar agradado com o desempenho de Costa. A agressividade permanente de Costa na entrevista fez lembrar o “animal feroz”, tendo-se aliás mantido na entrevista conduzida por Vítor Gonçalves, com o líder do PS a procurar sistematicamente intimidar o jornalista da RTP, em linha com o estilo de Sócrates.
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Se, dia 4 de Outubro, António Costa ganhar, será dado um importante passo para a reabilitação política de Sócrates. E, se Costa perder, Sócrates terá, ainda assim, uma palavra a dizer no futuro do partido.

Uma coisa é certa: as notícias sobre a morte política de Sócrates foram manifestamente exageradas. (base artigo de opinão de André Azevedo Alves no Observador )

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

foi o PSD quem chamou a troika!

Isaiah Berlin, inspirado por um velho adágio grego, dividiu um dia os intelectuais em ouriços e raposas: a raposa sabe muitas pequenas coisas, mas o ouriço sabe uma grande coisa. Passos sabe uma grande coisa, Costa sabe muitas pequenas coisas. Uma das questões para os portugueses é saber se, neste momento, lhes convém mais um ouriço ou uma raposa..

Na manhã seguinte, porém, a vitória já não parecia tão clara. Como as flores de certas plantas raras, não durou uma noite.
Ganhar um debate, para quem precisa de ganhar de qualquer maneira, não é complicado: basta fazer o indispensável para que a claque se sinta à vontade ao clamar vitória. Há um truque: estar sempre ao ataque, disparar sobre tudo, não parar de chutar à baliza. Nem é preciso acertar: basta mostrar agitação. Foi o que Costa fez, aproveitando, aliás, a previsível opção de Passos pela impassibilidade do estadista. 
Entretanto, o país, pela voz dos seus comentadores, declarava-se pouco “esclarecido”. O facto é que a situação do país é tal que uma hora de debate nunca seria suficiente para o “esclarecer”.

Em 2011, pouca gente acreditara na viabilidade do ajustamento. O sucesso, até por inesperado, impressionou: fez o PSD e também o CDS aceitarem a “missão” de Passos. Hoje, os anti-passistas da direita estão isolados, ou em trânsito para o PS. Passos pode permitir-se ficar no mesmo sítio, sem variar os temas nem levantar a voz.
António Costa vive outra vida… A sua expectativa, o ano passado, era ser acolhido consensualmente. Não o foi. Viu-se forçado a andar pelos mais variados caminhos e atalhos. Aproximou-se e afastou-se do Syriza. Arranjou Nóvoa, mas também Centeno. Grita contra a “austeridade”, mas quer parecer responsável. Precisa de se distanciar de Sócrates, mas não o pode renegar. 

O debate desta semana confrontou assim duas maneiras de ser. De um lado, Passos Coelho, mais ou menos rígido e solene, avesso a aventuras, preocupado em lembrar o que lhe parece essencial, com muitas explicações, embora por vezes sem eloquência nem rasgo, como durante a segunda parte do debate. Do outro lado, António Costa, cheio de artes e de artimanhas, desesperado, e portanto disposto a tudo, mas frequentemente sem critério, como durante a primeira parte do debate, em que não evitou o ridículo (“foi o PSD quem chamou a troika!”). (baseado no texto de Rui Ramos no Observador )
http://observador.pt/opiniao/passos-e-costa-o-ourico-e-a-raposa/

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

análises ao debate Passos-Costa

O que realmente foi substantivo neste debate foi a frase de Costa para Passos: “Porque não vai lá a casa debater com Sócrates?” Nesse momento, no Bairro dos Actores, percebeu-se, e no Largo do Rato também, que Costa não só deixou cair Sócrates como não está disposto a perder um voto que seja por causa do antigo líder socialista. (Helena Matos)
António Costa tinha de ganhar. Mas Costa, como certos artistas, não gosta de facilidades. Por isso, tornou as coisas ainda mais difíceis para si próprio, ao começar com a negação de uma série de evidências: qualquer governo teria feito crescer a riqueza sob o programa de ajustamento; foi o PSD quem chamou a troika; para viabilizar a segurança social, basta manter as contribuições. Passos foi, como sempre, muito explicativo e não falou do que iria fazer, mas pôde desmontar quase tudo: o decréscimo de riqueza em Portugal foi menor do que em outros países sujeitos a ajustamento; foi o PS quem chamou a troika, porque o país não tinha financiamento, e por isso também o PS, até 2011, cortou salários e aumentou impostos; até o PS admite diversificar as fontes de financiamento da segurança social. (Rui Ramos)
A que partido é que este debate equivalente serviu mais? Passos Coelho tinha de ser claramente destronado, e não foi. Mas Costa foi tão credível como o Primeiro-Ministro, mostrando-se à altura do chefe de governo em todos os dossiers. (Marina Costa Lobo)
Santo Deus, o que terá passado pela fervilhante cabeça de António Costa? Não sei se o ouviram: troika, troika, troika; e mais troika, troika, troika; e ainda, para quem tivesse abandonado a sala por minutos para voltar a encher a chávena com café, troika. Quem suspirou pela troika? Pedro Passos Coelho. Quem negociou com a troika? Pedro Passos Coelho. Quem teve vontade de ir ao Bairro Alto tomar um copo com a troika? Pedro Passos Coelho.
Já perto do final do debate, o líder do PS ficou tão incomodado com as referências ao seu “ante-antecessor” (peço desculpa, a palavra, se é que se pode chamá-la assim, não é minha) que perguntou a Passos Coelho, com comovente indignação: “Porque é que não vai lá a casa debater com José Sócrates?”. A resposta a essa angustiante pergunta seria simples: porque, graças ao próprio António Costa, não é preciso. (Miguel Pinheiro)
António Costa falou bastante menos (cerca de 4 minutos menos), mas pareceu ter falado bastante mais. Melhor indicador não é possível. Hoje as hostes socialistas terão uma noite de alegria. As hostes da PàF devem estar a pensar que mais valia Passos Coelho ter ido debater com Catarina Martins, guardando Paulo Portas para este debate decisivo. Como representante da esquerda, elegi o canal público. Se vos parecer que viram o debate diferente do meu é porque, provavelmente, viram o debate num canal privado. (Luis Aguiar Conraria)
Na forma António Costa esteve melhor. Teve a iniciativa, foi mais eficaz no discurso e procurou, dentro do possível, reagir ao passado que o ligava ao anterior Governo do PS.
No conteúdo, mais equilibrado porque Passos conseguiu transmitir as principais mensagens que levava de forma mais acutilante. Associar Costa a um regresso ao passado, relembrar a incerteza e a posição do PS face à Grécia e colar à campanha do PS muitas promessas populistas de que as pessoas já não acreditam. (Luís Bernardo)