sábado, 31 de dezembro de 2016

2016: o ano que matou o sonho

No último dia de 2016 é impossível passar ao lado do extraordinário governo do António Costa. 
Um governo de esquerda, apoiado pelo Bloco de Esquerda e PCP, a cumprir rigorosamente o Tratado Orçamental, a praticar uma política de austeridade (disfarçada), a salvar bancos com o dinheiro dos contribuintes, a diminuir a TSU e a afundar o que resta da Educação e Saúde públicas é algo nunca visto. 
É o fim do sonho de várias gerações. (Rui Costa Pinto)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Debbie


poucos se lembrarão dela em Serenata à Chuva 
muitos a recordarão como mãe da Princesa Leya!

domingo, 18 de dezembro de 2016

Marcelo, cornucópia, ministro e cultura...

Tintin e os pícaros
17 DEZEMBRO, 2016

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Ponto 1. Quais os critérios para que o PR resolva fazer de mediador para mais em praça pública?

Ponto 2. Ao ver-se ultrapassado pelo PR o ministro da Cultura meteu-se a caminho da Cornucópia. Os de Castelo-Branco ficaram plantados à espera. Não se passa nada. Tudo normal. O melhor é irem amanhã todos a Castelo-Branco.

Ponto 3. Não sei se o que é mais tocante se a conversa de Marcelo rodeado de jornalistas com o director da Cornucópa, se aquele “saudou o Presidente da República” que nossa querida Lusa autora do texto usa com particular reverência se a omissão ao embaraço que o despropósito presidencial criou ao ministro da tutela. dado que Marcelo declarou “Então sente aí, que estávamos aqui a ouvir, e eles estavam a narrar” podemos passar para a fase seguinte que passa pela criação de uma excepção para a Cornucópia. Presumo que todas as companhias vão querer a sua excepçãozinha. Podem continuar a ler o texto aqui. O mais espantoso é que se chama a isto: Marcelo medeia conversa entre Luís Miguel Cintra e ministro para evitar fim da Cornucópia” Quando aquilo que temos é uma clara, espalhafatosa e desrazoada ingerência presidencial no campo governamental.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

“ganda nóia!”

Marcelo - via Marques Mendes, que é um dos maiores apoiantes do Presidente da República e que usou ontem o seu espaço de comentário semanal na SIC - aproveitou para deixar um aviso a Pedro Passos Coelho: 
é "um erro" entrar em polémica com Marcelo. E explicou porquê: “O Presidente Marcelo é evidentemente uma referência de popularidade, de prestígio, de estatuto, de autoridade, por isso Passos Coelho, numa guerra com o Presidente, perde sempre, como qualquer líder da oposição perderia”.
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…e assim me lembrei que, em circunstâncias idênticas, o Jorge Sampaio aguentou Santana Lopes até à demissão do Ferro Rodrigues com quem tinha “más relações” (substituido pelo José “44” Sócrates).

Será que o “cenário” de Rebelo de Sousa é o Bloco Central com o Costa e o Rio?

manchetes pró presidente Marcelo Dez11


…e os juros a 10 anos atingiram os 3,88%

“como é possível que se esteja a repetir o quadro macroeconómico que nos levou ao pedido de ajuda internacional em 2011?” pergunta-se Nicolau Santos no Expresso.
Com isto percebe-se! Mas é preciso saber ler…
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The programme quickly started to bear fruit. Exports started growing faster than the euro area average, as the economy became more competitive. A two-digit current account deficit was erased. The budget deficit shrank, and growth resumed. Portugal was able to issue bonds again, and successfully exited the programme in June 2014.
[but]

Portugal’s new government, which came into office in late 2015, has started to reverse some of the measures taken during its EFSF programme. Creditors are monitoring carefully whether this will hurt Portugal’s competitiveness, and its fiscal situation. (in PROGRAMME TIMELINE FOR PORTUGAL)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A velhice do PCP

Era a última campanha do velho Cunhal e, por isso, pedi ao Paulo Portas para ir ver. E lá fui na “caravana” (um método de propaganda hoje felizmente em desuso) pelo arquipélago comunista no Alentejo e margem sul. Tudo se passou na melhor ordem e nos jantares, que as militantes faziam, até se comia bem. Durante os comícios, a assistência conversava sobre a única questão que verdadeiramente a levara ali: o Álvaro. Estava o Álvaro mais magro? mais gordo? mais cansado? mais fresco? com um ar mais velho? com um ar mais novo? A missa que o dito Álvaro recitava no palanque não a interessava nada. Aquilo parecia uma família que vinha visitar o avô, ninguém queria saber de política ou do partido que putativamente a representava. No Seixal, se não me engano, houve um convívio. As senhoras puseram as mesas e trouxeram as bebidas e os bolos. Por acaso uma delas resolveu falar comigo, depois de um naco de doce de ovos. Perguntou qual seria o resultado do PC: 11 por cento, 15 por cento? Respondi que 8 ou 9 por cento. Ela choramingou: “Ai que desgosto que isso vai dar ao Álvaro!”.
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Muita gente se intriga com a durabilidade dos Comunistas. Não os percebem. 
Primeiro são poucos (pela última contagem, 50 000) — num país pequeno, em terras pequenas, nos bairros em que nasceram e cresceram. 
Segundo, vivem entre si: o partido não gosta que os militantes tenham amigos fora de casa.
Terceiro, o grau de endogamia é muito alto. Entre os mais velhos (que são quase todos) a família chega de facto a ser uma família. E com isto, claro, vem uma grande dose de nepotismo, de compadrio, de protecção e de complacência. 
Os comunistas não deixam o Partido (com maiúscula). 
Não admira. Quando saiu do PCF, por causa da invasão da Hungria, Claude Roy disse: “Fiquei sozinho”, ou coisa equivalente. Vinte anos mais tarde François Furet diria a mesma coisa. 
Em Portugal, podem ficar só três, sentados numa pedra, que, para eles, tudo continua.  (por Vasco Pulido Valente em “11 de Dezembro, 2016

manchetes pró presidente Marcelo Dez09


quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

PISA. Esta semana!

Podemos dar as voltas que quisermos, iremos sempre começar por aqui: o PISA foi construído a pensar nos alunos, mas o seu primeiro efeito público é o julgamento político dos ministros da educação. Maria de Lurdes Rodrigues, goste-se ou não, será sempre a ministra que fez Portugal dar um grande pulo para cima nas comparações internacionais do PISA, entre 2006 e 2009. Agora, Nuno Crato, goste-se ou não, será sempre o ministro que levou esse trabalho ainda mais longe e que, pela primeira vez, colocou Portugal acima da média da OCDE. E fê-lo após Isabel Alçada ter conduzido o sistema educativo a uma estagnação nos resultados, entre 2009 e 2012. E, mais, fê-lo também em pleno período de assistência financeira, com cortes orçamentais e cinto apertado – isto é, num contexto muito mais exigente do que o dos seus antecessores. (in Na política, Educação discute-se mas não se pensa por Alexandre Homem Cristo
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esta semana
foi aquela em que pudemos fazer o balanço de outra obra de destruição: a de Nuno Crato no Ministério da Educação.
Segundo as oposições de 2011-2015, Crato dedicara-se ao arrasamento implacável da “escola pública”, com o objectivo de desqualificar os portugueses.
pergunta chata: 
- Se esse era o objectivo, como compreender que no fim do mandato de Crato os alunos portugueses tivessem atingido os mais altos níveis de competência em literacia e matemática , e os resultados em matemática caíam em França, sob o anti-austeritário Hollande. (in “As oposições entre 2011 e 2015 mentiram” por Rui Ramos)

manchetes pró presidente Marcelo Dez08


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

terramoto turismo

A 1 de Novembro de 1755 um terramoto destruiu a cidade de Lisboa.
As suas ruínas legitimaram o despotismo esclarecido.
Lisboa hoje treme novamente, abalada por um sismo turístico que transforma a cidade a velocidade de cruzeiro. O seu impacto desloca o morador do centro da cidade.
Que novos absolutismos encontrarão aqui o seu álibi?




TERRAMOTOURISM | O Documentario from Left Hand Rotation on Vimeo.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

para que não se deixe branquear a História

Na recordação do 25 de Novembro, que há de mais impressionante é o modo como tanta gente se acovarda hoje. Até o Parlamento e os grupos parlamentares recusaram recordar formalmente esta data, porque entenderam que a data "dividia" os Portugueses! Ora, a data é imprescindível para a democracia. Tanto quanto o 25 de Abril. (António Barreto)
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"entre as datas com significado, o 25 de Novembro de 1975 é uma das que mais rapidamente alguns querem apagar". Ora, "estas duas datas históricas – 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975 – não podem ser observadas e avaliadas separadamente"». (Diário Digital)

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

a nova aristocracia e os “sans dents”

tal como os "deploráveis" da Clinton ...os "sans dents" do Hollande são aqueles que raramente se vêem, menos vezes ainda são entrevistados mas acabam a fazer Marine Le Pen subir nas sondagens. E podem fazer dela presidente da França – aquela mania do “pela primeira vez uma mulher” também se aplica neste caso? – caso se mantenha esta espécie de síndroma de alienação da realidade que atravessa presentemente o discurso de jornalistas, comentadores e analistas.
Por exemplo, quantas notícias lemos sobre as agressões acontecidas em Outubro deste ano em Viry-Châtillon? 
Tal como pouco ou nada ouvimos sobre as manifestações de polícias em protesto contra com o calvário judicial que em França aguarda os agentes que recorrem às armas já nem tanto para defender as populações mas apenas a si mesmos.
E o que soubemos sobre o surto de agressões extremamente violentas a professores e funcionários em vários liceus franceses, isto apenas em Outubro deste ano? Não faltam cocktails Molotov, rostos tapados, maxilares partidos (de professores ou funcionários, naturalmente), instalações destruídas… 
Igual vazio imperou sobre Calais: durante três anos, Calais, com pouco mais de 75 mil habitantes, viu chegar milhares de imigrantes que, na impossibilidade de passarem para o Reino Unido, por ali ficaram amontoados, com os problemas inerentes a uma concentração anárquica de homens jovens, desligados das suas famílias e sem ocupação. Escrevia-se sobre as más condições desses acampamentos. Denunciava-se a falta de apoios para esses homens a quem não tardou se passou a chamar refugiados. Criticavam-se as autoridades (francesas e inglesas, claro, porque as dos países desses homens não existem para efeitos de responsabilidade) por nada fazerem. A Calais chegavam autocarros com manifestantes que faziam declarações repletas de referências a leis, tratados e convenções sobre os direitos dos migrantes.
No fim do dia os manifestantes entravam de novo nos autocarros, regressavam às suas universidades e associações [mas]
Os habitantes de Calais esses ficavam com as suas casas e bens desvalorizados, sem as receitas do turismo e a ver os investimentos fugir da zona. ...
Sigo regularmente a imprensa francesa e casos destes são quotidianos. Há dias em que me interrogo se já ninguém sabe francês, se é má fé, preconceito ou simplesmente ignorância. Porque algo terá de explicar esta fuga da realidade cujo momento épico acontece quando, perante os resultados eleitorais naquele país, começam com os transes da indignação e os exorcismos do racismo e da xenofobia para explicar o voto na Frente Nacional.
O que tem distinguido a Frente Nacional não são as sua soluções para os problemas mas sim o falar dos problemas.
Porque os problemas, existem embora mal se vejam dos bairros privilegiados em que se movem políticos, jornalistas, universitários, tecnocratas… Ou seja.

domingo, 13 de novembro de 2016

Lições da América (por António Barreto)

As esquerdas em geral, incluindo artistas, intelectuais, jornalistas, liberais americanos e progressistas europeus, não suportam não ter percebido nem ter previsto o que aconteceu. Como não admitem que são, tantas vezes, responsáveis pelas derivas políticas dos seus países.
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o problema não é o de qualificar Trump nem de sublinhar a sua incultura e a sua falta de sofisticação.
O problema consiste em saber por que razão foi eleito. Contra a opinião sondada e publicada,
este senhor foi escolhido por 60 milhões de americanos que, creio, não são todos racistas, machistas, bandidos, milionários, fascistas e corruptos.
E, se fossem, a questão era ainda mais difícil: como é possível que houvesse tantos assim?
...
O problema é o de saber por que razão os pobres, os desempregados e os marginalizados não votaram em quem deveriam votar, isto é, em quem pensa que a solidariedade, a segurança social, o emprego e a igualdade são exclusivos dos democratas e das esquerdas.
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As esquerdas (nas suas versões americana e europeia) apresentam-se cada vez mais como uma soma de sindicatos e de clientelas: mulheres, negros, operários da indústria, desempregados, pensionistas, homossexuais, artistas, intelectuais, imigrantes, latinos ou muçulmanos. Todas as minorias imagináveis, incluindo as mulheres que o não são. Às vezes, resulta. Mas acaba sempre por não resultar. ...
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Acima de tudo, a arrogância e a superioridade moral, cultural e política das esquerdas têm destes resultados:
afastam-nas do povo e favorecem os inimigos da democracia...

(por António Barreto em Lições da America)

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Acordámos num mundo que não conhecemos...

Aconteceu. Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Era impensável que tivesse ganho as primárias do partido republicano – mas ganhou-as e todos culparam a divisão dos adversários. Era ainda mais impensável que ganhasse a corrida à Casa Branca, e ganhou-a. E agora não há bodes expiatórios: a adversária era a mais preparada candidata que os democratas podiam escolher, teve todos com ela – incluindo Barack e Michele Obama –, dispunha da mais poderosa máquina eleitoral e tinha mais dinheiro.
Mesmo assim, aconteceu.
E agora que aconteceu não vale a pena prever o apocalipse. Porque não vai acontecer. (in Acordámos num mundo que não conhecemos por José Manuel Fernandes)
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Trump ganhou, e a história, tal como aconteceu após o Brexit, ainda não acabou.
Perdeu Hillary Clinton, uma candidata apoiada por quase todo o establishment, pelo presidente, pela máquina partidária com mais dinheiro desta campanha, pelo poder financeiro, pelo poder mediático, pelo poder universitário, pelo poder de Hollywood. 
Perdeu Barack Obama, que depois de prometer unidade e consenso, optou por uma presidência divisiva e autoritária, abusando das “ordens executivas” para impor a sua vontade, o que agora coloca a maior parte do seu património governativo à mercê de reversões simples. 
Perdeu a estratégia dos democratas de manipular as minorias étnicas, sobretudo os latinos, para fazer com elas um bloco eleitoral definido pelas identidades, e não pelas opções e valores. 
Perdeu o conservadorismo clássico, que cedeu o seu lugar, enquanto inspiração doutrinária do Partido Republicano, a um movimento capaz de levantar milhões de pessoas contra a elite privilegiada do “politicamente correcto” e contra a visão do mundo que resumimos com o rótulo de “globalização”. Chamamos-lhe “populismo”, porque não sabemos bem o que chamar a algo que não encaixa nas divisões tradicionais entre esquerda e direita. Trump está nitidamente para além dessa dicotomia. (in Sabemos quem perdeu, não quem ganhou por Rui Ramos)
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A armadilha seria cair na tentação de culpar os eleitores americanos por “terem votado mal” – como se a democracia não fosse, precisamente, dar voz ao povo e houvesse votos “certos” e votos “errados”. Ou cair no erro de acreditar no simplismo de que Trump foi eleito porrednecks primários, racistas e pouco instruídos – o que os resultados desmentem.
Segundo, é fundamental não esquecer que a democracia não se mede pela forma como se ganha, mas sim pela forma graciosa como se perde. Ou seja, por mais que não se goste dele, há que reconhecer a legitimidade de Trump para liderar os EUA. Isto não é um detalhe e não é por acaso que o momento alto das noites eleitorais nos EUA nunca está no discurso de aclamação do candidato vencedor, mas sim no discurso de concessão da derrota pelo candidato vencido. (in Valorizar a democracia é saber perder por Alexandre Homem Cristo)
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Os “deploráveis” existem. E votam. Sim, eu sei que o facto de ter chamado deploráveis aos apoiantes de Trump pode não ter valido a derrota a Clinton, mas explicará alguma coisa do seu desastre eleitoral.
[…] não deixa de ser preocupante e revelador que a cada resultado classificado como inesperado surja de imediato uma explicação que divide os eleitores em bons e maus: os bons são os urbanos, jovens e licenciados. Os artistas e os cultos. Do lado dos maus estão os ignorantes, os rurais, os velhos e, por consequência, os pobres sem habilitações académicas. …
Encerrados nos seus gabinetes e nas suas redacções mas acreditando que estão ligados ao mundo, jornalistas, comentadores e investigadores vivem numa espécie de bolha onde se enfatizam entre si. Trocam mensagens em que todos pensam o mesmo, riem do mesmo e criticam o mesmo. E contudo lá fora o mundo passa a correr. (in Os deploráveis por Helena Matos)
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Há mais semelhanças entre Barack Obama e Donald Trump do que a maioria das pessoas pensa. Ambos foram candidatos anti-sistema em diferentes eleições presidenciais.
Trump ganhou com uma grande vantagem, com um resultado semelhante ao de Obama há quatro anos. E conquistou quase todos os chamados “swing states”. A vontade popular é suprema na política democrática.
Trump foi sempre o candidato anti-sistema, desde as primárias do Partido Republicano até às eleições nacionais. 
Trump poderia ganhar se os insatisfeitos, aqueles que não votam há muitos anos, fossem votar. Pelas indicações iniciais, foi o que aconteceu, como mostra a vitória de Trump em estados como a Pensilvânia, a Indiana, o Ohio, o Wisconsin e, possivelmente o Michigan, a cintura industrial americana, normalmente democrática. (in Presidente Trump por João Marques de Almeida)
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Mas há muitos derrotados.
O establishment, claro está, que tudo fez para eleger Hillary Clinton.
O Presidente Obama que, rompendo com a convenção de muitas décadas, decidiu meter-se a fundo na campanha (como vai agora engolir o que disse e trabalhar numa transição tranquila, veremos).
Michelle Obama que, apesar de toda a simpatia e projeção mediática, simplesmente falhou na mobilização do eleitorado afro-americano.
A comunicação social progressista que levou a candidata ao colo e patrocinou sistematicamente os ataques moralistas a Trump (aliás, inventaram os Republicans for Clinton, que evidentemente não existem eleitoralmente, mas esqueceram-se dos Trump Democrats que, sim, existem e muitos deles são latinos e mulheres), nomeadamente o NYT, a CNBC e a CNN.
Todo o universo das sondagens e especialistas da estatística eleitoral que não perceberam o que estava a acontecer; o terramoto do mapa eleitoral passou-lhes ao lado.
Os artistas e os intelectuais que prejudicaram a candidata com a arrogância do discurso dos americanos bons (minorias, mulheres, brancos com estudos) e dos americanos maus (brancos sem estudos).
E o movimento feminista que evidentemente não soube compreender o voto feminino (“inesperadamente”, muito dele foi para Trump) (in A revolução dos “deplorables” e a derrota histórica do “establishment” boquiaberto por Nuno Garoupa)


as sondagens, os jornalistas e a qualidade do debate público

As sondagens falharam, mais uma vez.
Têm falhado em muito lado, apesar de feitas com as melhores técnicas disponíveis, pelos melhores centros de investigação.
Não parece ser, no essencial, um problema das sondagens, embora nos ajude a relativizá-las saudavelmente.
Talvez o desfasamento muito pronunciado entre as classes dominantes e as pessoas comuns, de tal maneira que as classes dominantes impõem um discurso politicamente correcto no espaço público, leve as pessoas comuns a sentirem-se mais seguras calando o que pensam, guardando as suas verdadeiras opiniões para o segredo das cabines de voto.
A imprensa está do lado das classes dominantes, preferindo olhar arrogantemente para os sinais de preocupação das pessoas comuns como atavismos reaccionários a tentar compreender o mundo à sua volta.
Temos uma jornalista no Público a propor esquemas estranhos para financiar os jornais que garantam que pode escrever livremente sem ter de ter leitores,
temos directores de jornais que se apresentam como generais prussianos de políticos populistas e continuam a dirigir jornais,
temos jornalistas que mantêm a sua posição e influência mesmo depois de até eles reconhecerem ter sido embarretados por aldrabões de feira, apenas porque a vontade de ouvir o que queriam foi mais forte que a necessidade de cumprir procedimentos básicos de verificação dos factos.
Não, meus caros jornalistas, o problema não é o Correio da Manhã ser o jornal que mais vende e o mais lido, o problema é que, preguiçosamente, preferem dizer que é por ser um jornal sensacionalista, esquecendo as dezenas de jornais sensacionalistas que faliram.
Por muito que vos doa, o Correio da Manhã escreve para as pessoas comuns e, no essencial, tem mais factos que doutrinação, não pretende ser mais que o que é: um jornal que reflecte o mundo das pessoas comuns que o pagam.
Ao contrário dos jornais de referência, cheios de cromos supostamente influentes e bem pensantes, todos falando e escrevendo do mundo das classes dominantes, em circuito fechado. São os jornalistas que afastam dos holofotes tudo o que sejam as inquietações politicamente incorrectas dos matarruanos reaccionários que se interrogam sobre o efeito dos choques de cultura a que assistem todos os dias. Comunidades que não se compreendem, apesar de viverem no mesmo espaço, questões de costumes que abalam convicções profundas, ou simplesmente a perplexidade pela forma e as razões que fazem com que uma miúda que diz disparates colossais dia sim, dia não, como Mariana Mortágua, tenha um nível de vida com que a grande maioria das pessoas comuns não pode sequer sonhar, mesmo trabalhando duramente em actividades produtivas que todos os dias são escrutinadas pelos seus clientes.
Estão incomodados com o BREXIT, com a vitória do PP em Espanha, com o resultado as eleições americanas, com o risco de Le Pen ser a próxima presidente de França, ou mesmo com o facto da PAF ter ganho as últimas eleições em Portugal?
Também eu, também a mim me incomodam muitas destas coisas, mas talvez seja altura de pensarem um bocadinho sobre a vossa responsabilidade na transformação do debate público naquilo que hoje é e pensarem nos que excluem desse debate em função da vossa visão do mundo.

Não querem experimentar saltar do mundo das classes dominantes em que se instalaram e voltarem para o mundo das pessoas comuns de onde vieram? (por Henrique Pereira dos Santos no Corta Fitas)

domingo, 6 de novembro de 2016

temos lider?

Esqueça a "Burca Sexy"...

Na Amazon somente a "Freira Sexy" estará disponível, enquanto o "Califa" Baghdade poderá estuprar suas escravas sexuais yazidis e cristãs com total impunidade.
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Tomemos o The Guardian, o mais famoso jornal britânico da esquerda liberal. Quando os artistas do Pussy Riot colocaram em cena o show supostamente ofensivo de 3 minutos na Catedral do Cristo Salvador em Moscou, pelo qual dois dos três artistas preferiram ficar na prisão em vez de repudiar o texto (o terceiro pediu desculpas para evitar o xilindró), o jornal os defendeu como "pura poesia de protesto." Quando o grupo político PEGIDA conclamou a realização de protestos contra a islamização da Alemanha, o mesmo jornal o detonou como "um vampiro que deve ser morto." 
Em Janeiro de 2006, o mais famoso cartunista da Noruega, Finn Graff, anunciou que estava se autocensurando em relação a Maomé. Graff nunca teve problemas em fazer brincadeiras com os cristãos, os quais ele retratou vestidos com camisas castanhas e suásticas. Graff também desenhou uma série de representações gráficas controversas contra Israel, uma delas retratando o primeiro-ministro israelita Menachem Begin como comandante de um campo de concentração nazi.
Em 2015, a BBC descreveu a capa da Charlie Hebdo sem mostrá-la, a rede britânica não repetiu aquela forma de apresentação um ano mais tarde, quando a Charlie Hebdo lançou a nova capa anticristã. O mesmo padrão de dois pesos e duas medidas foi adoptado pelo jornal conservador britânico, Daily Telegraph, que cortou a capa com a caricatura de Maomé, mas publicou a outra, com o Deus de Abraão.
Se em 2015 a Associated Press também censurou as charges islâmicas da Charlie Hebdo. O motivo? "Deliberadamente afrontoso." Em 2016 a agência não teve nenhum problema em mostrar a nova capa retratando não Maomé e sim o Deus judaico-cristão.
Esse duplo padrão moral da elite de esquerda também apareceu no New York Times, que em nome do "respeito" em relação à fé muçulmana censurou as caricaturas de Maomé da Charlie Hebdo − para depois decidir, em total desrespeito, que a Gray Lady (The New York Times) poderia e deveria publicar a obra "Eggs Benedict" de Nikki Johnson, exibida no Milwaukee Art Museum, na qual preservativos de diversas cores formam o rosto do Papa Bento XVI.
O "Califa" do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, ridicularizado pela revista Charlie Hebdo, desencadeou a auto-censura por causa do "discurso de incitamento ao ódio," ao passo que o trabalho de Chris Ofili "A Santa Virgem Maria," na qual a mãe de Jesus é coberta de fezes e imagens de órgãos genitais, foi defendido pelo New York Times como "liberdade de expressão". Isso significa que algumas religiões são mais iguais do que outras?
Se um imã protesta veementemente contra algo, a elite de esquerda sempre apoia a falsa acusação de "islamofobia". Se um protesto pacífico é liderado por um bispo católico, a mesma elite invariavelmente o rejeita em nome da "liberdade de expressão".

sábado, 22 de outubro de 2016

Provocação!

A iniciativa foi anunciada como um protesto contra a insuficiência de mesquitas para os mais de um milhão de muçulmanos que vivem na Itália.

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sábado, 15 de outubro de 2016

um Orçamento do newspeack orwelliano

um Orçamento do newspeack orwelliano,
em que o que é tem de ser apresentado como não sendo o que é…
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Com artifícios de linguagem – em tudo idênticos com o tentado ao procurar que o perdão fiscal recentemente anunciado não fosse designado de perdão fiscal… – procura-se esconder o incumprimento de uma das promessas da geringonça, dizendo que foi só “meio incumprimento”.
Tudo isto bem envolvido na nova língua de pau da governação, de que é exemplo supremo a mensagem no Youtube do Costa que consegue a proeza de não explicar um só ponto do Orçamento e das suas opções, limitando-se a repetir frases feitas sobre os desígnios da actual maioria. Para dizer o que disse, bem podia ter ficado calado.
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Vamos ao exemplo mais gritante, a falácia de que a sobretaxa do IRS vai ser devolvida gradualmente. Não vai, nem isso nunca podia acontecer. O que vai acontecer é que essa taxa vai diminuir e a única coisa que é gradual é a evolução dos descontos nos ordenados dos trabalhadores por conta de ontem.
realmente,
a sobretaxa mantém-se para todo o ano de 2017, os descontos na fonte nos salários dos trabalhadores por conta de outrem é que irão desaparecendo gradualmente. O resto é propaganda e mistificação.
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outro exemplo:

Esta estratégia tem componentes políticas de nenhuma subtileza – o aumento de 10 euros nas pensões dos reformados ocorrerá apenas em Agosto, ou seja, a tempo de receberem duas prestações da sua nova pensão antes de irem votar nas autárquicas – mas de elevado custo – os 187 milhões que esse aumento custará em 2017 transportará para 2018 um encargo anualizado de 400 a 450 milhões de euros. (in Observador por José Manuel Fernandes)

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

já não são como eram!

Nos partidos de governo da Europa, era costume os líderes que perdiam a confiança dos eleitores ou dos seus pares retirarem-se. Nos partidos sociais-democratas, deixou de ser assim, porque é possível ao líder rejeitado sobreviver com o amparo de um radicalismo sectário que demoniza a “direita” e trata como “traidores” os que, à esquerda, não pensam dessa maneira.
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É assim que a Grã-Bretanha não tem oposição,
a Espanha não tem governo, e
Portugal tem um governo que aumenta a dívida e inventa impostos, à espera não se sabe de quê.
A democracia representativa e a economia de mercado estão hoje em causa, à direita e à esquerda. A esquerda democrática precisa de se defender do radicalismo, se quiser ser relevante nesse debate, e não apenas o último refúgio de líderes falhados.
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Na Espanha Pedro Sánchez já não é líder do PSOE. Mas a sua história é muito instrutiva sobre as aflições da esquerda democrática na Europa. 
Sánchez perdeu todas as eleições – duas legislativas, duas autonómicas, e as municipais –, com os piores resultados da história do PSOE. Perdeu também a confiança do Comité Executivo, com 17 dos seus 35 membros a saírem em protesto. Mas mesmo sem eleitores e sem colegas, Sánchez preparava-se para ficar. O plano, cheio de truques, era convocar eleições directas, para ser confirmado como líder pelos militantes. 
“La estrategia estaba clara. Los números no salían y sólo cabía hacer fracasar el Comité Federal. «Es la bronca típica de los minoritarios en una asamblea de agrupación. Provocar el caos para impedir que la mayoría consiga imponerse», apunta un conocedor de los entresijos socialistas. Durante el día, el sector de Sánchez utilizó argucias para impedir el desarrollo normal de la mano de César Luena y de un peón fundamental, Rodolfo Ares, miembro de la Mesa del Comité. Su único objetivo era que el Comité Federal fracasara y Pedro Sánchez siguiera en la Secretaría General. Para ello, era necesario que se impidiera cualquier tipo de votación.”
Foi para MANTER O LUGAR que daquele modo que Sánchez recusou viabilizar um governo do PP em Espanha durante um ano.
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Na Inglaterra, o líder trabalhista Jeremy Corbyn perdeu o referendo europeu e anda com sondagens terminais. Mas ao contrário de Cameron, não se demitiu. Ficou, apesar de os eleitores e de a maioria dos seus deputados o terem renegado. Como? Apelando aos radicais que desde Maio do ano passado, em vez de fazerem um Podemos, invadiram em massa o partido e o reelegeram novamente líder. Corbyn não é, de facto, o líder do Partido Trabalhista que existia em 2015: não tem o apoio dos deputados então eleitos por nove milhões de votantes, nem sequer foi a escolha da maioria daqueles que já eram membros do partido em Maio do ano passado (63% preferiram Owen Smith). Corbyn é líder com os votos dos activistas de extrema-esquerda que entretanto ocuparam o partido. A sua intransigência radical serve-lhe para denunciar os opositores como “Tory lite” e expô-los à ameaça dos sicários.
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Em Portugal, temos um precursor de Sánchez e de Jeremy Corbyn. Em 2015, António Costa foi recusado pelos eleitores. Por alguns instantes, na noite de 4 de Outubro, terá havido dúvidas no PS. Ao entregar-se ao PCP e ao BE, como Sánchez pensou fazer com o Podemos e a Esquerda Unida, Costa salvou-se. Não arranjou apenas uma maioria de derrotados para governar. Secou qualquer alternativa no partido, porque criticá-lo passou a ser fazer o jogo da “direita”, essa força maléfica que justifica o pacto do PS com partidos que negam os seus valores. Como curiosidade também contou com um César e um Pedro...e muitos, muitos jornalistas! (por Rui Ramos no Observador)

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

“eu bem os avisei!”

2016 e 2017 não são nem nunca poderão ser 2011”.
Quinze dias depois mais uma fuga para frente ou, como diria o vulgo, “a fugir com o rabo à seringa” ou, melhor “eu bem os avisei!”
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Aquela declaração do venerando Chefe de Estado foi no Fórum do Turismo. Deveria ter sido uma comunicação ao País! Rebelo de Sousa nela resume o que muitos receiam o que nos possa acontecer e parece que poucos o perceberam. Era um encontro sobre turismo e por tal, comentadores e jornalistas (a que temos direito e já perderam a vergonha) não perceberam que Sousa lhes falava de Economia. 

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“Para não repetirmos 2011, agora como tragédia, parece óbvio que o Governo vai ter de alterar a combinação de políticas, que lhe garantiu o acordo com o Bloco de Esquerda e o PCP e a subida ao poder. As ilusões chegam ao fim, mesmo que a habilidade política de António Costa consiga manter alguma ilusão. Um dos mais interessantes aspectos da governação do António Costa é sem dúvida o poder de criar ilusões, de fazer acreditar que a “austeridade” acabou. As mensagens políticas e especialmente as ferramentas económicas usadas são extraordinárias, e umas alimentam as outras, possibilitando a repetição da frase “prometemos e cumprimos”. (por Helena Garrido no Observador)

domingo, 25 de setembro de 2016

assim vai a propaganda para idiota-útil…

Segundo o jornal oficial da geringonça, o presidente do conselho da minoria que nos governa  quer cortar "às empresas" o subsídio da luz que o ex-primeiro ministro Pinto de Sousa lhes tinha "dado" para que baixassem os custos de produção. 
Até parece uma boa notícia para os consumidores domésticos, se for posta em prática, mas se-lo-à para “as empresas” que, com electricidade mais cara, terão que aumentar os custos de produção e colocar o que produz a preços mais elevados?
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(na conta das eléctricas entram, além das remunerações à EDP e à REN, o financiamento da RTP, da ERSE e da AdC, pagamentos aos municípios e até impostos com destinos desconhecidos.)
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Lá para Fevereiro, se a memória não me atraiçoar, voltarei ao assunto!

(in Portugueses podem pagar menos electricidade em 2017 em 25 de Setembro de 2016)

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Manual de instruções para o político de esquerda...

1. Candidate-se dizendo que consegue exigir menos às pessoas, dar mais às pessoas e, no fim, ainda ter contas públicas melhores. Quando toda a gente lhe disser que isso não é possível, acuse-os de estarem feitos com o grande capital.
2. Até saírem os primeiros números, governe exigindo menos e dando mais. Quando o começarem a avisar de que, por aquele caminho, as suas perspectivas económicas serão irrealistas, acuse-os de bota-abaixismo.
3. Nota importante: o político de esquerda não precisa de dizer como vai fazer as coisas; ele apenas precisa de dizer que “é preciso” fazer as coisas. Por exemplo, ele não diz como vai acabar com os pobres, ele diz: “É preciso acabar com os pobres!”, e logo a plateia explode de loucura num aplauso febril. Ele não diz como pensa pôr a economia a crescer; ele diz: “É preciso pôr a economia a crescer!”, “É preciso atrair investimento”, “É preciso exportar mais”. É isto. Só isto. E será sempre isto até ao fim.
4. Começam a sair os primeiros números. Não há qualquer correspondência entre o cenário de crescimento económico que previra e a realidade. Diga que o mundo mudou, que houve uma gripe em África, um engarrafamento em Cabul, uma loja que fechou em Paris, e que isso mudou tudo.
5. Saem mais números. Mais e mais instituições o avisam para o perigo que está a correr e que é preciso mudar o rumo. Diga que “regista”.
6. Todos os indicadores dizem o óbvio: a sua estratégia falhou clamorosamente. Não há a mínima correspondência entre o que prometeu e o que conseguiu. O país não só não cresce mais, como não cresce de todo; mingua e está outra vez a cair em depressão económica. Quando toda a gente lhe disser isso, verifique quanto tempo falta para as eleições; se ainda faltar um pouco, acuse-os de fatalismo e diga que não se deixa abater. E que “é preciso” qualquer coisa. Sempre. “É preciso crescer”, “é preciso investimento”, “é preciso dinamismo”, “é preciso”.
7. O país está falido e vai haver eleições antecipadas. Volte ao número 1.

(por Alexandre Borges no 31 da Armada)