domingo, 13 de novembro de 2016

Lições da América (por António Barreto)

As esquerdas em geral, incluindo artistas, intelectuais, jornalistas, liberais americanos e progressistas europeus, não suportam não ter percebido nem ter previsto o que aconteceu. Como não admitem que são, tantas vezes, responsáveis pelas derivas políticas dos seus países.
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o problema não é o de qualificar Trump nem de sublinhar a sua incultura e a sua falta de sofisticação.
O problema consiste em saber por que razão foi eleito. Contra a opinião sondada e publicada,
este senhor foi escolhido por 60 milhões de americanos que, creio, não são todos racistas, machistas, bandidos, milionários, fascistas e corruptos.
E, se fossem, a questão era ainda mais difícil: como é possível que houvesse tantos assim?
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O problema é o de saber por que razão os pobres, os desempregados e os marginalizados não votaram em quem deveriam votar, isto é, em quem pensa que a solidariedade, a segurança social, o emprego e a igualdade são exclusivos dos democratas e das esquerdas.
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As esquerdas (nas suas versões americana e europeia) apresentam-se cada vez mais como uma soma de sindicatos e de clientelas: mulheres, negros, operários da indústria, desempregados, pensionistas, homossexuais, artistas, intelectuais, imigrantes, latinos ou muçulmanos. Todas as minorias imagináveis, incluindo as mulheres que o não são. Às vezes, resulta. Mas acaba sempre por não resultar. ...
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Acima de tudo, a arrogância e a superioridade moral, cultural e política das esquerdas têm destes resultados:
afastam-nas do povo e favorecem os inimigos da democracia...

(por António Barreto em Lições da America)