segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Isabel Balancho presidente da Junta de Freguesia de Santo Aleixo da Restauração

O dia 1 de Dezembro é para muitos apenas mais um feriado, mas não para os habitantes de Santo Aleixo da Restauração, no concelho de Moura, que desde as gloriosas batalhas de 6 de Outubro de 1641, 12 de Agosto de 1644 e 31 de Maio de 1704 relembram festivamente o dia em que se comemora a definitiva independência de Portugal após seis décadas de invasão espanhola. Isabel Balancho nasceu em 1950 na então aldeia de Santo Aleixo, sete anos antes de se passar a designar por Santo Aleixo da Restauração, em homenagem aos feitos dos habitantes da terra que consolidaram estratégias de defesa e heroicamente impediram os invasores castelhanos de avançarem pelo território português. A hoje presidente da Junta de Freguesia diz ter passado a infância a ouvir as histórias contadas por uma senhora idosa que lhe relatava as Profecias de Bandarra e o que depois realmente veio a acontecer cerca de 90 anos depois dos sonhos proféticos do sapateiro de Trancoso. Isabel Balancho não se cansava de ouvir que Bandarra profetizou um dia a queda do domínio espanhol em Portugal, o que veio a acontecer em 1640 com a subida ao trono de D. João IV. Falecido o cardeal-rei D. Henrique em 1580 sem ter designado um sucessor, Filipe II de Espanha, neto do rei português D. Manuel I, invadiu Portugal e submeteu-o a 60 anos de domínio. A 1 de Dezembro de 1640 um grupo de 40 fidalgos dirigiu-se ao Paço da Ribeira onde estavam a Duquesa de Mântua, regente de Portugal, e o seu Secretário, Miguel de Vasconcelos. A Duquesa foi presa e o Secretário morto. Portugal recupera então a independência sendo D. João IV, Duque de Bragança, aclamado rei com o cognome de "O Restaurador". Na sequência deste episódio os castelhanos procuram por várias vezes invadir Portugal. As terras fronteiriças eram as primeiras a serem massacradas. Santo Aleixo da Restauração, pela sua privilegiada localização raiana e como aldeia próspera, foi muitas vezes alvo dos ataques castelhanos durante as guerras que ficaram conhecidas por Restauração e Sucessão. Mas a garra e determinação do povo surpreendeu sempre os espanhóis pese o facto de os portugueses estarem em menor número e em muitos casos serem apenas simples agricultores. "Não nos esqueceremos de quem por nós lutou, Lamento apenas que quem está no Governo se tenha esquecido desta terra e do que estas gentes fizeram pelo país", Isabel Balancho, a autarca, já fez com que os espanhóis tivessem tido um acto espontâneo, mas muito simbólico para os habitantes da aldeia, quando em 2002 depositaram uma coroa de flores junto do monumento de homenagem à memória dos defensores de Santo Aleixo e pedirem desculpa ao povo português. Hoje, o povo de Santo Aleixo tirará os chapéus e ficará em silêncio quando pelas 10 horas soar o hino da Restauração, tocado pela Banda do Exército da Região Militar do Sul. Seguir-se-ão os discursos e a apresentação dos grupos de alunos das escolas de Santo Aleixo, o coral feminino "As Papoilas" e o Grupo Coral da Casa do Povo, o Coral da Guarda Nacional Republicana de Beja e a Banda Filarmónica de Amareleja. o texto é de LICÍNIA GIRÃO e foi publicado no JN de 011208