Adelino Amaro da Costa faleceu a 4 de Dezembro, na sequência da queda do Cessna que o transportava juntamente com o então primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro e Snu Abecasis, que haviam decidido trocar o voo na TAP e viajar no avião alugado pelo “seu” Ministro da Defesa.
O Cessna iria, por isso, transportar mais dois que os 4 previstos (AAC, António Patrício Gouveia e esposas!
Amaro da Costa, tinha solicitado, dois dias antes de falecer, que o “Gabinete do Estado-Maior das Forças Armadas (GEMGFA) se dignasse a informar com urgência o que entendesse por conveniente sobre a exportação de material de guerra para o Irão”, no eclodir do conflito entre aquele país e o Iraque. O ofício do ministro data de 2 de Dezembro de 1980.
Investigações reforçam, não só, a ideia que AAC conhecia a existência de um “saco azul” de milhões de euros desviados (contos na moeda antiga), mas também da exigência de Amaro da Costa saber o que se passava com a exportação de material de armamento.
Pensa-se também que anteriormente terá impedido a venda de material a países como a Guatemala, Argentina e, note-se, Indonésia.
A situação torna-se ainda mais explosiva quando os auditores concluem que “tudo leva a crer que terá seguido material de guerra para o Irão uma vez que o (...) livro de registo da correspondência classificada contém, a 9 de Dezembro de 1980, uma comunicação do EMGFA – Direcção Nacional do Armamento - alusiva à exportação de material para construção”. O ofício em causa tem a data de 5 de Dezembro. Mas, só terá dado entrada no livro de correspondência classificada do EMGFA no dia 9. Estes dados serão confirmadas já em 1981, a 22 de Janeiro.
Um relatório de auditoria propõe que a Comissão de Inquérito ouça o coronel Aurélio Trindade, Chefe de Gabinete do CEMGFA da altura, General Ramalho Eanes.
Fontes parlamentares ligadas ao inquérito não acreditam em qualquer envolvimento do general, que se disponibilizou para depor por escrito sobre os já conhecidos desvios de dinheiros do Fundo. Os mesmos deputados sublinham, contudo, que a cronologia coincide com a tragédia de Camarate e vem ao encontro da tese de que o alvo do alegado atentado foi Adelino Amaro da Costa.
Embora a Inspecção-Geral das Finanças não estabeleça qualquer relação causa-efeito, os responsáveis pela auditoria explicam nas conclusões que “através da leitura do livro de registo de correspondência classificada do EMGFA se afigura que o ministro da Defesa se encontrava, à data de 2 de Dezembro de 1980, a questionar o GCEMGFA sobre uma eventual exportação de armas ao Irão e o referido livro sugere também que terão ocorrido exportações para aquele país por volta de 5 de Dezembro de 1980 e 22 de Janeiro de 1981”.
Além disso, a Divisão de Logística (DILOG) também deixara de ter competências partilhadas na venda de armamento, passando todo o processo para as mãos da Direcção Nacional de Armamento. Uma decisão que ficou registada a 5 de Dezembro.
Numa análise da legislação à época verifica-se que a Aliança Democrática aprovou o Decreto-Lei 371/80 de 11 de Setembro, que veio atribuir maiores competências ao ministro da Defesa Nacional sobre exportações de armamento e que Amaro da Costa decretou a extinção do Fundo a 18 de Novembro de 1980. texto baseado em documentação própria e na investigação jornalística do Jornal Correio da Manhã.