quem vende ilusões é sempre
apanhado em contrapé pela passagem do tempo. II
.
« Ora, se já à época
era evidente a
artificialidade da “descrispação”, agora, perante o endurecer generalizado das greves, não restam
vestígios dessa ilusão fabricada por Marcelo. [.]
o esfumar dessa ilusão
representa uma derrota política da geringonça. Uma derrota pesadíssima, porque
decorrida no seu próprio território: a rua, onde a influência da CGTP é hoje menor
do que em 2015.[.]
O fim do mito da
“descrispação” está, por isso, repleto de significado político.
Para o governo PS, que tem de
enterrar a fórmula do
poder perpétuo que,
em tempos, julgara ter encontrado através do controlo hegemónico do Estado e
das ruas. [.]
Para a esquerda, para a qual
este corresponde a um momento de desorientação, com tentativas de salvar a
influência institucionalizada da CGTP, de silenciar
as ruas e de
consequente descredibilização dos novos sindicatos [.]
Para o Presidente da
República, principal promotor do mito da “descrispação”, à qual associou o seu
mandato presidencial, e que deverá medir o impacto das suas posições
imediatistas no longo prazo. »