Novembro de 1974
O brigadeiro Silva Cardoso,
membro da Junta Governativa de Angola, entra no Comando do Sector de Cabinda.
Vários militares do MPLA devidamente armados fazem a segurança do edifício.
Alguns soldados portugueses permanecem sentados.
A situação que levara Silva
Cardoso a Cabinda é, no mínimo, surreal: em território sob administração
portuguesa, um movimento, o MPLA, mantinha sequestrados vários militares
portugueses, dentro de uma unidade militar portuguesa e com a conivência de
militares portugueses.
No primeiro andar do Comando
do Sector, Silva Cardoso cruza-se finalmente com um capitão das Forças Armadas
Portuguesas. Diz-lhe ao que vai. O capitão indica-lhe a porta de uma sala
guardada por um militar das FAPLA. Quando a porta é aberta avista-se uma
sala onde eram mantidos presos os oficiais do Comando de Cabinda, entre os
quais o próprio comandante, brigadeiro Themudo Barata. O óbvio remetia para uma
palavra que entre os militares tem um peso próprio: traição.
Com a cumplicidade de vários
militares portugueses, o MPLA não só tomara o Comando do Sector de Cabinda,
como fizera prisioneiros os militares do respectivo comando.
A razão era simples: o MPLA
precisava aceder ao material de guerra proveniente da URSS. Mas para isso o
MPLA tinha de controlar as zonas portuárias e precisava de circular livremente
dentro de Cabinda. Ora Themudo Barata não aceitara pactuar com essa manobra.
Logo criar uma situação que obrigasse ao seu afastamento foi a solução. https://observador.pt/especiais/descolonizacao-o-terror-do-batalhao-em-cuecas/?fbclid=IwAR2IaaWuf_SWnZ3Q_2C7Vll3u331zqHUkt797P6-57-T-8Nc3rK9HEvfUX0