François,
investigador universitário, cumpre desapaixonadamente o ofício do ensino
enquanto leva uma vida calma e impermeável a grandes dramas, uma rotina de
quarentão apenas ocasionalmente inflamada pelos relacionamentos passageiros com
mulheres cada vez mais jovens. É também com indiferença que vai acompanhando os
acontecimentos políticos do seu país. Às portas das eleições presidenciais,
França está dividida. O recém-criado partido da Fraternidade Muçulmana
conquista cada vez mais simpatizantes, graças ao seu carismático líder, numa
disputa directa com a Frente Nacional. O país obcecado por reality shows e
celebridades acorda por fim e toma de assalto as ruas de Paris: somam-se os
tumultos, os carros incendiados, as mesas de voto destruídas. Afastado da
universidade pela nova direcção, deprimido, François retira-se no campo, onde
espera deixar de sentir as ondas de choque da capital. Regressa a Paris poucos
dias depois do desfecho eleitoral e encontra um país que já não reconhece. É
tempo de questionar-se sobre se deve e pode submeter-se à nova ordem.