16 de Agosto de 1974.
Estão sequestrados
há quarenta horas e ou Fabião consegue resolver a situação com os
sequestradores, ou a situação agravar-se-á necessariamente, mesmo que a ameaça
de fuzilamento que paira no ar não seja passada à prática.
Finalmente chega o helicóptero com o Comandante-Chefe
das Forças Armadas da Guiné. Carlos Fabião, que é também Encarregado do
Governo, desce do helicóptero.
Aos homens que estão dentro do quartel o ruído do
helicóptero não passa de modo algum desapercebido. Sabem que a partir daquele
momento o desfecho está para breve.
Mas tudo correrá bem: com Fabião vêm duas malas.
Rapidamente elas são abertas e o seu conteúdo distribuído pela Companhia de
Caçadores 21. Assim que recebem o dinheiro os homens da Companhia de Caçadores
21 cumprem a sua palavra e libertam os militares que há quarenta horas ameaçam
fuzilar caso não lhes fosse pago um resgate.
O que acabara de acontecer em Bambadinca explica-se em
poucas palavras – militares portugueses de origem guineense ao saberem que iam
ser desarmados e desmobilizados, o que os colocaria nas mãos do PAIGC, fizeram
reféns alguns colegas de armas idos da metrópole.
Pedem um resgate –
300 contos por cada homem, valor que terá baixado para 60 – caso contrário
começariam a fuzilar os reféns. Os oficiais seriam os primeiros. Dão 48
horas ao Comando Territorial para responder.
Em Bambadinca, o
dinheiro, “patacão”, resolveu a situação.
mas
Em Paúnca, no
início de Agosto de 1974, os militares fulas da Companhia de Caçadores 11, ao
saberem que vão ser desmobilizados, expulsam do quartel os militares brancos.
Estes, desarmados, dirigem-se a um acampamento do PAIGC que rapidamente
recupera o quartel.
Sair rapidamente da Guiné
tornava-se imperioso pois, desfeita a hierarquia de comando, multiplicavam-se
situações comprometedoras como as de Bambadinca e Paúnca além de casos
patéticos como os protagonizados pelo tenente-coronel Luís Ataíde Banazol que,
não satisfeito com o dramático desfecho da operação em que entabulou por conta
própria contactos com o PAIGC – a companhia caiu numa emboscada da qual
resultaram dois mortos e dezoito feridos, dois dos quais ficaram mutilados –,
Banazol achou por
bem enviar uma circular para todas as unidades da Guiné propondo que o Brasil
assumisse o poder naquele território. Quem estivesse de acordo deveria enviar
uma mensagem de resposta apenas com uma palavra: “Chapéu”