Substitua Ventura por Mortágua, Carneiro, Montenegro ou … e terá da minha parte o mesmo comentário!
Não é surpresa para ninguém que o jornalismo português, hoje, esteja em estado de putrefação. Um dos principais sintomas dessa doença crónica? O jornalismo activista, que anda a dominar as redações como um vírus fora de controlo. E é precisamente isso que vemos na crítica de Rui Pedro Antunes à entrevista de André Ventura. Um festim de hipócritas, de uma "imparcialidade" tão inventada quanto um algoritmo da Google.
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Antunes, que provavelmente não viu a entrevista, ou talvez tenha decidido comentar com a típica agenda que já é mais velha que a própria CNN Portugal, não perdeu tempo em engolir os papéis dos comentadores da esquerda e vomitar mais uma dose de seu veneno contra a direita. Para ele, tudo o que Ventura fez – levantar-se, deixar o programa e expor a mediocridade de certos jornalistas – não passa de uma manifestação de autoritarismo e intolerância. Mas, a sério, quem é que está a ser intolerante aqui? O homem que é atacado em praça pública, com perguntas manipuladas e um tom de interrogatório digno de um tribunal de exceção, ou os pseudo-jornalistas que, em nome da “liberdade de expressão” (mas só da deles, claro), se acham no direito de gozar com a paciência de quem está em frente à câmara?
Vamos lá analisar, então, o brilhante comentário de Antunes, que se perde em acusações de falta de argumentos, e esqueceram-se de perguntar ao André Ventura uma única coisa útil ou construtiva. Claro, uma das perguntas chave foi “Porque berra tanto?” que, pelo visto, é uma crítica muito profunda. Quem não percebe que questionar a intensidade da voz de alguém é uma forma totalmente legítima de discutir política, não é? Esqueçam-se de perguntar sobre propostas concretas, ideologias ou soluções para o país. A melhor forma de chegar ao cerne de um político é, claro, perguntar-lhe se ele está a gritar ou não.
E por falar em imparcialidade, ninguém parece ter notado a incrível "neutralidade" dos comentadores presentes. Francisco Rodrigues dos Santos, por exemplo, é imediatamente tachado como "proveniente de um campo político oposto" por apoiar Gouveia e Melo. E Pedro Costa? Bom, é filho do António Costa, mas claro, isso não significa nada – afinal, quem não tem uma ligação familiar com o PS hoje em dia? Padrinhos, tios e até avós fazem parte do jogo, não é? Como sempre, a imparcialidade nos programas de opinião é rigorosamente respeitada… Ou será que já estamos todos tão anestesiados pela máquina mediática que ninguém mais consegue ver essa comédia travestida de jornalismo?
E que tal o momento em que Ventura se levanta e decide que já basta? Porque sim, basta. Éóbvio que, num país onde os jornalistas que se dizem imparciais se acham donos da verdade absoluta, um político que não se submete aos jogos de humilhação, como os que foram impostos nesse programa, merece ser tratado como um "tótó autoritário". Ora, se ele não aceitou as provocações, então o problema está nele, claro. Não são os jornalistas que estão a conduzir a entrevista como um show de condenação pública, mas sim o político que ousa não engolir a provocação.
Rui Pedro Antunes, na sua análise, entra na típica dança do comentariado de esquerda, sempre com a mesma fórmula: atacar a direita como se fosse uma tarefa moralmente superior, mesmo quando a entrevista em questão não tem absolutamente nada a ver com política real, mas sim com aquele tipo de guerra cultural insuportável. O que se esperaria de um jornalista sério? Uma abordagem crítica, sim, mas com base em dados e argumentos sólidos, e não essa caça às bruxas insensata que estamos a ver em todos os cantos da esfera mediática.
E assim, é sempre assim: no final, quando se faz uma crítica legítima a um político de direita, é logo chamado de “vitimista”, “autoritário” ou “populista” – nunca, claro, de alguém que apenas não tolera ser espancado mediaticamente por meia dúzia de jornalistas que, ao invés de questionar e investigar, só sabem arranjar pretextos para diminuir a sua figura. Estamos no pico da era do jornalismo activista, onde a objetividade e o equilíbrio são apenas palavras bonitas que não servem para nada, a não ser para manter as aparências enquanto se faz propaganda disfarçada de informação.
Mas já sabemos como é, não é? Se alguém não se cala, se alguém não engole a narrativa, se alguém não se curva ao “politicamente correto” de uma imprensa radicalizada – esse alguém é automaticamente o culpado, o vilão. E assim vamos assistindo ao enterro da nossa liberdade de expressão. O pior é que, no fundo, todos nós sabemos que a pergunta que mais se ouve nesse "jornalismo" activista é sempre a mesma: “Porque berra tanto?”

