Do progressismo teológico ao papel na reforma da Igreja, Ratzinger foi quem durante mais tempo influenciou a maior instituição religiosa do mundo na história contemporânea. Morreu aos 95 anos. Conheça a sua longa vida
sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
Uma tristeza profunda que nem o Natal mitiga
A 2 de novembro, dia de finados, decidimos exteriorizar publicamente a nossa tristeza e prolongá-la no tempo. Decisão profundamente ponderada pela Direção Central e pelo Conselho Supremo da Liga dos Combatentes. Ponderada foi, também, a forma como transmitir publicamente o sentimento auscultado, desde há anos, por parte dos Combatentes, quer nas inúmeras cerimónias, convívios e visitas feitas pelos elementos da Direção Central e Direções dos Núcleos por esse Portugal profundo, quer em contundentes cartas e mails anti-governos sistematicamente recebidos. O Estatuto do Combatente, documento histórico ainda não completamente regulamentado nem implementado, foi bem acolhido, mas quedou- -se por medidas de ordem moral e ficou sem tomar qualquer atitude no que se refere aos direitos adquiridos por todos os Combatentes após a publicação da Lei 9/2002, depois profunda e negativamente alterada pela Lei 3/2009 e mantidos, sem alteração, pelo chamado Estatuto do Antigo Combatente. Sublinho que os direitos foram reconhecidos a todos os Combatentes e não apenas aos mais carenciados. Por isso, a posição da Liga dos Combatentes tem sido a da revisão dos direitos adquiridos por todos os Combatentes, sem distinção daqueles a quem a vida veio a sorrir ou daqueles para quem a vida foi madrasta. Todos, ricos e pobres, cumpriram, então, com sacrifício e perda do direito à liberdade e do direito à vida, de armas na mão, um serviço superior ao país que a lei 9/2002 veio a recompensar materialmente. Direito esse que a lei 3/2009 veio a reduzir drasticamente e que serviços como a CGA e Segurança Social reduziram e alteraram para menos, sem qualquer explicação aos Combatentes, que não seja a informação que se trata da aplicação da lei e nada mais. Mas passemos à exemplificação de casos concretos. A lei 9/2002 estabelecia suplementos especiais de pensão e acréscimo vitalício de pensão, para todos os Combatentes, de acordo com o tempo passado em áreas de grande periculosidade, que em média se situavam em cerca de 200 a 300 euros por ano. A Lei 3/2009 veio reduzir e fixar limites mínimos e máximos. Máximo, 150 euros ano, para quem passou mais de dois anos em áreas definidas como de grande perigo, 100 euros ano para quem esteve até dois anos e 75 euros para quem esteve até um ano. Se a redução na Lei 3/2009 foi drástica, a execução da lei foi até hoje incompreensível. Há Combatentes que recebiam 150 euros e recebem hoje 60 euros ano. Há Combatentes que recebiam 75 euros e recebem hoje 36 euros ano. Há Combatentes que ultrapassam o máximo e recebem 180 euros ano! Sobre todos os suplementos recai o IRS! Os Combatentes do quadro permanente deixaram de receber pela Lei 3/2009. Mas há Combatentes do quadro permanente que continuam a receber. Por outro lado, o complemento especial de pensão que se destina aos Combatentes com pensão social, pouco mais de 200 euros mês, passou pela Lei 3/2009 para apenas 3,5% da pensão por cada ano de serviço o que significava cerca de 7 euros/ano. O novo estatuto aumentou o complemento especial de pensão 100%, o que corresponde a cerca de 14 euros! Manifestamente insuficiente. São cerca de 1700 Combatentes nesta situação. A Liga dos Combatentes, nas suas propostas entregues à Assembleia da República e ao Governo, em maio de 2021 e maio de 2022, propôs um vencimento mínimo por mês para estes Combatentes em situação de pobreza evidente, e para os restantes um vencimento mínimo por ano, a atingir em três anos (ver as outras propostas completas na revista «Combatente» e site da Liga). Os restantes Combatentes, cerca de trezentos mil, a que agora acrescem as viúvas (contempladas pela Lei 9/2002 e excluídas pela Lei 3/2009), mantêm-se na situação descrita, recebendo anualmente o que apelidam de “esmola” de outubro, referente ao suplemento especial de pensão uns e outros ao acréscimo vitalício de pensão. É essa situação geral de tratamento indigente e incompreensível quanto à alteração e diferenciação do mesmo, para que mais uma vez se alerta. Nem apoio à saúde, nem o apoio do HFAR tem sido possível, embora as Forças Armadas e o Ministério da Defesa Nacional, tudo tivessem diligenciado para que isso acontecesse. Outros apoios médicos e medicamentosos, nada foram considerados e a taxa moderadora, concedida no Estatuto foi, e bem, extensível a todo o cidadão. Os transportes gratuitos ficaram reduzidos aos transportes terrestres até 32 km da residência e a entrada dos Museus, reduzida a 25 museus nacionais! Regista-se, porém, um esforço para implementar medidas do Estatuto. Alguns dos Combatentes sentem-se recompensados por finalmente serem considerados, por proposta da Liga dos Combatentes, embora 47 anos após o fim da guerra, como “Titulares do Reconhecimento da Nação”. Grande Vitória moral! A generosidade dos Combatentes não tem limites! Cumprem o seu juramento. Mas o sentimento de frustração e de tristeza, constatando que foram votados ao ostracismo, em termos de apoio social e apoio à saúde, é real, quando se sente hoje a preocupação governamental, em termos de orçamento do estado e face à situação atual, de se compensarem todos os cidadãos, onde como é natural se situam os Combatentes, mas sobre os quais se enunciam, mais uma vez, apenas efémeras e teóricas referências. A Liga dos Combatentes vem informando desta situação, desde há anos, quer ao nível da Presidência da República, Assembleia da República, Primeiros-ministros e Ministério últimas propostas da Liga dos Combatentes. Foi atitude unânime manifestar publicamente a nossa tristeza. A maior tristeza do povo manifesta-se no luto. Os Combatentes emanam do povo. A sua grande tristeza manifesta- -se pelo sentimento do luto. No dia 2 de novembro, colocaram na lapela do casaco um laço preto de Homenagem aos Combatentes caídos, em especial aos caídos sem apoio à saúde e sem apoio social. Continuarão usando esse laço preto na lapela do casaco, em cerimónias, convívios e outras atividades públicas, em sinal de tristeza, para não usar outros adjetivos, até que a situação descrita neste editorial seja resolvida. Esta situação não poderá implicar que não passemos tranquilos e evoquemos o Natal, gozando esta Paz teórica, feliz geograficamente, ainda sem tiros, neste canto do mundo à beira mar plantado. Estaremos tristes, mas unidos nos mesmos valores e princípios que a condição militar nos ensinou quando foi necessário defender, de armas na mão, os interesses então considerados superiores do país. Foi isso que nos tornou cidadãos diferentes, e iguais àqueles que se bateram e batem hoje desde a Bósnia à República Centro Africana. Somos aqueles cidadãos diferentes, que na sua juventude, durante anos, perderam a Liberdade e o Direito à Vida. Por isso a nossa esperança continua inabalável. Temos razão e apelamos por justiça. Quem dentro de uns anos falta implementar. É sobre aquilo que falta legislar, e é fundamental, que aqui deixamos o sentimento generalizado dos Combatentes. Entretanto, renasce esperança no caminho a percorrer, ao ouvirmos a Ministra da Defesa Nacional, na tomada de posse do Diretor-Geral de Recursos da Defesa Nacional, atribuir primeira prioridade aos assuntos dos Antigos Combatentes e dos deficientes militares que deverão constituir preocupação dominante daquela Direção-Geral de Recursos. A Liga dos Combatentes continuará sempre atenta e disponível. Um outro assunto agudizou a nossa tristeza. O facto da Liga dos Combatentes ter apresentado a sua candidatura, no âmbito do seu Programa Estratégico e Estruturante Liga Solidária, ao Programa aberto pelo Ministério da Segurança Social, para apoio à construção de uma Residência para Combatentes e famílias no Entroncamento e a mesma não ter sido contemplada. Temos um terreno cedido pela Câmara do Entroncamento e o seu empenhado apoio, apresentámos projeto e exigiram-nos os projetos finais que nos custariam cerca de mais 150.000 euros, sem que tivéssemos a certeza de ser contemplados. Comprometemo-nos a entregar imediatamente esses projetos se fossemos contemplados. Temos uma residência no Porto e outra em Estremoz, era importante ter uma no centro onde temos muitos antigos militares e famílias necessitadas.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2022
José Pracana
18 de março de 1946, Ponta Delgada - 26 de dezembro de 2016, Ilha de São Miguel
domingo, 25 de dezembro de 2022
quarta-feira, 14 de dezembro de 2022
Habituem-se!
Socialistas europeus expulsaram Eva Kaili. Por cá, o que diriam os "nossos" socialistas?
"Em matéria de corrupção não há meios-termos. Se há matéria a investigar deve-se investigar exemplarmente a todos os níveis, porque senão a corrupção alimenta a corrupção e a impunidade alimenta a impunidade"
domingo, 11 de dezembro de 2022
o estado a que isto chegou: "'Embrutecidos' pelo futebol, já aceitamos tudo"
Estamos "habituados e dessensibilizados" para o novo normal.
Cheias em Lisboa: "Medina e Moedas são os vencedores da história".
quinta-feira, 8 de dezembro de 2022
Ciganos Século XVII
quinta-feira, 1 de dezembro de 2022
Marcelo e os Ciganos
sexta-feira, 25 de novembro de 2022
De Abril a Novembro
quinta-feira, 24 de novembro de 2022
quarta-feira, 23 de novembro de 2022
apostolos
01 - Simão
Simão é um apóstolo pouco retratado nos relatos bíblicos, por isso, tudo o que se sabe dele é pura especulação, inclusive a sua morte. Alguns contam que ele havia sido morto em Roma, durante um massacre no ano 70. Outros contam que ele teria morrido após renegar algum deus do Sol. Isso poderia ter sido tanto na Inglaterra quanto na Pérsia (atual Irão).
02 - Judas Tadeu
Depois da morte de Cristo, Judas Tadeu escreveu uma das cartas presentes no Novo Testamento, as chamadas ‘Carta de Judas’. Ele teria seguido a sua missão depois da morte do Mestre e pregado na Mesopotâmia, Arábia, Síria e Pérsia.
Esse último teria sido o local da sua morte, de causas violentas, mas não especificadas.
03 - Mateus
Relatos dão conta de que Mateus teria continuado sua missão no lugar onde viveu com Cristo. O apóstolo teria percorrido toda a Pérsia, Judeia e Etiópia.
A história mais antiga diz que ele morreu na Etiópia de causas naturais. Mas há pelo menos quatro relatos em que ele é assassinado por um rei local: decapitado, afogado, esfaqueado ou queimado.
04 - Filipe
A história da morte de Felipe é confusa. Até hoje não se sabe ao certo como morreu o discípulo que deu continuidade à missão na Ásia, nas regiões de Frígia e Hierápolis.
Há relatos que ele tenha morrido de causas naturais, mas também há estudiosos que acreditam que ele morreu enforcado, apedrejado e até crucificado em Hierápolis.
05 - Tiago Menor
Há dois relatos das causas de morte de Tiago. O primeiro diz que ele foi crucificado, assim como Jesus no Egito no ano de 62. O apóstolo tornou-se missionário na Palestina e no país onde foi morto.
Outra hipótese é que ele teria sido apedrejado até a morte a mando de Ananias, um sumo sacerdote que queria que ele queria denunciasse alguns cristãos.
06 - Tomé
Após a morte de Jesus, o apóstolo que ganhou destaque nos relatos bíblicos por pedir para tocar em Cristo após a sua ressurreição e virou sinônimo de: “ver para crer”, saiu em missão pela Índia.
Morreu no ano 53, perfurado pelas lanças de soldados em Mylapore, na Índia, durante uma de suas orações. Tudo porque ele converteu a esposa do rei Misdaeu, Charisius, que se negou a fazer sexo após virar cristã. Mylapore, quando foi dominada pelos portugueses, passou a se chamar São Tomé de Meliapor
07 - João
João era o discípulo mais jovem que Cristo tinha. Cogita-se que na época da crucificação de Jesus, ele teria entre 17 e 20 anos. Irmão de Tiago (outro apóstolo), o jovem teria sido lançado vivo em óleo fervente a mando do imperador romano Domiciano, mas ele não teria nada sofrido.
Após esse episódio, exilou-se na Ilha de Patmos, na Grécia, em meados do ano 90. De lá se mudou para Efésios, onde morreu de causas naturais por volta dos 100 anos de idade.
08 - Judas Iscariotes
Suicidou-se, arrependido por ter traído Jesus. Ele se enforcou em uma árvore, sobre um penhasco. A corda arrebentou e Judas caiu em cima de pedras afiadas.
É a única morte de um apóstolo que é relatada biblicamente. O relato completo está no Evangelho de Mateus, no capítulo 27 e versículos de 3 a 5.
09 - Pedro
Pedro era o mais velho dos apóstolos e aquele a quem Jesus claramente lhe deu algum tipo de liderança. Após a morte de Cristo, foi Pedro quem conduziu a missão entre os que ficaram.
Vítima da perseguição religiosa de Nero, pediu para ser crucificado de cabeça para baixo por se sentir indigno de morrer como Cristo. Segundo a tradição, o fato se deu no Circo de Nero, onde hoje fica o Vaticano.
10 - André
André era irmão de Pedro, também pescador. Antes de conhecer a Cristo, ele já era seguidor de João Batista, mas não titubeou quando conheceu o Messias e logo juntou-se a ele.
Morreu suspenso em uma cruz em forma de X, na Grécia. Ele havia se recusado a renegar sua fé diante do procônsul romano Aegeates
11 - 02 - Tiago Maior
O Nome “Maior” era para diferenciar do outro Tiago mais jovem (o Menor). O pescador que tornou-se apóstolo, Tiago Maior, tem a sua morte relatada de fontes mais confiáveis. Ele teria sido morto no ano 44. Ele foi morto em Jerusalém na mesmo ocasião em que Pedro foi preso.
Foi Tiago, o primeiro discípulo a morrer em nome da causa cristã. Séculos depois, ele se tornou patrono da Espanha.
Com a colonização de alguns países da América do Sul pela Espanha, Tiago passou também a ser padroeiro de muitas regiões do Chile (Santiago), Peru, México e outras nações que passaram pelo domínio espanhol.
Morreu ao lado do homem que o delatou ao rei da Judeia, Herodes Agripa. O delator se arrependeu e se converteu na hora H. Ambos foram executados em Jerusalém: decapitados ou perfurados pela espada de um soldado.
Segundo uma tradição lendária, o corpo de Santiago teria sido transportado para a Galiza, e sepultado no lugar de Compostela (depois chamado, em sua honra, Santiago de Compostela).
12 - Bartolomeu
Bartolomeu teria exercido a sua missão em Anatólia, Etiópia, Armênia, Índia e Mesopotâmia. A forma de sua morte também desperta polêmica e confusão, pois há mais de uma versão para o fato.
Teria morrido na Armênia, mas não se sabe se foi crucificado ou esfolado e decapitado pelo irmão do rei Polymius. O monarca havia sido convertido pelo apóstolo.
segunda-feira, 21 de novembro de 2022
e o vencedor é...
domingo, 20 de novembro de 2022
Nagasaki 451 anos depois
O porto da cidade de Nagasáqui, no Japão, fez 451 anos, no dia 20 de Novembro, e para comemorar o feito, o coro masculino daquela cidade cantou o hino nacional português para simbolizar a importância de Portugal na sua história, uma vez que foi o povo português que abriu as portas de Nagasáqui ao mundo, em 1571.
sábado, 19 de novembro de 2022
quarta-feira, 16 de novembro de 2022
activistas climáticas
sexta-feira, 11 de novembro de 2022
terça-feira, 8 de novembro de 2022
eleiçoes intercalares nos EUA
quinta-feira, 3 de novembro de 2022
Da verdadeira luta de classes em Portugal
terça-feira, 1 de novembro de 2022
Brasil 2022
segunda-feira, 31 de outubro de 2022
Eleições Brasileiras: uma má analise!
domingo, 23 de outubro de 2022
Um boneco de Soros na Assembleia da República
(3) https://thesaker.is/george-soros-open-society-foundation.../
(4) https://miniszterelnok.hu/europe-must-not-succumb-to-the.../
(5) https://www.project-syndicate.org/.../europe-must-stand...
quarta-feira, 19 de outubro de 2022
A camioneta-fantasma da I República
sábado, 15 de outubro de 2022
“Mais do mesmo não dará resultados diferentes”
a descomplicar o OE2023
Nas últimas 24 horas ficou claro que o robusto corte de rendimentos que o governo está a empreender nos setores público e privado - a pretexto de travar a inflação e de reduzir o défice e a rácio da dívida - tem dois objetivos de fundo: 1. Retirar valor à parte do trabalho na economia ; 2. Fazer desaparecer despesa fixa das contas do Estado.
São esses os dois únicos propósitos do acordo apresentado neste domingo com pompa e circunstância. O primeiro passo de um longo número de prestidigitação que se prolongará até 2026.
O acordo anunciado na Sala dos Espelhos do Palácio Foz constitui a base instrumental do OE que hoje deu entrada na Assembleia da República. Segue-se a liturgia da sua aprovação, num registo de mera formalidade democrática.
O momento é propício à venda fácil de algumas ilusões. O aumento extraordinário do PIB previsto para este ano (6,5%) - empolado pelo efeito da inflação - fará subir automaticamente o divisor na rácio da dívida. O quociente matemático dessa operação, isto é, a dívida percentual, descerá como num passe de pura magia. A inflação fará minguar a dívida para uns reluzentes 110 % do PIB no final de 2023. É a pomba branca que o governo começa por tirar da cartola.
Porém, o OE que se anuncia passa ao largo de tudo o que seria preciso fazer em termos de medidas económicas de fundo. Eis alguns exemplos mais óbvios:
Para reduzir o “gap” produtivo e de rendimentos com a Europa, Portugal carece como de pão para a boca de um crescimento económico robusto. Sem um aumento decente do PIB não haverá emprego, nem receita fiscal nem uma digna distribuição de rendimentos. Portugal precisa, pois, de um aumento substancial do PIB e do investimento público e privado. E era para ontem.
O governo apresenta no OE/2023 um objetivo de crescimento de apenas 1,3 % (contra os 6,5 % previstos em 2022). Uma quebra brutal, resultado da travagem a fundo da economia. Mesmo que não se lhe queira chamar recessão, por pudor semântico e em obediência à definição clássica: dois trimestres consecutivos de crescimento negativo. Mas que nome se deverá então dar a uma queda de 5,2 % do crescimento do PIB num só ano (de 2022 para 2023) ? OK, para os que não gostam de chamar as coisas pelos devidos nomes, direi que é um ‘flop’.
Mas devo perguntar: um crescimento (nominal) do PIB de 1,3 % com uma inflação de 4 % prevista pelo governo (há uma previsão de 5,1 % do Conselho de Finanças Públicas), representa um crescimento real de quanto em 2023 ? A calculadora indica: será de menos 2,7.
Em rigor, estamos perante um cenário macroeconómico de crescimento real negativo do PIB em 2023. Embora não se fale nisso nem essa essa evidência tenha sido referida nos quadros do governo. Assim sendo, a que distância estaremos de uma recessão ?
Não obstante a resposta estar bem à vista, o governo insiste em baixar o défice para 0,9 % em 2023. Num cenário social de enormes carências.- e quando a UE autoriza os 3%. Após um ano (2022) de brutal empobrecimento usar o limite legal seria prudente. Permitiria aumentar os apoios de emergência às famílias e às empresas, e alavancar o investimento público em mais 4 mil milhões € sem beliscar as regras comunitárias.
Ao teimar em reduzir o défice para 0,9 %, em 2023, o governo asfixia a capacidade de investimento e agrava a penúria de milhões de pessoas - sem que nada a isso obrigue ou o justifique.
Em 2012/13 (era Passos Coelho/Portas) chamou-se "ir além da troika" ao mesmo tipo de políticas erradas que estão a repetir-se pela mão do PS. Sim, é exatamente: adotar políticas de austeridade e ampliá-las a uma dimensão desnecessária.
Em 2022/23 (era António Costa II) a estratégia de desvalorização fiscal, ou orçamental, é chocantemente idêntica à aplicada pela troika. O neoliberalismo mudou de embalagem e passou a ter um “nome de guerra”diferente.
Existe uma austeridade ‘de facto’ não assumida pelo PS. Desastrosamente dissimulada no caso das pensões e disfarçada por magros apoios sociais. Essa austeridade agrava o sofrimento dos que foram proletarizados ou empobreceram pela via da brutal desvalorização de salários e pensões em 2022, e ainda, dos aumentos de taxas de juro do BCE.
Para 2023, impõe-se ainda às empresas e à economia um outro módulo de austeridade: um crescimento raquítico (1,3 %) e um défice (0,9 %) - 70 % abaixo dos 3% exigidos pela autoridade monetária europeia e pelas regras da zona €.
Hoje, já não se diz "ir além da troika". Arranjou-se uma palavra mais quente e que a todos consola: "responsabilidade". Amparada numa bengala coxa do jargão técnico-financeiro: “consolidação orçamental”. Expressão que, em bom rigor, significa a consolidação da perda do poder de compra dos milhões de portugueses que vivem de salários ou pensões. O alvo favorito dos neoliberais.
Em tempos não muito distantes, houve um Ronaldo nas Finanças (não sei se se lembram). O estilo de jogo, ficou. O mago das finanças fundou uma religião batizada de "contas certas". O mais importante dos discípulos está à frente do governo. É um mago das palavras certas.
sexta-feira, 14 de outubro de 2022
“Controlo de danos com ajuda da inflação”
quinta-feira, 13 de outubro de 2022
“O orçamento #vaificartudobem”
quarta-feira, 12 de outubro de 2022
“Consolida, Fernando, consolida”
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
O caso Pedro Nuno Santos
No caso de Pedro Nuno Santos está em causa a terceira
situação: o ministro das Infraestruturas tem 1% da empresa, o seu pai tem 44% e
a mãe tem 5%. Não há nenhuma dúvida sobre isto, mas, na primeira resposta à
investigação do Observador, antes mesmo da publicação da notícia, o Ministério
das Infraestruturas tentou logo lançar a confusão dizendo duas coisas:
Disse que o ministro não tem, por si só, 10% da empresa e que, por isso, não está em causa a primeira situação
— claro que não está, ninguém afirmou que estava;
E disse que, no caso de empresas detidas apenas por
familiares, a contratação pública só estava proibida, segundo o parecer, se
fosse feita na dependência do ministro
— o que é verdade, mas não é relevante, porque
também não é essa a situação de Pedro Nuno Santos.
Reparem na habilidade: para contornar o
primeiro ponto, o ministério refere que o ministro tem uma participação, mas de
apenas 1%; para contornar o segundo ponto, esquece a participação de 1% do
ministro. Tudo isto para fazer de conta que não sabem que há uma terceira
situação prevista na lei
— precisamente aquela que se aplica ao ministro e que o deixa em dificuldades.
Chegados ao final desta deprimente história,
sobra uma dúvida intrigante. Se o Governo tem tanta certeza de que Pedro Nuno
Santos não fez nada de mal, porque é que foi à gaveta dos truques políticos
buscar uma confusão, uma omissão, uma falsidade, um erro e uma artimanha? Eu
tenho um palpite: quando se distorce assim a realidade é porque se tem medo da
verdade.