quarta-feira, 19 de outubro de 2022

A camioneta-fantasma da I República

19 de Outubro de 1921.
O dia em que acabou a Republica e começou o Estado Novo
um episódio de terror, parecido com aquele terror vermelho que estava a começar a acontecer na Europa".

A ‘camioneta-fantasma’ é a história de uma das revoluções durante a I República. Existia então um governo da direita republicana chefiado por António Granjo que cai perante um movimento revolucionário conjunto da Guarda Republicana e de marinheiros.
O Presidente da República António José de Almeida recusa-se a empossar o Comité Revolucionário e o País fica sem governo. A 19 de Outubro de 1921, Granjo vai para casa e, durante esse dia, começa a ver-se a Guarda Republicana descomandada e descontrolada.
Guardas e marinheiros vagueiam pelas ruas de Lisboa e, à tarde, dirigem-se a casa de António Granjo para o prender. Mas um vizinho de Granjo avisa-o e o ex-chefe de governo refugia-se em casa de um adversário político, Cunha Leal.
Cunha Leal recebe-o, acolhe-o, tenta protegê-lo – mas, à noite, os tais marinheiros vão numa camioneta que sai do Arsenal da Marinha, onde estavam reunidos, com os guardas".
A ‘camioneta-fantasma’ começa por ir buscar António Granjo. Ao ver Granjo, um dos revolucionários grita para os camaradas: "ó rapaziada! Fura-se o gajo já aqui…?". Não furaram.
Cunha Leal vem com ele para o tentar proteger – e são levados até ao Arsenal da Marinha, onde Granjo é violentamente assassinado. Depois de insultado e agredido, é morto a tiro e à baioneta. A mesma camioneta, onde vai o cabo ‘Dente de Ouro’, persegue e assassina alguns dos políticos republicanos conotadas com o sidonismo.
Como é o caso de Machado dos Santos, ex-ministro de Sidónio Pais e fundador da República – mas também de José Carlos da Maia, um dos revolucionários do 5 de Outubro, entre outros. Machado dos Santos, o herói da Rotunda, o líder do 5 de Outubro, acaba por ser morto a tiro, ainda a caminho do Arsenal, no Intendente.
A camioneta-fantasma da I República foi um episódio de terror, parecido com aquele terror vermelho que estava a começar a acontecer na Europa".