Os Reis do Desconcerto. Os portugueses.
Aceitaram placidamente que Pedro Nuno Santos gastasse na TAP mais de 5 mil milhões de euros numa nacionalização que nada, a não ser o capricho ministerial, justificava. Ergueram as sobrancelhas quando o ministro, num dos momentos mais insólitos de um governo em qualquer sítio do mundo, anunciou um novo aeroporto à revelia de toda a gente. Mas acham agora que estão perante um caso grave quando são informados de que uma empresa do pai do ministro fez um contrato público por ajuste directo no valor de 19.110 euros. Os portugueses, porque são eles o sujeito destas constatações, são assim: perdoam e até premeiam políticas que os empobrecem; desculpam opções que nada, a não ser a corrupção, explicam, mas sacam dos princípios quando vislumbram um caso, sobretudo se o caso meter maridos, mulheres, filhos e sobretudo se os montantes envolvidos forem numa escala que entendam, logo, baixos. Os casos, já se sabe, são a ferrugem dos governos, sobretudo daqueles a que nada mais parece afectar. Mas os casos são também a espuma que distrai do maior caso de todos: o mau Governo. (helena matos no Observador)