“Entre entradas e saídas,
passaram ou ainda estão no Governo socialista 27 pessoas com relações
familiares entre si, ou com algum deputado do PS, ou com algum parentesco de
ex-deputados do PS ou dirigentes socialistas, ou que tenham sido nomeadas para
um organismo estatal nesta legislatura, num total de 12 famílias.” (in “Teia
de relações no Governo Costa e Parlamento junta 27 pessoas e 12 famílias no
poder” por Joana Almeida )
.
Porque é que Costa não diz
nada contra este triste espectáculo que é ver ministros a nomear namoradas,
filhos e mulheres de secretário de Estado, deputados ou outros ministros?
Porque ele é em si mesmo a endogamia política. [.]
Ou seja, estes casos de 2019
mostram o António Costa amoral que está cá desde 2015. O nepotismo está cá
desde 2015 e contou desde o início com a complacência da corte lisboeta. Já
vimos este filme, ou não?
Sim, já vi e vivi este
argumento: um primeiro-ministro do PS protegido por um manto de silêncio
acrítico e que se julga acima do bem e do mal costuma ser a antecâmara da
bancarrota financeira e, acima de tudo, da bancarrota moral. (in “António
Costa no caminho de José Sócrates” por Henrique Raposo)
para
memória futura:
A
nomeação de Catarina Gamboa, a mulher do ministro das Infraestruturas e
Habitação Pedro Nuno Santos, para chefe de gabinete de Duarte Cordeiro,
secretário de Estado adjunto e dos Assuntos Parlamentares, foi um dos casos
mais recentes de nepotismo no Governo. A tendência para nomear familiares
ou amigos no Executivo de António Costa trouxe algo inédito para a governação
em Portugal, sem comparação na Europa. Mérito ou nepotismo? Eis a questão.
Entre
entradas e saídas, passaram ou ainda estão no Governo socialista 27 pessoas com
relações familiares entre si, ou com algum deputado do PS, ou com algum
parentesco de ex-deputados do PS ou dirigentes socialistas, ou que tenham sido
nomeadas para um organismo estatal nesta legislatura, num total de 12 famílias.
O fenómeno tornou-se particularmente notório com a quarta remodelação do
Governo, cujos novos ministros e secretários de Estado tomaram posse em meados
de fevereiro. Se até então era conhecida a relação familiar que une o
ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e a ministra do Mar, Ana
Paula Vitorino (casados há vários anos), com as novas mexidas no
Governo voltaram a marcar a agenda mais uma série de relações pessoais no
poder central.
Mariana
Vieira da Silva, filha do ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança
Social, António Vieira da Silva, transitou do cargo de secretária de
Estado Adjunta do primeiro-ministro para o Ministério da Presidência e
Modernização Administrativa. Com a mudança, passou para o seu lugar Duarte
Cordeiro, cuja mulher também foi nomeada para presidir a um fundo público,
em Janeiro, quando o marido exercia ainda as funções de vice-presidente da
Câmara de Lisboa.
Esta
terça-feira, o jornal “Correio da Manhã” noticiou que Duarte
Cordeiro nomeou Pedro Anastácio, filho do deputado do PS Fernando
Anastácio, para seu adjunto. Segundo Duarte Cordeiro, nenhuma
relação familiar pesou na escolha. “Considerei as qualificações e a
confiança pessoal das pessoas que vieram trabalhar comigo”, explicou
o socialista.
Conhecida
é também a relação de António Vieira da Silva com a deputada
socialista Sónia Fertuzinhos, cujo relacionamento foi posto à prova após
o escândalo em torno da Raríssimas – Associação Nacional de Deficiências
Mentais e Raras. Em causa está o facto de Sónia Fertuzinhos ter viajado para a
Suécia com despesas pagas pela associação e António Vieira da Silva ter
ignorado as denúncias de gestão danosa na Raríssimas, depois de ter sido
vice-presidente da assembleia geral da associação.
A
ministra da Justiça, Francisca van Dunem, é casada com Eduardo Paz Ferreira,
que foi nomeado pela ministra do Mar para a presidência da Comissão de
Renegociação da Concessão do Terminal de Sines. Beneficiando também das suas relações
familiares, a mulher do ministro do Ambiente e da Transição Energética, João
Pedro Matos Fernandes, foi escolhida para chefe de gabinete do secretário de
Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, até pedir a
demissão há meio ano.
Patrícia
Melo e Castro, assessora do gabinete do primeiro-ministro, é cunhada da
secretária-ajunta do PS, Ana Catarina Mendes, que, por sua vez, é irmã do
secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes. Também
o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, é primo de
António José Seguro, ex-governante e ex-líder dos socialistas.
Outro
caso de relacionamento familiar socialista é Guilherme Waldemar d’Oliveira
Martins, secretário de Estado das Infraestruturas e filho de Guilherme
d’Oliveira Martins, ex-governante do PS, ex-presidente do Tribunal de Contas e
actual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian. Pedro Siza Vieira,
que tem também boas relações com António Costa, foi recentemente nomeado
ministro Adjunto.
Um
dos melhores amigos de António Costa foi também nomeado pelo poder
central. Diogo Lacerda Machado, que até 2017 desempenhou funções de consultou
do primeiro-ministro, tem dois filhos a trabalhar para o Governo: Francisco
Lacerda Machado é técnico especialista desde 2015 no Ministério dos
Negócios Estrangeiros e João Maria Lacerda Machado é assessor da Plataforma das
Indústrias de Defesa, que é detida pelo Estado.
Pelo
Governo passou também Rosa Zorrinho, mulher do eurodeputado socialista
Carlos Zorrinho, que foi secretária de Estado da Saúde, em dezembro
de 2017, tendo ficado à substituição do então ministro da Saúde, Adalberto
Campos Fernandes, em Outubro de 2018. (in “Teia
de relações no Governo Costa e Parlamento junta 27 pessoas e 12 famílias no
poder” por Joana Almeida )