domingo, 31 de março de 2019

as 12 familias d’O POLVO

“Entre entradas e saídas, passaram ou ainda estão no Governo socialista 27 pessoas com relações familiares entre si, ou com algum deputado do PS, ou com algum parentesco de ex-deputados do PS ou dirigentes socialistas, ou que tenham sido nomeadas para um organismo estatal nesta legislatura, num total de 12 famílias.” (in “Teia de relações no Governo Costa e Parlamento junta 27 pessoas e 12 famílias no poder” por Joana Almeida )
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Porque é que Costa não diz nada contra este triste espectáculo que é ver ministros a nomear namoradas, filhos e mulheres de secretário de Estado, deputados ou outros ministros? Porque ele é em si mesmo a endogamia política. [.]
Ou seja, estes casos de 2019 mostram o António Costa amoral que está cá desde 2015. O nepotismo está cá desde 2015 e contou desde o início com a complacência da corte lisboeta. Já vimos este filme, ou não?
Sim, já vi e vivi este argumento: um primeiro-ministro do PS protegido por um manto de silêncio acrítico e que se julga acima do bem e do mal costuma ser a antecâmara da bancarrota financeira e, acima de tudo, da bancarrota moral. (in “António Costa no caminho de José Sócrates” por Henrique Raposo)
para memória futura:
A nomeação de Catarina Gamboa, a mulher do ministro das Infraestruturas e Habitação Pedro Nuno Santos, para chefe de gabinete de Duarte Cordeiro, secretário de Estado adjunto e dos Assuntos Parlamentares, foi um dos casos mais recentes de nepotismo no Governo. A tendência para nomear familiares ou amigos no Executivo de António Costa trouxe algo inédito para a governação em Portugal, sem comparação na Europa. Mérito ou nepotismo? Eis a questão.
Entre entradas e saídas, passaram ou ainda estão no Governo socialista 27 pessoas com relações familiares entre si, ou com algum deputado do PS, ou com algum parentesco de ex-deputados do PS ou dirigentes socialistas, ou que tenham sido nomeadas para um organismo estatal nesta legislatura, num total de 12 famílias. O fenómeno tornou-se particularmente notório com a quarta remodelação do Governo, cujos novos ministros e secretários de Estado tomaram posse em meados de fevereiro. Se até então era conhecida a relação familiar que une o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino (casados há vários anos), com as novas mexidas no Governo voltaram a marcar a agenda mais uma série de relações pessoais no poder central.
Mariana Vieira da Silva, filha do ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, António Vieira da Silva, transitou do cargo de secretária de Estado Adjunta do primeiro-ministro para o Ministério da Presidência e Modernização Administrativa. Com a mudança, passou para o seu lugar Duarte Cordeiro, cuja mulher também foi nomeada para presidir a um fundo público, em Janeiro, quando o marido exercia ainda as funções de vice-presidente da Câmara de Lisboa.
Esta terça-feira, o jornal “Correio da Manhã” noticiou que Duarte Cordeiro nomeou Pedro Anastácio, filho do deputado do PS Fernando Anastácio, para seu adjunto. Segundo Duarte Cordeiro, nenhuma relação familiar pesou na escolha. “Considerei as qualificações e a confiança pessoal das pessoas que vieram trabalhar comigo”, explicou o socialista.
Conhecida é também a relação de António Vieira da Silva com a deputada socialista Sónia Fertuzinhos, cujo relacionamento foi posto à prova após o escândalo em torno da Raríssimas – Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras. Em causa está o facto de Sónia Fertuzinhos ter viajado para a Suécia com despesas pagas pela associação e António Vieira da Silva ter ignorado as denúncias de gestão danosa na Raríssimas, depois de ter sido vice-presidente da assembleia geral da associação.
A ministra da Justiça, Francisca van Dunem, é casada com Eduardo Paz Ferreira, que foi nomeado pela ministra do Mar para a presidência da Comissão de Renegociação da Concessão do Terminal de Sines. Beneficiando também das suas relações familiares, a mulher do ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, foi escolhida para chefe de gabinete do secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, até pedir a demissão há meio ano.
Patrícia Melo e Castro, assessora do gabinete do primeiro-ministro, é cunhada da secretária-ajunta do PS, Ana Catarina Mendes, que, por sua vez, é irmã do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes. Também o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, é primo de António José Seguro, ex-governante e ex-líder dos socialistas.
Outro caso de relacionamento familiar socialista é Guilherme Waldemar d’Oliveira Martins, secretário de Estado das Infraestruturas e filho de Guilherme d’Oliveira Martins, ex-governante do PS, ex-presidente do Tribunal de Contas e actual administrador da Fundação Calouste Gulbenkian. Pedro Siza Vieira, que tem também boas relações com António Costa, foi recentemente nomeado ministro Adjunto.
Um dos melhores amigos de António Costa foi também nomeado pelo poder central. Diogo Lacerda Machado, que até 2017 desempenhou funções de consultou do primeiro-ministro, tem dois filhos a trabalhar para o Governo: Francisco Lacerda Machado é técnico especialista desde 2015 no Ministério dos Negócios Estrangeiros e João Maria Lacerda Machado é assessor da Plataforma das Indústrias de Defesa, que é detida pelo Estado.

Pelo Governo passou também Rosa Zorrinho, mulher do eurodeputado socialista Carlos Zorrinho, que foi secretária de Estado da Saúde, em dezembro de 2017, tendo ficado à substituição do então ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, em Outubro de 2018. (in “Teia de relações no Governo Costa e Parlamento junta 27 pessoas e 12 famílias no poder” por Joana Almeida )