Os
nossos políticos estão muito inquietos com o que consideram ser o “fenómeno de
intoxicação da opinião pública” à escala global.
Tão
inquietos que a União Europeia criou mesmo uma unidade de missão depois de ter
aprovado um
um
documento curioso pois distingue mentiras legítimas – as que forem difundidas
pelos partidos políticos, por exemplo – das ilegítimas,
como
se pode verificar lendo a definição de desinformação inscrita neste documento.
Admito
que alguns leitores tenham ficado tão de boca aberta como eu próprio, pois não
imaginava que a desfaçatez chegasse a este detalhe. Mas chegou. O que é
revelador: o que realmente preocupa os nossos poderes públicos não é a
desinformação, porque desinformação e “fake news” sempre houve e haverá – o que
os inquieta é tudo o que contrarie a narrativa dominante. Incluindo tudo o que
contrarie a narrativa dominante nos media tradicionais.