Temos um jornalismo de
pensamento único,
agora Rio quer um PSD
igual ao PS.
pergunta-se:
para que serve a
política e jornalismo se todos pensarem igual?
.
Henrique Raposo, no
Expresso, relembrou-me "a oportunidade perdida” :
“Foi em Ofir, no Grupo de Ofir, que esteve a chave para um
centro direita contra as esquerdas mas também contra os crescentes
nacionalismos, marialvismos, trumpismos e anti europeísmos”.
mas
sabe-se lá porquê os
portugueses acreditaram num PSD igual a um PS com Cavaco Silva. Primeiro
minoritário, depois vieram-nos duas maiorias absolutas donde
saimos para o PS porque
os portugueses acreditaram num PS igual a um PSD com António Guterres, depois
voltamos... (é preciso
continuar?).
.
Quando me perguntam pela reforma do
estado, a minha resposta começa sempre no Grupo de Ofir e no CDS de Lucas Pires
(1983-85). Está lá tudo. As reformas que andamos a discutir em 2018 já estavam
inscritas num documento pensado entre 1983 e 1985. Sim, o livro No
Caminho da Sociedade Aberta, a compilação dos trabalhos de Ofir, é o grande
guião da reforma do Estado. Por outras palavras, a direita perdeu 30 anos.
Aliás, o país perdeu 30 anos. Estamos atrasados 30 anos no debate sobre estado
social. A troika não aterrou no Terreiro do Paço por acaso.
Mas então quais eram as políticas
propostas pelos jovens turcos de Ofir? Na educação defendiam a autonomia das
escolas e criticavam o modelo do estado monopolista. O estado deve ser a
garantia do acesso à educação e não o prestador universal; o apoio deve ser
"dado às famílias e educandos - não directamente às escolas", porque
a liberdade de escolha dos pais deve ser a pedra angular da educação.
Interessa, portanto, distinguir entre estado prestador e
o estado garantia: o Estado tem de garantir à criança o acesso à escola,
mas isso não significa que tenha de produzir essa oferta escolar. Na
saúde, um jovem Bagão Félix seguia caminhos semelhantes. A base do sistema,
dizia Bagão, deve ser a liberdade de escolha do paciente e não a oferta do
estado, pois o centro moral da sociedade é a família e não o burocrata. Em
consequência, o seguro de saúde deve ser obrigatório, com o estado a
servir de garantia a quem não tenha posses para pagar o seguro. É este o
princípio da famosa Obamacare.
Em resumo, o estado não tem de ser o
médico e o educador geral da sociedade. Além de absurdamente cara, a concepção
centralizada e monopolista (aquela que temos) é perigosa do ponto de vista da
liberdade: o nosso actual estado tem demasiado poder e influência, limitando as
opções dos indivíduos, das famílias, das instituições privadas e comunitárias.
Neste sentido, a nossa grande reforma deve passar por uma viagem até à ideia
original e conservadora (Bismarck) do estado social: o seguro individual ou
familiar, o apoio directo às famílias e não a construção de burocracias
paternalistas que depois forçam as famílias a colocar os filhos na escola x e
os velhos no hospital y. O centro da nossa vida colectiva deve estar na
sociedade, nas famílias, e não no estado. O estado existe para servir as
famílias e não o inverso. Sim, não me apareçam só com folhas de cálculo. Antes
de ser financeira, esta é uma questão moral. (in “Bagão
Félix e Lucas Pires repensaram o Estado há 30 anos” por Henrique
Raposo)