sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

nórdicos do sul da Europa

títulos que se ouvem aqui e ali e continuam desligados da sua realidade...
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Há pouco mais de quatro anos, a BBC abriu um artigo sobre o Porto com seis mulheres que lavavam a roupa em tanques públicos. Para o jornalista, aquele "equivalente medieval de uma lavandaria" era "a única coisa" que "as pessoas sem dinheiro para electricidade ou para reparar uma máquina de lavar roupa podiam usar".
Estávamos na altura em que Portugal era o P do humilhante acrónimo PIGS...
É altamente provável que aquelas mulheres continuem hoje a lavar a roupa nos mesmos tanques. Mas agora não são vítimas do "peso da austeridade" - foram elevadas ao estatuto de "nórdicos da Europa", para citar o jornal La Voz de Galicia, que adoptou o "soundbite" do Presidente Marcelo.
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Se em 2012 o The Wall Street Journal citava os números terríveis da falta de qualificações dos portugueses, esta semana a Forbes elogiou a população "jovem e qualificada" que faz de Portugal um destino óbvio de investimento. Até o desemprego jovem, antes repisado em inúmeras reportagens, é visto agora pela Forbes como sinal da existência de "um reservatório de talentos", impacientemente à espera de uma oportunidade" (!).
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No Portugal dual, uma grande parte da população ainda vive no lado com menos luz - o dos salários baixos e estagnados na retoma, da cultura de trabalho inimiga do mérito e da conciliação com a família, da emigração forçada pela necessidade. (in “De PIGS a nórdicos do Sul em 5,3 segundos” por Bruno Faria Lopes)