sexta-feira, 31 de março de 2017

populismos….depois queixem-se!

Só um cego é que não vê sentimentos populistas no seio da população, sentimentos, aliás, bastante antigos e com uma longa tradição. A ideia de que “eles” não estão lá para governar, mas para se governarem está bem entranhada na sociedade portuguesa. Este sentimento populista pode estar adormecido, ser apenas latente, mas está lá, disso não tenhamos dúvidas. Para que seja activado, são necessárias duas ou três coisas. Primeira, que apareça a tal oferta, sob a forma de um líder ou partido ou movimento populista. Segunda, que se espalhe e interiorize, por exemplo, a ideia de que existe uma corrupção sistémica e que não há consequências, ou seja, o sentimento de que a justiça é forte com os fracos e fraca com os fortes.
no meio disto tudo
Os partidos tradicionais portugueses à semelhança do que aconteceu por essa Europa fora, andam a brincar com o fogo.
Quando as coisas correm bem, os méritos são do governo;
Quando correm mal ou não podem cumprir certas promessas, a culpa é da União Europeia, que os obriga a fazer coisas contra a sua vontade” …

ou de um qualquer “governo anterior” (in Populismo Oferta E Procura )

quinta-feira, 30 de março de 2017

Como se chegou até aqui…

Como se chegou até aqui, é uma história longa que o Economist conta aqui e aqui.
Os gráficos são muito elucidativos da irrazoabilidade de um instrumento democrático aplicado a uma situação tão transcendente para o futuro do Reino Unido e da União Europeia. Decidido o Brêxit por uma margem quantitativamente irrelevante, considerando a dimensão das consequências da decisão que estava em causa, constata-se que, se fosse agora, o resultado seria provavelmente diferente. […]
A propósito, no Financial Times considera-se aqui que Sunderland, uma cidade do Nordeste de Inglaterra, com uma economia que depende em parte muito significativa numa fábrica de automóveis Nissan que exporta a maioria da sua produção para países da União Europeia, mas que votou muito maioritariamente no Brêxit (61,3%) será um teste aos resultados do Brêxit. […] 

Muitos dos que votaram Brêxit não se devem ter apercebido, e os sunderlanders pelos vistos não se aperceberam, e muitos deles continuam a não se aperceber, que as negociações são trocas e só se a União Europeia (com a Alemanha, como sempre, à frente) se distrair o Reino Unido ganhará com os resultados das trocas. (in People Money and Goods por Rui Fonseca )

E para votar em Outubro, Medina também vai contratar figurantes?

segunda-feira, 27 de março de 2017

Compras pelo BCE vão baixar a partir de Abril ?

uma má noticia!
A partir de Abril, o montante de dívida portuguesa que vai ser comprada pelo Banco Central Europeu BCE vai sofrer um rombo. Não só porque o próprio programa, o SMP, terá um abrandamento do ritmo de compras mensais, mas também porque Portugal está cada vez mais próximo dos limites que fixa como teto máximo 33% do volume de obrigações emitidas.
No final de Fevereiro, o BCE e o Banco de Portugal já tinham em carteira €35,5 mil milhões de dívida portuguesa - €25,95 mil milhões adquiridos no actual programa iniciado em Março de 2015 e €9,5 mil milhões do programa SMP que vigorou entre 2010 a 2012. O SMP (Securities Market Programme) tem por base intervir no mercado secundário para comprar títulos de dívida pública dos países submetidos a maior pressão financeira.
Este total fica a pouco menos de €2000 milhões deste limite que, tendo por base a dívida obrigacionista em euros em final de fevereiro, estava em €37,4 mil milhões. Fica assim pouca margem para comprar dívida, pelo menos até outubro quando vence a próxima Obrigação do Tesouro. O ritmo de compras mensais de dívida portuguesa nos dois primeiros meses deste ano — €700 milhões — já quebrou 40% em relação à média do ano passado e terá de reduzir-se ainda mais para que o teto não seja furado.
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Em 2017, o IGCP prevê emitir €15 mil milhões em obrigações mas, desta vez, as compras pelo BCE só poderão ‘cobrir’ menos de metade das emissões previstas, o que irá aumentar o valor dos juros a pagar naquelas operações. (in “Compras pelo BCE vão baixar a partir de Abril” por Jorge Nascimento Rodrigues)

…e os “mercados” ficaram indiferentes aos 2,1%!

É possível que o Governo alegue esquizofrenia e miopia dos mercados face a este resultado do défice, mas porventura seria útil ao Executivo pensar em que medida é que a esquizofrenia não está sobretudo na sua própria actuação.

Na passada sexta-feira, o INE confirmou que o défice orçamental em 2016 foi de 2,1% do PIB.
Este resultado abre caminho para que Portugal saia do procedimento por défice excessivo aplicado ao país desde 2009, por ser inferior ao valor de referência de 3% previsto no Pacto de Estabilidade e Crescimento, bem como ao valor de 2,5% definido como meta para que fosse encerrado o processo de aplicação de sanções ao país. O valor do défice, que tem vindo a ser antecipado nas últimas semanas, deveria ter relevância para os agentes económicos, já que à partida sugere que Portugal está numa importante trajectória de correcção dos seus desequilíbrios económicos e financeiros. E esta é certamente a perspectiva com que o Governo apresenta o resultado, que apelida de histórico e extremamente relevante para a credibilização do país e do próprio Executivo. 
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Uma forma de avaliar em que medida é que os agentes económicos estão a interpretar este resultado como sendo extraordinário é olhar para as taxas de juro no mercado secundário de dívida pública nacional. Curiosamente, a resposta dos mercados é bastante significativa, mas não no sentido esperado. De facto, as taxas de juro das obrigações a 10 anos têm estado a subir ao longo das últimas semanas, e são agora as mais elevadas desde março de 2014, vários meses antes da saída da troika do país. Os títulos chegaram a ser transacionados acima de 4,2% durante sexta-feira, o dia em que o INE publicou as contas.
É por isso claro que os mercados, ou não compreenderam ainda estes dados, ou ignoraram os mesmos por estes não conterem informação relevante para a avaliação do risco do país. E, embora seja tentador considerar a primeira explicação, parece-me que a segunda é bastante mais plausível. De facto, é importante ter presente a forma como este resultado foi obtido, tendo sido fortemente ajudado pelo esmagamento do investimento público, que tem custos para o nosso potencial de crescimento futuro, bem como pelo perdão fiscal que o Governo lançou em 2016. Pouco foi feito para, de forma estrutural, alterar a nossa capacidade de diminuir a despesa pública, o que é consistente com o facto de a redução do défice estrutural para o ano passado estar estimada em apenas 0,1%. Por isso, não é surpreendente que a nossa dívida em 2016 tenha sido a maior de sempre, correspondendo a 241 mil milhões de euros e 130,4% do PIB, em valor absoluto e como percentagem do PIB, respectivamente. Ou seja, apesar dos valores históricos de défice, não estamos a progredir no que constitui a nossa principal fonte de incerteza económica: a dívida e a nossa capacidade de a pagar de forma estrutural, que continuam historicamente preocupantes.

Encontramos neste Governo medidas, iniciativas e empenho, para promover a capitalização das empresas, a iniciativa empresarial, e o empreendedorismo, que estão entre as mais significativas de que há memória recente, e que são críticas para fortalecer a nossa competitividade actual e futura. Mas temos também um Governo que se tem revelado incapaz de fazer as reformas estruturais que o nosso Estado necessita, preferindo tomar decisões e apontar medidas que oneram ainda mais o peso do Estado, incluindo a reversão de várias medidas de contenção de custos implementadas anteriormente É possível que o Governo alegue esquizofrenia e miopia dos mercados face a este resultado do défice, mas porventura seria útil ao Executivo pensar em que medida é que a esquizofrenia não está sobretudo na sua própria actuação. (por Francisco Veloso in “Mercados indiferentes aos 2,1%”)

sexta-feira, 24 de março de 2017

o Diabo pode mesmo estar ao virar da esquina...

o Diabo pode mesmo estar ao virar da esquina. Basta que o barril de petróleo suba para valores próximos dos 75-80 dólares (por enquanto continua a cair), ou que os juros americanos e europeus respondam à inflação emergente com uma subida consistente das taxas, para que o baralho de cartas da Geringonça se precipite para umas eleições antecipadas. Marcelo Rebelo de Sousa não tem sangue frio para aguentar uma pressão a sério.
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Caixa paga 10,75% pela emissão de dívida perpétua
André Veríssimo averissimo@negocios.pt | Rui Barroso ruibarroso@negocios.pt
Negócios, 23 de março de 2017 às 13:08
O banco liderado por Paulo Macedo fechou a taxa final para emitir dívida subordinada que conta como capital (AT1). Para convencer os investidores a apostar nestes títulos perpétuos, a Caixa Geral de Depósitos vai pagar 10,75%, segundo dados avançados pela Bloomberg. O valor indicado inicial era de entre 11% e 11,5%. No entanto, o juro elevado atraiu um nível e procura que triplica o montante em oferta. A liquidação da operação está prevista para 30 de Março.
IGCP lança nova emissão de Obrigações do Tesouro na próxima semana
Agência Lusa/ Observador, 23/3/2017, 11:13
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) vai emitir a partir da próxima semana uma nova série de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), com um montante indicativo de 500 milhões de euros. De acordo com o aviso do IGCP, publicado na quarta-feira em Diário da República, este montante poderá ser aumentado, por opção do emitente, até ao dia 31 de março de 2017, inclusive.
De acordo com uma nota publicada no ‘site’ do IGCP, as OTRV serão colocadas através de oferta pública de subscrição dirigida ao público em geral a decorrer entre o dia 27 de março e 7 de abril 2017, com pagamento de juros, semestral e postecipadamente, em 12 de abril e 12 de outubro de cada ano, calculados a uma taxa de juro variável e igual à Euribor 6 meses acrescida de 1,90%, ocorrendo o reembolso do capital em 12 de abril de 2022.

Grandes investidores internacionais fazem aviso a Portugal
Elisabete Tavares
Expresso, 22.03.2017 às 13h42
O grupo de grandes investidores a nível mundial que sofreu perdas com obrigações do Novo Banco alerta que o país continua a ser penalizado pela decisão do Banco de Portugal, e refere que um acordo seria benéfico para Portugal.
Este grupo, liderado pela BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, e pela PIMCO, uma das maiores investidoras em títulos de dívida, faz parte do conjunto de instituições que perdeu 2,2 mil milhões de euros com a transferência de cinco séries de obrigações do Novo Banco para o banco tóxico que sobrou do antigo BES.

O aviso surge numa altura em que a Caixa Geral de Depósitos procura angariar investidores para a sua emissão de obrigações perpétuas de 500 milhões de euros, no âmbito do projeto de capitalização do banco público.
Quase 500 bancos aproveitaram a última ronda de dinheiro grátis do BCE
Rui Barroso ruibarroso@negocios.pt
Negócios, 23 de março de 2017 às 12:41
Os bancos da Zona Euro acorreram em força à última operação de refinanciamento de prazo alargado direccionadas do BCE (TLTRO). Para estimular a concessão de crédito na Zona Euro, o banco central fez várias operações deste tipo, com juros de 0% ou mesmo negativos e um prazo de quatro anos, sendo que a cedência de liquidez desta quarta-feira é a última agendada.
Houve 474 bancos a participar na operação, segundo dados da Bloomberg e foram alocados 233,5 mil milhões de euros. O valor é bem superior aos 110 mil milhões de euros estimados pelos analistas, o que sinaliza que as entidades financeiras da Zona Euro quiseram aproveitar esta provável última oportunidade para assegurarem liquidez.

Dívida perpétua
Nota da Caixa Geral de Depósitos (
PDF)
BCE quer ultimato a Portugal: mais reformas ou sanções
Rui Peres Jorge rpjorge@negocios.pt
Negócios, 20 de março de 2017 às 21:10
Portugal está há três anos com desequilíbrios macroeconómicos excessivos e não tem adoptado as medidas necessárias para os corrigir apesar de várias recomendações europeias, o que de acordo com as regras do Procedimento relativo de Desequilíbrios Macroeconómicos (PDM) deveria implicar uma multa de quase 190 milhões de euros (0,1% do PIB ao ano). Esta é a posição do BCE, avançada a 20 de Março, numa análise à avaliação realizada em Fevereiro pela Comissão Europeia aos desequilíbrios na UE, na qual o banco central repete críticas à mão leve que Bruxelas tem revelado na gestão deste mecanismo de coordenação, mostrando-se "especialmente surpreendido" com o comportamento de Portugal, cujo governo prometeu muito e fez pouco em 2016.

sábado, 18 de março de 2017

uma profissão de futuro: comentador de “direita”

Graças ao milagre económico português, não só cai o desemprego como se levantam novos e fascinantes empregos. Caso o desejem, os portugueses realmente apetrechados para o ofício podem enveredar por uma carreira de comentador político, na imprensa ou, se lhes sair a sorte grande, na televisão, que dá “visibilidade” e tira a maçada de escrever. Aqui, as possibilidades são diversas, ainda que apenas uma valha a pena. Os comentadores de esquerda, com filiação partidária confessa ou pessimamente camuflada, já ocupam dois terços das vagas disponíveis. Os comentadores que não são de esquerda querem-se escassos, obsequiosos e, de preferência, calados. Pelo que se vê nos inúmeros programas de “debate” e similares, as oportunidades passam sobretudo pelo cargo, hoje imprescindível, de comentador de “direita”. As aspas resumem a coisa. 
Nos parágrafos abaixo, eu desenvolvo-a, de modo a fornecer aos presumíveis candidatos um guia profissional adequado.
1. O comentador de “direita” não é de direita, embora o apresentem à direita e ele pactue com a encenação. A julgar pelas opiniões de que se alivia, por exemplo o ardor com que defende o actual governo e execra o anterior, um ingénuo seria levado a pensar que o comentador de “direita” é de esquerda. Aliás, toda a gente, incluindo o próprio, pensa exactamente isso. O comentador de “direita” não necessita de uma filiação no PSD, mas esta pode ser um incentivo para tentar a expulsão e o subsequente martírio.
2. O comentador de “direita” mal disfarça o júbilo que lhe suscita um governo a reboque da extrema-esquerda. Dado que ninguém o confronta com tamanha bizarria, beneficia de rédea solta para elogiar o dr. Costa, que o comentador de “direita” considera uma personagem de gabarito. Também louva com empenho a “irreverência” das meninas do BE e a “coerência” do sr. Jerónimo. A cada dois meses, não é desajustada a referência simpática à dra. Cristas, a fim de provar que, ao invés de que sucede com Pedro Passos Coelho, é possível uma oposição construtiva. Na “óptica” do comentador de “direita” (por motivos que ignoro, é usual o comentador de “direita” vender óculos), oposição construtiva é aquela que evita a “crispação” e aplaude o governo.
3. O comentador de “direita” só pode apreciar líderes da direita se estes se chamarem Sá Carneiro, mesmo que na época de Sá Carneiro o comentador de direita frequentasse a creche ou os convívios do PCTP. Tolera-se a ocasional menção à dra. Ferreira Leite, a Marques Mendes, no fundo outros comentadores de “direita”, para legitimar encómios ao governo actual. Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho são interditos absolutos. Também podem evocar com grande nostalgia Mário Soares, a quem aparentemente devem tudo: a liberdade, a democracia, a alegria de viver e um almoço na Tia Matilde.
4. O comentador de “direita” deve justa, específica e activamente odiar Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho. O primeiro porque, cito, abusou dos poderes presidenciais, conspirou contra os governos do “eng.” Sócrates e ainda por cima escreveu um livro a contar tudo. O segundo porque correu com o “eng.” Sócrates, venceu o dr. Costa e nunca convidou o comentador de “direita” para o cargo que este, indubitavelmente, merecia. E ambos porque estão vivos.
5. O comentador de “direita” não pode admitir com franqueza que gosta do “eng.” Sócrates. Mas como de facto não desgosta do “eng.” Sócrates, condói-se imenso com o tratamento que o Ministério Público tem dispensado ao antigo governante. Acerca do tema, começa as intervenções com a imprescindível frase: “Sou insuspeito de ser um admirador do eng. Sócrates, mas…”. Ao “mas” segue-se lengalenga épica contra as cabalas, as escutas, as insinuações, as infâmias, a justiça “mediática”, o “Correio da Manhã”, o juiz Carlos Alexandre e o mundo em geral.
6. O comentador de “direita” tende a achar positivo o desempenho do prof. Marcelo, à superfície por via da “proximidade” e dos “afectos” (juro), no fundo por via do matrimónio entre o PR e o PM. Se, por absurdo, houver divórcio, o comentador de “direita” achará o desempenho do prof. Marcelo menos positivo.
7. O comentador de “direita” orgulha-se de ter amigos de esquerda. Se repararmos bem, o comentador de “direita” tem exclusivamente amigos de esquerda.
8. O comentador de “direita” não se limita a abominar a direita a que diz pertencer: quase tão má é a extrema-direita, cujas sombras, repete ele, ameaçam a Europa e os EUA. Misteriosamente, o apreço do comentador de “direita” pela moderação política termina no momento em que a coerência recomendaria a condenação de todos os imoderados. Vinte deputados “fascistas” na Holanda (ou o “populismo”) tiram-lhe alegadamente o sono. Quarenta deputados leninistas em Portugal (ou a “representatividade”) embalam-no como os anjos.

10. O comentador de “direita” é o proverbial idiota útil. Útil para a esquerda no poder, que assim finge velar pela liberdade de expressão. Útil para os “media” avençados, que assim fingem “pluralismo”. Útil para ele, que assim ganha a vida mas não vergonha na cara. E útil para nós: o comentador de “direita” é consequência de um país triste, mas, se o contemplarmos na perspectiva que merece, é causa de muitas gargalhadas.

domingo, 12 de março de 2017

Do populismo vermelho a um novo episódio de asfixia democrática...

O tempo da clarificação aproxima-se rapidamente, e por isso anda tanta gente tão nervosa. O que se está a passar neste momento em matéria de tentativa estúpida de transformação dos chamados órgãos comunicação social—virtualmente falidos, como sabemos— em órgãos de manipulação social, deve preocupar qualquer democrata que saiba que não existe democracia sem liberdades burguesas.

sexta-feira, 10 de março de 2017

o seu a seu dono!

(como é hábito ninguém viu, leu ou ouviu! Mas todos comentam!)
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Em Portugal discute-se a imbecilidade. Há uns quantos dias que se fala do "milagre" referido por Teodora Cardoso. O dito milagre foi referido por Graça Franco, Teodora Cardoso limitou-se a responder à imagem invocada pela jornalista. E cheia de razão. Cheia de razão Teodora Cardoso. (in “O milagre é de Graça Franco, não de Teodora Cardoso”por Vasco Lobo Xavier)

terça-feira, 7 de março de 2017

o Costa sabe-o!

Na noite em que perdeu as eleições, António Costa foi “virtuoso” no sentido em que Maquievel usou o termo no Principe. Levantou uma questão central da vida política: Tenho uma oportunidade para conquistar o poder? E percebeu que tinha. […] Um novo governo do PSD e do CDS seria uma enorme ameaça ao poder da esquerda, sobretudo do PCP, no aparelho do Estado.
Domesticada a extrema-esquerda, Costa lidou com a eleição presidencial da melhor maneira. Aliado às esquerdas radicais no parlamento, precisava de uma figura moderada e do PSD em Belém; por isso, fez o necessário para ajudar a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa.
O Costa está assim no centro de duas alianças políticas. Tem uma maioria de esquerda no parlamento e fez um mini bloco central com o Presidente, empurrando o PSD e o CDS mais para a direita, num país desequilibrado para a esquerda (por isso estamos como estamos, endividados, sem capital e empobrecidos).
Apesar dos gritos e das indignações da direita, a curto prazo, Marcelo não tem condições políticas para mudar o seu comportamento. E o Costa sabe-o.
[…] na Europa a situação também se tornou favorável para o governo. As políticas monetárias do BCE permitem a ilusão do que a crise acabou e o suficiente para o governo reverter algumas das medidas mais impopulares do último governo de direita. A política de juros baixos e de injeção de dinheiro nos mercados serve sobretudo para ajudar os países mais endividados, como Portugal e a Itália. Draghi tudo fará para continuar a auxiliar o seu país e apoiando a Itália, ajuda Portugal.
em ano de eleições […] a evolução política na Europa pode ser ainda mais favorável para o Costa porque a geringonça colocou o PS numa situação invejável para a maioria dos partidos da esquerda moderada na Europa.
Em Espanha, o PSOE está a lutar para continuar a ser o maior partido de esquerda.
Em França, o partido socialista está a chegar ao fim (mais em baixo).
Em Itália, o Partido Democrata dividiu-se.
No Reino Unido, os Trabalhistas foram raptados por grupos de trotskistas. Apenas na Alemanha, o SPD parece estar em condições de regressar ao poder, depois da chegada de Martin Schulz à liderança.

E as eleições na Alemanha (e em França) podem ajudar o Costa e a geringonça. (in “E as coisas podem continuar a correr bem a Costa” por João Marques de Almeida

o estranho caso da AEFCSH da UNova

segunda-feira, 6 de março de 2017

O cerco vai apertar-se…

…para já em torno daqueles que ainda detêm poder suficiente para questionar a verdade oficial
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Já vimos isto no passado quando os mesmos protagonistas montaram um cerco ao então PGR, Souto Moura.
Onde antes estava a Justiça está agora o controlo das entidades que devem supervisionar as finanças públicas e a nossa articulação com o BCE.
Nada disto espanta a quem se interessa pelas tácticas de Lenine mas o que não deixa de irritar é como um século depois esta forma de conquista do poder e de captura das instituições continua aí triunfante, sempre em nome de mais justiça, mais liberdade, mais transparência… enquanto se vai fazendo precisamente o contrário.
2 de Março:
3 de Março:
5 de Março:
Passámos claramente para outra fase, as máscaras estão a cair. Já não há qualquer preocupação em disfarçar.
O facto de nunca se ter desmontado a superioridade moral do socialismo-estatismo ainda mais reforça essa táctica: a qualquer dia, a qualquer momento, a qualquer hora somos convocados em nome da pátria a não perguntar nada sobre a CGD e a gritar por causa das offshores ou dos serviços prestados por privados na saúde.

O cerco vai apertar-se para já em torno daqueles que ainda detêm poder suficiente para questionar a verdade oficial sobre a nossa situação económico-financeira e, o que ainda é mais importante, ocupam cargos que podem colocar em Bruxelas essa verdade oficial em causa. (in Finanças Públicas, “Operação Cerco” por Helena Matos)

quinta-feira, 2 de março de 2017

Vejamos agora algumas coisas que foram ditas nos últimos dias, algumas delas repetidas pelas mesmas ou por outras palavras ainda esta quarta-feira na Assembleia da República.
Primeiro, a habitual campeã da demagogia, Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, numa declaração aos jornalistas: “O Governo anterior deixou sair pela porta do cavalo 10 mil milhões de euros, é um número que não é nada pequeno (…) é bem mais do tudo o que gastamos com o Serviço Nacional de Saúde.”
Depois o próprio primeiro-ministro, que parece estar empenhado em retirar à esquerda radical o exclusivo do discurso extremista, falando durante o último debate parlamentar: É absolutamente escandaloso que um Governo que não hesitou em acabar com a penhora da casa de morada de família por qualquer dívida tenha tido a incapacidade de verificar o que aconteceu com 10 mil milhões de euros que fugiram do país“.
Eurico Brilhante Dias emulou esta quarta-feira o líder socialista, mas com tais excessos que até a sua bancada só o aplaudiu de forma envergonhada, Mariana Mortágua esteve igual a ela mesma e Miguel Tiago, do PCP, já depois das explicações do secretário de Estado do governo que o seu partido apoia, ainda insistiu que neste caso houve “6% do PIB português que escapou do país”.

O que está em causa neste conjunto de declarações não é apenas “fazer política”, explorar um erro do anterior Governo e tratar de desviar as atenções de outros temas mais incómodos. O que aqui está em causa é algo diferente e muito mais grave no seu significado. (in “Populismo? Quem disse que a peste não tinha chegado a Portugal?” por José Manuel Fernandes)

…sempre que se fala em offshores a reacção popular é “puxar da pistola”.

Não vou discutir se bem ou mal – até acho que, em muitas circunstâncias, há todas as razões para puxar mesmo da pistola –, estou apenas a constatar que se trata de um terreno ideal para toda a demagogia. E para o mais rasteiro populismo, mas já lá irei.
Comecemos pela demagogia.
Não houve 10 mil milhões de euros “a sair pela porta do cavalo”, como acusou Catarina: houve 10 mil milhões cuja saída (legal até ver) foi comunicada pelos bancos mas não foi devidamente registada pela máquina fiscal. Esses 10 mil milhões nunca pagariam o SNS, pois se houver algum imposto devido (e pode não haver) estaremos a falar de alguns milhões de euros, no máximo.
Os 10 mil milhões também não “fugiram” do país, como disse Costa: pelo menos uma boa parte deles destinou-se a pagar operações comerciais, informou o seu secretário de Estado. E ninguém podia “verificar o que aconteceu” a dinheiro que, na altura, não aparecia registado no sistema informático.
Sobretudo nada disto tem a ver com o combate à evasão fiscal e à cobrança de dívidas fiscais, algo que melhorou muito nos últimos anos a todos os níveis da máquina fiscal.

Em contrapartida, tudo isto tem a ver com uma insinuação soez: a da conivência com a fuga ao fisco dos “grandes”. (in “Populismo? Quem disse que a peste não tinha chegado a Portugal?” por José Manuel Fernandes)

uma das especialidades do Bloco de Esquerda...

Em Portugal a deriva populista, este discurso do povo contra as elites, dos puros contra os corruptos, tem sido uma das especialidades do Bloco de Esquerda. Nada de demasiado surpreendente se pensarmos que os seus homólogos espanhóis, do Podemos, até teorizam sobre as virtudes do populismo e o seu líder, Pablo Iglésias, foi ao ponto de cunhar um epíteto – “la casta” – para definir todos os seus adversários.
A novidade é a forma despudorada como o PS e o seu líder, por circunstâncias da vida nosso primeiro-ministro, também fizeram seu este tipo de discurso. O partido que, mais do que assistir mudo, cerrou fileiras em torno de alguém como José Sócrates, que defendeu os “negócios de Estado” que ele promoveu a partir de São Bento nas circunstâncias que hoje conhecemos, devia, no mínimo, ter mais cuidado quando atira lama para o ventilador.
Nesta quarta-feira, no Parlamento, depois dos esclarecimentos de Rocha Andrade, só a esquerda radical pode, por ideologia, prosseguir na sua catilinária. Infelizmente o PS também parece querer fazer o mesmo. É talvez altura de alguém mais sereno recordar naquela casa que o populismo “centrista” não está isentos de riscos(in “Populismo? Quem disse que a peste não tinha chegado a Portugal?” por José Manuel Fernandes)

noticias do arraial!

Choveram os foguetes em toda a imprensa a que temos direito porque até o INE confirmava e o Pierre Moscovici certificava !
O ajudante do Presidente, que às vezes chefia aquilo a que chama “governo”, apressou-se escrever um artigo de opinião em que afirmava que “o que propomos é [...] o início de um ciclo virtuoso, assente na melhoria do rendimento e no incentivo do investimento empresarial.”. Mais foguetes e louvores do ex-comentador e dos comentadores no activo!
Mas, não há sol que sempre dure, e vem o Conselho de Finanças Públicas deitar chuva no arraial: “Até certo ponto, houve um milagre”, afirma a presidente do CFP que até é ateia! Teodora Cardoso dúvida da sustentabilidade das medidas que o Governo usou para conseguir reduzir o défice de 2016 para uns surpreendentes 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Milagre?
Crispado, Rebelo de Sousa discorda de Maria Teodora: o "Défice saiu do pêlo dos portugueses" afirmou com veemência em defesa do seu governo – e do anterior - mas sem esquecer de lhe dar um beliscão: Milagre! “Milagre, este ano, em Portugal, só vamos celebrar um que é o de Fátima para os crentes, como é o meu caso, tudo o resto não é milagre", disse o Presidente, sublinhando que houve “um esforço muito grande dos portugueses desde 2011/2012” e não "um milagre".
Mas o Costa não gostou, accionou a “tenebrosa”, convocou os súbditos (aqueles, daquela a que temos direito) e, também crispadamente como o seu Chefe de Estado, confundindo Teodora com Passos ou Portas, trovejou: “Acho que é preciso um grande esforço para ter que invocar em vão o nome de Deus para não reconhecer o que é simples reconhecer: o monumental falhanço de todas as previsões do Conselho de Finanças Públicas ao longo do ano de 2016

quarta-feira, 1 de março de 2017

Je suis “transferência para offshore”

A esquerda que aprovou a publicação das listas de devedores ao fisco e à Segurança Social, porque são os empresários amigos dos governos PS, recusa agora informar quem deve aos contribuintes, via CGD.
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Políticos de esquerda não quiseram que uns poucos jornalistas fizessem más figuras sem companhia, e comentaram o dinheiro que saiu como se, em vez de dinheiro de privados, fosse dinheiro tirado às contas do Estado.
O sempre infeliz (e desleixado com a verdade) Costa também falou em milhões que ‘fugiram’.

É que nem é necessário, para estes lunáticos, verificar se as transações são legais. É dar ideia de que é mesmo dinheiro tirado aos serviços à população carenciada, para engrossar contas anafadas de corruptos de direita. Vergonha na cara e medo do ridículo, RIP. (in Je suis transferência para offshore por Maria João Marques )