Só um
cego é que não vê sentimentos populistas no seio da população, sentimentos,
aliás, bastante antigos e com uma longa tradição. A ideia de que “eles” não
estão lá para governar, mas para se governarem está bem entranhada na sociedade
portuguesa. Este sentimento populista pode estar adormecido, ser apenas
latente, mas está lá, disso não tenhamos dúvidas. Para que seja activado, são
necessárias duas ou três coisas. Primeira, que apareça a tal oferta, sob a forma
de um líder ou partido ou movimento populista. Segunda, que se espalhe e
interiorize, por exemplo, a ideia de que existe uma corrupção sistémica e que
não há consequências, ou seja, o sentimento de que a justiça é forte com os
fracos e fraca com os fortes.
no meio disto tudo
Os
partidos tradicionais portugueses à semelhança do que aconteceu por essa Europa
fora, andam a brincar com o fogo.
Quando
as coisas correm bem, os méritos são do governo;
Quando
correm mal ou não podem cumprir certas promessas, a culpa é da União Europeia,
que os obriga a fazer coisas contra a sua vontade” …