A história começa quando o primeiro-ministro, há seis anos, no início da governação, decidiu adoptar um canídeo para alegrar os corredores da sua residência oficial. O rafeiro de quatro patas, depois de uma infância passada na rua e entre caixotes do lixo à procura de restos de comida, chegou a São Bento como um animal «carente, sem confiança própria» e «sem aquela coragem canina que os donos tanto apreciam» nos cães. Mas o convívio com Sócrates transformou-o por completo.
Pelo menos ele assim o garante nas suas memórias recentemente publicadas:
«Foi em São Bento que mudei de vida e de atitude. O contacto íntimo e diário com o primeiro-ministro transformou-me, fez de mim um cão novo, um cão moderno. Observando o meu dono, seguindo os seus ensinamentos e copiando os seus gestos e acções com uma paixão canina, deixei de sentir que todos os outros cães me eram superiores e passei a considerá-los inferiores. Deixei de os temer e passei a fazê-los sofrer. Tal como o sr. primeiro-ministro, tornei-me um animal feroz». em O Cão de Socrates, Esfera dos Livros
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