Conhecendo
a realidade portuguesa, estão em causa fundos de greve e não
tenhamos pois medo das palavras: o despacho do primeiro-ministro teve como
objectivo limitar a liberdade sindical limitando drasticamente as condições em
que se podem constituir fundos de greve. [...]
Como
é habitual no nosso país, poucos se terão dado ao trabalho de ler esse parecer,
o que é pena. É que um dos pilares da argumentação daquele organismo para
considerar ilícito o crowdfunding é, e cito, “os titulares das
plataformas de financiamento estão obrigados a preservar a confidencialidade
dos dados fornecidos pelos investidores, designadamente a sua identidade”, o
que não “permite controlar a origem dos donativos”. [...]
Em
Portugal há uma enorme tolerância para atropelos à liberdade quando são
protagonizados por socialistas. Em Portugal também só se toleram activismos e
radicalismos (ou se saúdam grandoladas) se tiverem a bênção da esquerda. [...]
Recorde-se
como a primeira guerra ideológica do executivo foi contra o ensino privado, que
na 5 de Outubro se detesta que os pais tenham liberdade para escolherem a
escola dos seus filhos [...]
Este
governo e esta maioria dão-se mal com gente independente e vozes críticas,
preferem quem obedeça e, sendo “boys”, quem se sinta subordinado e agradecido. [...]
Mas
há outra face, a que se revela quando juntamos tudo e nos surge o velho padrão
de um partido que, confortável no centro de um poder de onde sabe que muito
dificilmente será apeado, continua a agir segundo a velha máxima de Jorge
Coelho: “quem se mete com o PS, leva”. ( in «O
pouco amor dos portugueses pela liberdade. E o triste amochar de que “quem se
mete com o PS, leva” » por José Manuel Fernandes )