Trocando por miúdos – quer o Costa queira, quer não — os portugueses estão mais pobres e vão ficar cada vez mais pobres. O país está cor-de-rosa, sim, mas estaria rosa-choque se estivesse consciente desta realidade.
Para além do Banco de Portugal, talvez convenha também mandar calar a responsável do Banco Alimentar, que veio denunciar o aumento dos pedidos de apoio dirigidos a essa instituição, por parte de cidadãos que não conseguem já prover às suas mais básicas necessidades de alimentação. Que maçada é que continue a haver quem não perceba que o discurso tem de ser sempre positivo e irritantemente optimista.
O Centeno já vem dizendo que o crescimento não é eterno (parece que o Ronaldo das finanças está com dificuldade em marcar golos) e o Costa (qual Calimero) põe um ar triste para dizer que não pode aumentar os enfermeiros nem a função pública, e que não compreende porque lhe estão a pedir mais. Passou três anos a alimentar o monstro com reduções de horários, progressões de carreiras e um leque interminável de cedências a torto e a direito e agora admira-se que o monstro esteja de boca aberta a pedir mais e mais.
Suspeito que o que vem a caminho seja o agravamento do IRS para os trabalhadores do sector privado, já que, na opinião do chefe do Governo, os funcionários públicos foram os grandes penalizados pela troika – ficou, por isso, o aviso feito e só não vê quem não quiser ver. Basta ver a forma habilidosa como (não) se mexeu nos escalões do IRS, cirurgicamente e para imprensa ver.
(in “Rosa-Choque” por Luís Reis)
(in “Rosa-Choque” por Luís Reis)