domingo, 27 de janeiro de 2019

o “Costa ‘caneco’” por Gabriel Mithá Ribeiro no Observador


Se o primeiro-ministro ‘caneco’ António Costa (português e lisboeta) e a líder branca do CDS-PP Assunção Cristas (angolana e luandense), fossem Moçambicanos aos olhos dos negros comuns o primeiro teria um fardo racista mais pesado do que a última.
por tal
Não continue a fazer-nos de parvos, senhor António Costa.
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António Costa faz parte da pertença racial que os moçambicanos bem conhecem e que designam de forma depreciativa por ‘caneco’. Entre os oriundos do Índico 'monhé' é o Gabriel Mithá Ribeiro – o autor deste artigo -   por ter ascendentes islâmicos.

«Se vires um ‘monhé’ e uma cobra, mata o ‘monhé’ e deixa a cobra”, dizem os meus conterrâneos moçambicanos.
Isto não é racismo porque, como já escrevi neste jornal, o racismo deixou de existir.
Apenas é a psicopandemia que tomou conta da espécie admite o contrário.

‘Caneco’ é o termo que, em Moçambique, designa os católicos com origem na antiga Índia Portuguesa, tomados como mestiços num contexto esmagadoramente negro, porém puros na sua origem identitária indiana. Constituindo uma minoria étnico-racial não europeia, contudo no tempo colonial o seu estatuto social colocava-os mais próximos dos então brancos de primeira, ambos distintos dos brancos de classe baixa. Os últimos, por seu lado, estariam mais próximos dos negros moçambicanos no quotidiano, enquanto os primeiros, os ‘canecos’, com maior facilidade se posicionavam nos círculos da elite social e administrativa dos brancos de primeira.

O contexto colonial moçambicano permite compreender como um indivíduo da pertença étnica do primeiro-ministro, António Costa, para mais partilhando também a ascendência branca, com facilidade faça parte das elites portuguesas e, com isso, alcance cargos políticos de primeira importância. Em si, o percurso de António Costa nada explica sobre a abertura racial da esquerda branca portuguesa, bem pelo contrário quando se trata de ‘canecos’, como os moçambicanos sabem.

Não é por acaso que a seguir à independência de Moçambique, enquanto uma parte dos ‘canecos’ se integrou e liderou a Frelimo num caminho de rutura fratricida no interior do grupo dos muito portugueses, uma outra parte teve de vir para Portugal. Aqui se transformou na minoria étnica ou racial que não teve problemas de integração social. Mais, que não teve problemas de integração nas elites portuguesas. De todos as minorias étnicas ou raciais, a mais representada nos cargos políticos, académicos ou empresariais de relevo num país como Portugal é a dos ‘canecos’. [.]
Portanto, ver o primeiro-ministro, António Costa, insinuar o que quer que seja de vitimização racial está para lá do absurdo. [.]
No caso da minoria indiana no seu conjunto [monhés (islamicos), canecos (cristãos) ou baneanes (hindus)], este segmento revelou-se a que mais se aproxima do rótulo de racista entre os negros suburbanos moçambicanos.
Se o primeiro-ministro ‘caneco’ António Costa (português e lisboeta) e a líder branca do CDS-PP Assunção Cristas (angolana e luandense), fossem moçambicanos aos olhos dos negros comuns o primeiro teria um fardo racista mais pesado do que a última.
Não continue a fazer-nos de parvos, senhor António Costa.
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