Portugal, ironia das ironias, não tem fascistas que cheguem para encher uma pequena praça ou até a Rua da Betesga mas tem cada vez mais dependentes do fascismo. São eles os caça-fascistas, a versão lusa dos caça-fantasmas. Sem a capa do anti-fascismo revelar-se-ia o que de facto são: uns querem ser ditadores, outros servi-los. [...]
Os mais vulgares são os antifascistas por escape ou transferência. São aqueles que quanto mais dobram a espinha, perante o comportamento anómalo dos chefes, candidatos a chefes, líderes que se dizem animais ferozes e outros espécimes do poder pós-74, mais se fixam na figura de Salazar. Precisam de Salazar e das histórias sobre a estupidez dos censores do Estado Novo para não se confrontarem com o que agora calam. [...]
Depois temos os anti-fascistas por táctica: roubam-se armas em quartéis, a Lei de Programação Militar vai ser discutida em menos de uma hora no parlamento e sobre o que se pronuncia o ministro da Defesa? Sobre o programa de Manuel Luís Goucha! O ministro João Gomes Cravinho até achou por bem no país que viveu os incêndios de 2017 – aqueles em que o governo de que faz parte teve um desempenho miserável – comparar o convite a Mário Machado por parte da TVI com a atitude “de quem ateia incêndios pelo prazer de ver a labaredas”. [...]
Por fim, mas não por último, temos os anti-fascistas por estratégia. Gente que usa a expressão anti-fascista como um colete à prova de perguntas. Muitos deles, a maior parte, mostra uma extraordinária simpatia pelos autoritarismos marxistas. A sua estratégia é simples: impõem o seu poder através da diabolização da divergência. Por isso eles não debatem, em vez disso adjectivam e compõem um mundo pejado de fascistas, racistas, homofóbicos, machistas…Discordar deles implica ser passado automaticamente para o paradigma do odioso do momento. (in “Os caça-fantasmas” por Helena Matos)
Quem nada tem para oferecer para o futuro, conta com o passado para se salvar.
Quem nada tem para oferecer para o futuro, conta com o passado para se salvar.
As esquerdas começaram a construir o nosso regime contra o “fascismo de Salazar”. Agora precisam de novos “fascismos” para o salvar.
Sabem que nada mais lhes resta para oferecer aos portugueses. (in “Desesperadamente à procura de fascistas” por João Marques de Almeida)