segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

GUERRA DA RESTAURAÇÃO – BATALHA DAS LINHAS DE ELVAS

14 DE JANEIRO DE 1659
Aos heróis desconhecidos
O primeiro contra-ataque de Filipe IV de Espanha, para reconquistar a Coroa portuguesa, foi violentíssimo. No entanto, acabou vencido por homens que só “merecem” uma nota de rodapé na nossa História
Já tinham passado mais de 18 anos sobre a Restauração da monarquia portuguesa, após a revolta de 1 de dezembro de 1640 que terminou com seis décadas de “domínio filipino” espanhol, juntando as duas coroas, mas Filipe IV não esqueceu nem perdoou. Quis voltar a ser Filipe III de Portugal.
O primeiro rei depois da Restauração, D. João IV (antes duque de Bragança), morrera há cerca de três anos, o seu herdeiro, D. Afonso VI, ainda era menor e a regência do trono português estava entregue a uma… sevilhana, a rainha viúva D. Luísa de Gusmão (Guzmán no apelido original). Confusos? Desfaça-se já a perplexidade: D. Luísa de Gusmão irá enfrentar a violência imperialista do compatriota com estoicidade.
Quando ordenou o ataque à fortaleza de Elvas, Filipe IV fê-lo em grande e em força. Dez mil homens de infantaria e três mil de cavalaria espalharam-se por uma linha de cerco com 18 quilómetros. Mais: “As trincheiras deles, que faziam a ligação a uma série de fortificações, estavam preparadas para suportar os ataques que vinham da fortaleza para fora e do nosso contingente de socorro – era uma força com dupla proteção”, diz o coronel Luís Albuquerque, diretor do Museu do Exército, em Lisboa. A isto somou-se a habitual inferioridade numérica dos combatentes portugueses: oito mil homens de infantaria e três mil de cavalaria. Sabe quem é D. Sancho Manuel? Era o comandante da sitiada praça de Elvas. E D. António Luís de Menezes? Era o chefe da força de socorro. São estes dois homens, quase ignorados na “grande” História, que vão liderar o confronto com o poderoso exército espanhol numa batalha que durou dez horas, das 9h da manhã até às 7h da tarde, e derrotá-lo. Segredo da vitória: atacaram um ponto da linha inimiga, com cinco fortins e outros tantos quilómetros, e furaram o cerco.
Mas, mesmo no final da batalha, o exército português perdeu um dos seus melhores oficiais à época. André de Albuquerque Ribafria, que comandava a força de socorro no terreno, não resistiu a um ferimento causado por um tiro de mosquete.