segunda-feira, 30 de julho de 2018

oh Catarina, descobriram-te a careca!

Chegou o momento de avaliar as propostas do BE pelo que elas valem (e tantas vezes valem tão pouco), em vez de serem valorizadas pelo que o BE diz dos outros.
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As reações da Catarina Martins e do Francisco Louçâ chegam a ser pungentes. Há uma cabala, pois claro. Porque um dos seus foi apanhado a fazer um grande negócio imobiliário (o que, para o BE. tipifica regra geral a especulação imobiliária), mas não só: a apostar no Alojamento Local (o que, para o BE, normalmente é a gentrificação dos bairros tradicionais), a negociar saídas de inquilinos (o que, noutras ocasiões, para o BE, são despejos sem coração), a mostrar as virtudes de enriquecimento patrimonial (quando, tantas vezes, o BE assinalou a necessidade de ir buscar o dinheiro onde ele está). E poderíamos continuar. Chegou o momento de avaliar as propostas do BE pelo que elas valem (e tantas vezes valem tão pouco), em vez de serem valorizadas pelo que o BE diz dos outros.[.]
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O Luís Fazenda, um dos quatro fundadores do Bloco de Esquerda, tornou-se na primeira voz do partido a criticar o caso Robles. Ao i (sem link), diz que o BE terá de "tirar conclusões" da situação, porque vai contra os "princípios bloquistas".
Não há como fugir ao tema, ele não sai da agenda. O José Pedro Mozos e o Nuno Vinha estiveram a analisar quatro actas da Assembleia Municipal de Lisboa que revelam as contradições entre o dono do prédio e o político do Bloco.
O Marques Mendes disse ontem na SIC que o Bloco se deveria ter "demarcado" do seu vereador municipal em vez de o defender. E que este “é o pior momento político de Catarina Martins. A líder bloquista defendeu Robles de tal forma que envolveu Marcelo sendo depois desmentida por Belém.
Mas as incoerências continuam e continuam e continuam. Afinal o prédio esteve para alojamento local, ainda tem um anúncio de venda activo, deixou quatro pessoas sem emprego e uma despejada e acabou com a fachada vandalizada. Há tantas diferenças entre o discurso de Robles e os actos, que o Carlos Maria Bobone até fez uma análise literária.

(por Filomena Martins no Observador)