Um workshop sobre “desconstrução da
masculinidade tóxica”,
Um debate sobre "a propriedade
é o roubo: socialização dos meios de produção".
Dava para rir se não fosse de
chorar, pois eles mandam no país
.
Entrando no detalhe da programação
depara-mo-nos com verdadeiros mimos.
Logo a abrir, para destrunfar,
discutir-se-á “Saída do Euro: há outra saída?”
Depois haverá muito por onde
escolher – isto se aceitarmos escolher de entre as causas marginais que se
tornaram o modo de vida destas novas esquerdas mais identificados com a vida
dos bares nocturnos do que com os relógios de ponto de uma fábrica.
Alguns exemplos:
- Legalizar (e regulamentar!) todas as
drogas. Isso mesmo: todas.
- Veganismo e Antiespecismo. Um dia destes ainda acabamos
a comer sementes e raízes em nome da bondade da “dieta do paleolítico”.
- Trabalho sexual: o direito ao corpo. O que antes víamos como
exploração sexual das mulheres, agora foi transformado em direito.
- Direito à boémia: necessidade de vida noturna
para produção e radicalização cultural. Confesso que já tinha visto
justificações menos sofisticadas para ir para os copos.
- Ciganofobia. O Bloco adora fobias, pois
dão-lhe causas e indignações. Num acampamento ao ar livre só espero que
tenham também tratamento para a aracnofobia, isto se porventura a defesa
contra as aranhas não cair nos pecados do antiespecismo
- Boicote a Israel e celebração da Palestina. Será que para assistir terão
de ir todos com aqueles lenços aos quadrados que tanto gostam de usar?
- Linguística e linguagem inclusiva. Ou seja, lições de
politicamente correcto e de como o impor mesmo aos recalcitrantes.
- A propriedade é o roubo: socialização dos meios
de produção. Ora
aqui está uma pitada de marxismo puro e duro, à moda antiga. Só espero
que, de caminho, não socializem o motão da Mariana Mortágua.
- Desobediência civil. Curioso este debate num
partido que faz parte do acordo que suporta o Governo. Quererão
desobedecer a eles próprios?
No meu tempo chamava-se a estes
acampamentos sessões de endoutrinação política, mas nos meus tempos os partidos
de extrema-esquerda não andavam disfarçados a fingir que eram aquilo que não
eram, como continuam a não ser mas querem que se saiba. De facto aquilo que o
Bloco não é, não será, nem quer ser a ajuizar pelo programa deste acampamento,
é um partido pacificamente integrado no nosso sistema democrático, com uma
economia de mercado e vivendo pacificamente no seu espaço natural que é o da
União Europeia.
O que o Bloco é, continua e
continuará a ser, é um partido revolucionário que aprendeu com Gramsci que é
ganhando as batalhas culturais que se conquista o poder. E isso eles estão a
fazer e com competência, já não em nome dos trabalhadores, mas do seu desprezo
pela vida tranquila e livre das odiadas sociedades burguesas, como são as
sociedades ocidentais. Por isso tanto lhes faz o veganismo como a
“masculinidade tóxica”, o que conta é ir destruindo o sistema de valores que
nos tem permitido viver em concórdia.