sexta-feira, 6 de julho de 2018

Diz-me com quem acampas...

Um workshop sobre “desconstrução da masculinidade tóxica”,
Um debate sobre "a propriedade é o roubo: socialização dos meios de produção".
Dava para rir se não fosse de chorar, pois eles mandam no país
.
Entrando no detalhe da programação depara-mo-nos com verdadeiros mimos.
Logo a abrir, para destrunfar, discutir-se-á “Saída do Euro: há outra saída?”
Depois haverá muito por onde escolher – isto se aceitarmos escolher de entre as causas marginais que se tornaram o modo de vida destas novas esquerdas mais identificados com a vida dos bares nocturnos do que com os relógios de ponto de uma fábrica.
Alguns exemplos:

  • Legalizar (e regulamentar!) todas as drogas. Isso mesmo: todas.
  • Veganismo e Antiespecismo. Um dia destes ainda acabamos a comer sementes e raízes em nome da bondade da “dieta do paleolítico”.
  • Trabalho sexual: o direito ao corpo. O que antes víamos como exploração sexual das mulheres, agora foi transformado em direito.
  • Direito à boémia: necessidade de vida noturna para produção e radicalização cultural. Confesso que já tinha visto justificações menos sofisticadas para ir para os copos.
  • Ciganofobia. O Bloco adora fobias, pois dão-lhe causas e indignações. Num acampamento ao ar livre só espero que tenham também tratamento para a aracnofobia, isto se porventura a defesa contra as aranhas não cair nos pecados do antiespecismo
  • Boicote a Israel e celebração da Palestina. Será que para assistir terão de ir todos com aqueles lenços aos quadrados que tanto gostam de usar?
  • Linguística e linguagem inclusiva. Ou seja, lições de politicamente correcto e de como o impor mesmo aos recalcitrantes.
  • A propriedade é o roubo: socialização dos meios de produção. Ora aqui está uma pitada de marxismo puro e duro, à moda antiga. Só espero que, de caminho, não socializem o motão da Mariana Mortágua.
  • Desobediência civil. Curioso este debate num partido que faz parte do acordo que suporta o Governo. Quererão desobedecer a eles próprios?
No meu tempo chamava-se a estes acampamentos sessões de endoutrinação política, mas nos meus tempos os partidos de extrema-esquerda não andavam disfarçados a fingir que eram aquilo que não eram, como continuam a não ser mas querem que se saiba. De facto aquilo que o Bloco não é, não será, nem quer ser a ajuizar pelo programa deste acampamento, é um partido pacificamente integrado no nosso sistema democrático, com uma economia de mercado e vivendo pacificamente no seu espaço natural que é o da União Europeia.
O que o Bloco é, continua e continuará a ser, é um partido revolucionário que aprendeu com Gramsci que é ganhando as batalhas culturais que se conquista o poder. E isso eles estão a fazer e com competência, já não em nome dos trabalhadores, mas do seu desprezo pela vida tranquila e livre das odiadas sociedades burguesas, como são as sociedades ocidentais. Por isso tanto lhes faz o veganismo como a “masculinidade tóxica”, o que conta é ir destruindo o sistema de valores que nos tem permitido viver em concórdia.