terça-feira, 10 de julho de 2018

Foi você que pediu uma geringonça?

No Outono de há três anos, pouca gente percebeu o que era a geringonça.
Muitos confundiram-na com uma maioria de esquerda:
uns imaginaram que o PS se teria finalmente rendido às “políticas de esquerda”, tal como o BE e o PCP concebem essas políticas;
outros esperaram que o BE e o PCP,  depois de anos de “protesto”, se tivessem rendido ao princípio da “responsabilidade” de governo, tal como o PS compreende essa responsabilidade. Ora, a verdade é que não aconteceu nem uma coisa, nem outra.
O PS manteve-se fiel a Bruxelas, como não podia deixar de ser num país financeiramente dependente do BCE: aumentou os salários, mas esvaziou os serviços através de cativações – porque, como o Costa já admitiu, não se pode ter tudo... 
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“Nunca aprendemos nada. Se calhar foi pena termos pedido o resgate quando o pedimos. Mais um ou dois meses e falhavam os pagamentos aos funcionários públicos. Se isso tivesse acontecido talvez se tivesse aprendido de vez”.
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Ainda é possível que acabemos por ver muito mais coisas. Mas já é claro no que consiste a geringonça. A geringonça não é a maioria de esquerda. A geringonça é o regime, toda a oligarquia, depois de fracassadas as ideias e liquidadas as expectativas, a tentar salvar-se, agarrando-se ao Estado. A “Terceira via” do PS falhou em 2001, outra vez em 2011 e finalmente em 2015. (in “Foi você que pediu uma geringonça?” por Rui Ramos)