No Outono de há três anos, pouca
gente percebeu o que era a geringonça.
Muitos confundiram-na com uma
maioria de esquerda:
uns imaginaram que o PS se teria
finalmente rendido às “políticas de esquerda”, tal como o BE e o PCP concebem
essas políticas;
outros esperaram que o BE e o
PCP, depois de anos de “protesto”, se tivessem rendido ao princípio da
“responsabilidade” de governo, tal como o PS compreende essa responsabilidade.
Ora, a verdade é que não aconteceu nem uma coisa, nem outra.
O PS manteve-se fiel a Bruxelas,
como não podia deixar de ser num país financeiramente dependente do BCE:
aumentou os salários, mas esvaziou os serviços através de cativações – porque,
como o Costa já admitiu, não se pode ter tudo...
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“Nunca aprendemos nada. Se calhar foi pena termos pedido o resgate quando o pedimos. Mais um ou dois meses e falhavam os pagamentos aos funcionários públicos. Se isso tivesse acontecido talvez se tivesse aprendido de vez”.
“Nunca aprendemos nada. Se calhar foi pena termos pedido o resgate quando o pedimos. Mais um ou dois meses e falhavam os pagamentos aos funcionários públicos. Se isso tivesse acontecido talvez se tivesse aprendido de vez”.
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Ainda é possível que acabemos por
ver muito mais coisas. Mas já é claro no que consiste a geringonça. A
geringonça não é a maioria de esquerda. A geringonça é o regime, toda a
oligarquia, depois de fracassadas as ideias e liquidadas as expectativas, a
tentar salvar-se, agarrando-se ao Estado. A “Terceira via” do PS falhou em
2001, outra vez em 2011 e finalmente em 2015. (in “Foi
você que pediu uma geringonça?” por Rui Ramos)