Na visão erudita de Catarina, a
Grande, o mundo era um lugar de harmonia e paz até ao momento em que os
ocidentais decidiram afundá-lo em infâmia.
Uma delas é a amadora dramática que
preside ao Bloco de Esquerda, a qual, em vez de ocupar o Dez de Junho com as
humilhantes fanfarras da praxe, preferia consagrar a data à “enorme violência”
da expansão soviética, perdão, da expansão islâmica, perdão, “da expansão
portuguesa” (assim é que é) e à “história esclavagista, a responsabilidade no
tráfico transatlântico de escravos”. ( in “Uma enorme violência”
por Alberto
Gonçalves).
Enquanto o presidente da república,
em Boston, declarava Portugal capaz, como nenhum outro país, de “compreender, de dialogar, de aproximar pessoas”, por cá, a
Catarina Martins revoltava-se, muito indignada por os “discursos oficiais” não
terem “reconhecido a
enorme violência da expansão portuguesa, a nossa história esclavagista”.
Que dizer? O 10 de Junho deveria ser um dia de vergonha e de penitência
nacional – não o dia de Portugal, mas o dia contra Portugal?
a Catarina Martins parece muito
infeliz por o passado não ser igual ao presente. Não foi, de facto. A essa
diferença, chama-se “história”. E para a compreender, não há caminho pior do
que o simplismo das glorificações e das criminalizações com pequenos fins políticos.
(in “10 DE JUNHO Um dia contra
Portugal? por Rui
Ramos)