sábado, 8 de junho de 2019

GUERRA DA RESTAURAÇÃO – BATALHA DO AMEIXIAL

8 DE JUNHO DE 1663
Um primeiro-ministro competente? Sim!
O conde de Castelo Melhor chegou ao poder com um golpe palaciano, mas revelou-se um governante à altura dos tempos de guerra
Foi D. Luísa de Gusmão quem chamou para junto de si, no Governo, Luís de Vasconcelos e Sousa, conde de Castelo Melhor. 
Era uma boa escolha, mas da qual a rainha viúva se arrependeria amargamente. Em julho de 1662, o conde faria triunfar um golpe palaciano, que resgatava um “boneco” chamado D. Afonso VI, filho herdeiro de D. João IV, e afastava D. Luísa de Gusmão do poder, ao cabo de seis anos de regência. Então com 20 anos, D. Afonso VI já tinha mostrado que não servia para o que o destino lhe reservara. Há relatos de que, logo em bebé, fora atacado por uma misteriosa “febre maligna” que deixaria sequelas para sempre. “Também fugia para se misturar com pessoas menos dignas nas tabernas e prostíbulos, e era muito influenciável”, acrescenta o coronel Luís Albuquerque. “Era dissoluto e inepto, mas como consequência das suas incapacidades físicas e mentais.”
Como se está mesmo a ver, D. Afonso VI delegou todos os poderes no conde de Castelo Melhor, que se tornou dono e senhor do reino. Para lá de Inglaterra, Luís de Vasconcelos e Sousa estreitou relações com a França do “Rei-Sol” Luís XIV, a cujo Estado-Maior foi recrutar um general alemão com as melhores referências, o conde de Schomberg. E o estratego alemão mostrou logo o seu génio militar naquele que foi, talvez, o momento mais perigoso para Portugal na Guerra da Restauração. Um poderoso exército de Filipe IV entrou em território nacional, tomou Évora, pretendia avançar para Lisboa, mas acabou por ir ao encontro da força de socorro portuguesa, no Ameixial, a norte de Estremoz.
Schomberg deixou que os espanhóis se instalassem nas posições que escolheram. Depois, pôs a infantaria portuguesa em duas colinas, e no vale colocou a cavalaria. Foi ao pôr do Sol que o general alemão atacou o exército espanhol, com investidas de cavalaria no vale (onde também se encontrava a cavalaria inimiga), e de infantaria, constituída por mercenários ingleses (sempre eles…), sobre a infantaria do invasor, igualmente instalada em colinas. O confronto foi curto: durou cerca de 60 minutos e terminou ainda antes de anoitecer. Do lado espanhol estiveram envolvidos 12 mil homens de infantaria e 6 500 de cavalaria. Pelo lado português combateram 11 mil homens de infantaria e três mil de cavalaria.
“Era uma hora imprópria para uma batalha, que se trava normalmente de manhã ou durante o dia. Ou seja, com algumas horas de luz pela frente, por forma a possibilitar um resultado percetível”, afirma o coronel Luís Albuquerque. Porém, foi esse o fator surpresa que determinou o desfecho vitorioso para o exército português.