terça-feira, 10 de junho de 2008

dia de Portugal

NEVOEIRO Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, define com perfil e ser este fulgor baço da terra que é Portugal a entristecer – brilho sem luz e sem arder, como o que o fogo-fátuo encerra. Ninguém sabe que coisa quere. Ninguém conhece que alma tem, nem o que é mal nem o que é bem. (Que ância distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro... É a Hora! Fernando Pessoa transmite-nos uma imagem desencantada da realidade do Portugal dos seus dias... muito idêntica á dos nossos dias, mas para concluir que essa situação é, afinal, o nevoeiro de que falam as profecias e que marcará o regresso de D. Sebastião. A conclusão de que o nevoeiro que se esperava não é, afinal, literal (físico) mas antes simbólico (social e político) permite-lhe acabar o Poema com uma "volta" final ao gritar: "É a Hora!". Eu repito-o
“É a Hora!”