JD Vance: Durante quatro anos nos EUA, tivemos um Presidente que aparecia em conferências de imprensa e falava negativamente sobre Vladimir Putin. Depois, Putin invadiu a Ucrânia e destruiu uma parte significativa do país. O caminho para a paz e para a prosperidade é talvez apostar na diplomacia. Tentámos o caminho de Joe Biden — bater no peito e fingir que as palavras do Presidente dos Estados Unidos importavam mais do que as ações do Presidente dos Estados Unidos. O que faz a América um bom país é a América envolver-se em diplomacia. É isso que o Presidente Trump está a fazer
Zelensky: Posso fazer uma pergunta?
JD Vance: Claro.
Zelensky: Ele ocupou partes, grandes partes da Ucrânia, partes do leste e da Crimeia. Ocupou-as em 2014. Durante muitos anos — e não estou a falar sobre Biden —, mas durante 2014 ninguém o parou. Ele ocupou [as terras]. Ele matou pessoas. Sabia que acordo era? [o que existia com Putin]
Trump: 2015?
Zelensky: 2014.
JD Vance: É 2014.
Trump: Eu não estava cá.
Zelensky: Sim, durante 2014 até 2022, a situação era a mesma. As pessoas estavam a morrer na linha de contacto [onde as hostilidades paravam]. Ninguém o parou. Vocês souberam, que nós tivemos várias conversas, conversas bilaterais, e assinámos [um contrato] com ele [Putin]. Eu, em 2019, assinei com ele um contrato. Eu assinei com ele, com Macron e Merkel, assinámos um [acordo] de cessar-fogo. Todos me disseram que ele nunca iria [invadir a Ucrânia]. Assinámos um contrato de gás, mas ele quebrou o cessar-fogo. Ele matou as nossas pessoas e não trocámos prisioneiros. Nós assinamos o contrato da troca de prisioneiros, mas ele não o fez. De que tipo de diplomacia, JD, está a falar? O que quer dizer com isso?
JD Vance: Estou a falar sobre um tipo de diplomacia que vai acabar com a destruição do seu país. Senhor Presidente, com o devido respeito, eu penso que seja desrespeitoso que venha à Sala Oval e tente discutir em frente aos meios de comunicação social norte-americanos. Está agora a forçar recrutas a ir para a linha da frente, porque tem falta de homens. Devia agradecer ao Presidente por tentar pôr fim a este conflito.
Zelensky: Alguma vez foi à Ucrânia para dizer que problemas é que temos?
JD Vance: Eu fui lá. E vi e li as história e sei o que acontece quando leva as pessoas para uma viagem de propaganda, senhor Presidente. Discorda que tem problemas a convencer pessoas a juntar-se às suas Forças Armadas? E acha que é respeitoso chegar à Sala Oval dos Estados Unidos da América e atacar a administração que está a tentar prevenir a destruição do seu país?
Zelensky: [Tenho] muitas questões. Primeiro que tudo, durante uma guerra, toda a gente tem problemas, até vocês, que têm um grande oceano. Não sentem agora, mas vão sentir no futuro, Deus vos abençoe…
Trump: Não sabe nada disso. Não nos diga como nos vamos sentir. Nós estamos a tentar resolver um problema. Não nos diga como nos vamos sentir. Não está em posição de nos ditar nada, de como nos vamos sentir. Não está numa posição muito boa…
Zelensky: Eu estou a dizer que vão sentir a influência…
Trump: Não tem as cartas. Connosco começou a ter cartas.
Zelensky: Eu não estou a jogar cartas.
Trump: Está a jogar às cartas, sim. Está a brincar com a vida de milhões de pessoas. Está a brincar com a Terceira Guerra Mundial. O que está a fazer é muito desrespeitoso para o país, para este país.
JD Vance: Alguma vez disse ‘obrigado’ durante este encontro?
Zelensky: Eu disse-o hoje.
JD Vance: Foi à Pensilvânia e fez campanha pela oposição em outubro. Ofereça algumas palavras de apreço aos Estados Unidos da América e ao Presidente que está a tentar salvar o seu país.
Zelensky: Acha que se falar muito alto sobre a guerra…
Trump: Ele não está a falar alto. Ele não está a falar alto. O seu país está com um grande problema.
Zelensky: Posso falar?
Trump: Não, já falou muito. O seu país está com um grande problema…
Zelensky: Eu sei.
Trump: Não está a ganhar. Não está a ganhar isto [a guerra]. E tem uma chance de sair razoavelmente desta guerra…
Zelensky: Senhor Presidente, nós estamos a tentar ficar no nosso país. Estamos fortes desde o início da guerra. Estivemos sozinhos e somos gratos. Eu disse obrigado a esta administração…
Trump: Nós demos-vos, através de um Presidente estúpido [Joe Biden], 350 mil milhões de dólares. Nós demos-vos equipamentos militares. Sobreviveu de forma corajosa, mas teve de usar os nossos equipamentos militares. Se não tivesse usado o nosso equipamento militar, esta guerra teria acabado em duas semanas.
Zelensky: Em três dias. Eu ouvi isso de Putin.
Trump: Menos até.
Zelensky: Em duas semanas.
Trump: Vai ser muito difícil fazer negócios assim.
JD Vance: Apenas diga obrigado.
Zelensky: Eu disse muitas vezes obrigado ao povo norte-americano.
JD Vance: Aceite que há desentendimentos e vamos discutir esses desentendimentos em privado, em vez de discutir em frente aos meios de comunicação social norte-americanos quando está errado. Nós sabemos que está errado.
Trump: Eu acho que é bom para o povo norte-americano ver o que se passa.
JD Vance: Eu entendo, senhor.
Trump: Eu acho que é muito importante. É por isso que mantivemos [esta conversa] por tanto tempo. Tem de ser grato. Não tem cartas.
Zelensky: Eu estou grato.
Trump: Não tem as cartas. Enterrou-as. Tem pessoas que morreram. Tem poucos soldados. Tem poucos soldados. E depois diz-nos: ‘Eu não quero um cessar-fogo. Eu quero isto e isto’. Olhe, se conseguirmos um cessar-fogo agora mesmo, eu diria para aceitá-lo, porque as balas paravam e os homens paravam de ser mortos.
Zelensky: Claro que quero um cessar-fogo. Com um acordo.
Trump: Vai ter um cessar-fogo mais rápido do que um acordo.
Zelensky: Pergunte ao nosso povo sobre o cessar-fogo, sobre o que eles pensam.
Trump: Isso não foi comigo. Isso não foi comigo. Foi uma pessoa chamada Biden, que não é uma pessoa esperta.
Zelensky: Era o seu Presidente.
Trump: Foi sobre o Obama. Foi com o Obana. O Obama deu-lhe lençóis e eu dei-lhe Javelins.
Zelensky: Sim.
Trump: Eu dei-lhe os Javelins para destruir aqueles tanques todos. O Obama deu-lhe lençóis. De facto, o que fica é que Obama deu lençóis e Trump deu Javelins. Tem de ser mais grato. Porque deixe dizer-me: sem nós, não têm cartas. Connosco tem as cartas. Mas sem nós, não tem as cartas.