Pode
desdenhar-se da sondagem da TVI, mas o mais avisado é tomar as suas indicações
como sinais que reforçam as de outras sondagens. Em Outubro ninguém ficará
surpreendido com um cataclismo à direita.
Os principais destaques políticos de resultados deste
calibre seriam os seguintes:
- O Partido Socialista não
alcançaria a maioria absoluta, ficando a nove mandatos dessa fasquia.
Mesmo que o PS conseguisse captar o máximo possível de mandatos nesta
votação percentual (35,5%), ficaria a cinco mandatos de distância da
maioria absoluta.
- A Assembleia da República
teria, por larga margem, a maior maioria de esquerda da nossa história
parlamentar. A maior, até hoje, aconteceu em 2005/09: maioria de esquerda
com 143 deputados. Agora, neste cenário, a maioria de esquerda atingiria
os 172 deputados – PSD e CDS-PP não teriam mais do que 58.
- A esquerda deteria
confortavelmente maioria parlamentar de 2/3, quer com o PAN (172
deputados), quer sem o PAN (154 deputados). PSD e CDS-PP juntos ficariam
muito longe de a poder impedir: necessitariam de um mínimo de 77
deputados; não alcançariam mais do 58 (ou, mais do que 61, mesmo captando
o máximo do possível com as votações projectadas pela TVI).
- O PS ficaria numa posição muito
confortável, podendo fazer maioria só com a CDU, só com o PAN, só com o
BE, ou só com o PSD.
- O PSD perderia representação
parlamentar nos círculos do Alentejo, à excepção de Setúbal, e na
emigração pela Europa.
- O Bloco de Esquerda
aproximar-se-ia de ser um partido nacional, apenas não elegendo deputados
nos círculos eleitorais com cinco ou menos mandatos.
- O PAN teria uma expansão da
sua representatividade territorial semelhante ao BE, elegendo deputados
nos círculos de nove ou mais mandatos, com excepção de Viseu (onde não
elegeria) e da Madeira (onde elegeria, num círculo de apenas seis
mandatos).
- A CDU poderia perder
representação parlamentar em Braga, Faro e Santarém, sendo afectada pela
ultrapassagem não só pelo BE, mas também pelo PAN.
- O CDS-PP só poderia eleger
deputados apenas em Lisboa (2) e no Porto (1), caindo para a posição de
sexto partido.
Resultados destes bem podem ser olhados como a Revolução
de Outubro. (in “A queda
no precipício” por José Ribeiro e Castro)