domingo, 6 de outubro de 2019

Premonições do Ribeiro e Castro


Pode desdenhar-se da sondagem da TVI, mas o mais avisado é tomar as suas indicações como sinais que reforçam as de outras sondagens. Em Outubro ninguém ficará surpreendido com um cataclismo à direita.

Os principais destaques políticos de resultados deste calibre seriam os seguintes:
  • O Partido Socialista não alcançaria a maioria absoluta, ficando a nove mandatos dessa fasquia. Mesmo que o PS conseguisse captar o máximo possível de mandatos nesta votação percentual (35,5%), ficaria a cinco mandatos de distância da maioria absoluta.
  • A Assembleia da República teria, por larga margem, a maior maioria de esquerda da nossa história parlamentar. A maior, até hoje, aconteceu em 2005/09: maioria de esquerda com 143 deputados. Agora, neste cenário, a maioria de esquerda atingiria os 172 deputados – PSD e CDS-PP não teriam mais do que 58.
  • A esquerda deteria confortavelmente maioria parlamentar de 2/3, quer com o PAN (172 deputados), quer sem o PAN (154 deputados). PSD e CDS-PP juntos ficariam muito longe de a poder impedir: necessitariam de um mínimo de 77 deputados; não alcançariam mais do 58 (ou, mais do que 61, mesmo captando o máximo do possível com as votações projectadas pela TVI).
  • O PS ficaria numa posição muito confortável, podendo fazer maioria só com a CDU, só com o PAN, só com o BE, ou só com o PSD.
  • O PSD perderia representação parlamentar nos círculos do Alentejo, à excepção de Setúbal, e na emigração pela Europa.
  • O Bloco de Esquerda aproximar-se-ia de ser um partido nacional, apenas não elegendo deputados nos círculos eleitorais com cinco ou menos mandatos.
  • O PAN teria uma expansão da sua representatividade territorial semelhante ao BE, elegendo deputados nos círculos de nove ou mais mandatos, com excepção de Viseu (onde não elegeria) e da Madeira (onde elegeria, num círculo de apenas seis mandatos).
  • A CDU poderia perder representação parlamentar em Braga, Faro e Santarém, sendo afectada pela ultrapassagem não só pelo BE, mas também pelo PAN.
  • O CDS-PP só poderia eleger deputados apenas em Lisboa (2) e no Porto (1), caindo para a posição de sexto partido.
Resultados destes bem podem ser olhados como a Revolução de Outubro. (in “A queda no precipício” por José Ribeiro e Castro)