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o programa “Sexta às 9” regressou da pausa de férias numa data muito posterior
ao previsto. Na última emissão pré-férias de Verão, a 9 de Julho, a jornalista
Sandra Felgueiras avançou que o programa retomaria em Setembro. De acordo com
as redes sociais do programa, a data seria 13 de Setembro, uma data normal face
à prática de anos anteriores, inclusivamente em períodos eleitorais – em 2015,
o programa retomou a 11 de Setembro, em pleno período pré-eleitoral.
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deu-se a “coincidência” de a primeira emissão pós-férias do programa trazer ao
conhecimento público dois casos muito graves de favorecimento indevido em
negócios geridos por gabinetes do governo. Em causa estará a exploração de
lítio em Montalegre (que envolve membros e ex-membros do governo) e outro
negócio para o tratamento de resíduos que, aparentemente, terá por detrás um
favorecimento a uma empresa do grupo Mota-Engil.
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em Setembro, por volta da data habitual da emissão do “Sexta às 9”, Eduardo
Cintra Torres acusou a direcção de informação da RTP de ter suspendido o
programa por razões políticas e a RTP defendeu-se alegando “ajustes da grelha
em função da actualidade”. Manifestamente insuficiente, a justificação não
esclarece o básico: o porquê desta gestão da grelha impedir a emissão do
programa em período eleitoral – visto ser algo que não sucedeu em 2015 e
algo que, em 2019, não se aplicou a outros programas da RTP com o mesmo perfil
de investigação jornalística, como o “Linha da Frente”. (in “A eterna instrumentalização da RTP” por
Alexandre Homem Cristo)