segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

dez pistas talvez ajudem a compreender melhor o mistério Trump.

Talvez o mistério Trump se explique pelo paradoxo que melhor o define: a arrogância da esquerda num político de direita. 
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Diga-se o que se disser, a verdade é que Trump tem o condão de irritar muita gente, da direita mais conservadora à esquerda mais progressista. Ninguém gosta do seu estilo arrogante, do seu palavreado por vezes ordinário, do seu novo-riquismo de mau gosto, para já não falar da sua incrível melena. Como se explica então que tenha ganho a eleição presidencial?! Possivelmente não se explica, mas estas dez pistas talvez ajudem a compreender melhor o mistério Trump.
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1º. Trump é a expressão do politicamente incorrecto: a sua eleição é uma reacção contra o sistema político que, em nome da democracia, asfixia a liberdade.
2º. Trump tinha praticamente toda a imprensa contra ele, com excepção da Fox News e do The Telegraph. Se Watergate foi, ao lograr a demissão de um presidente dos Estados Unidos da América, o auge do poder da imprensa, a eleição de Trump foi o seu canto do cisne.
3º. Trump tem ideias claras sobre a vida humana, o casamento e a família e está disposto a lutar por elas. Os partidos ditos conservadores têm, em geral, uma atitude tíbia e envergonhada, mas os partidos de esquerda têm uma agenda clara e não perdem ocasião para a implementar
4º. Trump tem uma relação diferente com os lóbis. Muitos governos vivem praticamente sequestrados pelos grupos de pressão, que são uma espécie de comissários políticos da democracia. Trump já deu a entender que, na América, manda ele, porque foi ele, e não esses grupos, por muito respeitáveis que possam ser, que foi eleito presidente.
5º. Trump não tem medo da iniciativa privada, se for a que melhor serve o bem comum. A esquerda privilegia a saúde pública e o ensino estatal porque, em teoria, são os que melhor servem o interesse nacional mas, na prática, porque herdou do marxismo uma concepção totalitária do poder e desconfia da liberdade e da iniciativa privada.
6º. Trump manda mesmo e, por isso, demitiu a procuradora-geral interina, depois de Sally Yates ter questionado a ordem presidencial que proíbe a entrada nos Estados Unidos da América a cidadãos de sete países de maioria muçulmana. Também demitiu todos os embaixadores ‘políticos’, que tinham sido nomeados pelo seu antecessor e que não eram da sua confiança.
7º. Trump não tem uma visão utópica ou idealista do mundo. Quer contribuir para a NATO, cuja importância estratégica reconhece, mas não se a Europa não estiver interessada na sua segurança. […] Quer a paz mundial, mas não apenas com os sacrifícios do seu país.
8º. Trump é a favor da liberdade religiosa, mas não admite que ninguém, nem nenhuma religião, ponha em perigo a paz e a segurança dos cidadãos norte-americanos. […] Os muçulmanos não são todos potenciais terroristas, mas é evidente que esta religião é essencialmente guerreira e que há um terrorismo maometano, que decorre do conceito islâmico de guerra santa: a jihad.
9º. Trump é patriota e defende os legítimos interesses do seu país, nomeadamente através do muro na fronteira austral. Todos os Estados têm direito a evitar a imigração ilegal e é bom não esquecer que foi Bill Clinton, um presidente democrata, quem decidiu e iniciou a construção do muro, […]. E a verdade é que Obama, durante os seus dois mandatos, não o destruiu; nem Hillary, se fosse eleita, iria fazê-lo. Mas uma América fechada sobre si mesma pode levar ao ressurgir dos nacionalismos proteccionistas, com graves prejuízos para a solidariedade internacional e para os países mais necessitados.

10º. Trump é arrogante, é certo, e o seu feitio não parece ser o melhor. Não são referências adequadas à sua função: é, como é óbvio, um perigo para o seu país e para todo o mundo. Na realidade, é preocupante que um homem, por vezes tão básico e imprevisível, esteja à frente da maior super-potência mundial. Mas não é o único… (in O mistério Trump por P. Gonçalo Portocarrero de Almada)