Ouço por vezes falar em
"ideologias" na política portuguesa. Há até uns sábios que se assumem
como guardiães dos respectivos templos.
Mas que ideologias, afinal?
O CDS reivindicou-se sempre como partido
"do centro". C de centro, aliás. Mas esteve sempre à direita do
centro, contrariando aliás a vontade de um restrito núcleo dos seus fundadores.
O PP de CDS/PP veio dar-lhe coerência
onomástica, mas retirou-lhe o sentido democrata-cristão.
O PCP só seria comunista se fosse um
partido revolucionário. Mas é um partido institucionalista, com base social no
funcionalismo público a nível nacional e local. Nada tem de revolucionário.
O PSD nunca foi social-democrata.
Foi - e é - um partido liberal, conservador, com matizes populistas nas suas
adjacências regionais.
O PPD de PPD/PSD foi-lhe retirado
quando era o que lhe dava coerencia filosófico-partidária.
O PS meteu o socialismo na gaveta ainda na década de 70. Teve
sempre uma matriz dominante - a da social-democracia clássica, com erupções
sociais-cristãs sobretudo no consulado de António Guterres.
O Bloco de Esquerda é
vagamente "socialista" mas contemporizador com a UE capitalista, da
qual não quer dissociar-se. Burguês até à medula, com representação
residual junto dos segmentos mais pobres da sociedade.
O PEV é tão ecologista como eu sou
evangélico, xintoísta ou libertário. Eterna muleta do PCP, sempre foi muito
mais vermelho que verde.
(por Pedro
Correia in As
etiquetas partidárias )