quinta-feira, 27 de março de 2008

cada vez mais...menos cegos!


O Fim da Crise ou o Fim de Sócrates?
Cada político tem o seu canto do cisne. Sócrates está a ter o seu final de Inverno de 2008.

Começou com a cabeça de um ministro servida numa bandeja de prata aos que protestavam na rua contra as políticas de Saúde. Segue com o anúncio do "fim da crise orçamental". Erro crasso. Já cometido, aliás, por Durão Barroso e Santana Lopes. O Governo de Durão começou a definhar quando Ferreira Leite passou de heroína a patinho feio do executivo. O de Santana (à parte o facto de ser o próprio líder o causador do estertor) caiu duas semanas depois, lembre-se, do célebre anúncio do "fim da crise orçamental".

O erro de Sócrates é duplamente grave. Porque destapa o véu a um governante, permitindo ver cálculo político onde antes se imaginava sentido de Estado, e deixando a descoberto a verdadeira intenção de um primeiro-ministro que até parecia o menos mau dos últimos 12 anos: ganhar as eleições a todo o custo, nem que com isso hipoteque o futuro próximo do País que dirige.

Na verdade, a crise orçamental não terminou. Longe disso. Olhe-se para o exemplo do vizinho espanhol e core-se de vergonha. Não estamos acima do limite dos 3%, é certo. Mas o objectivo não é esse. Nem nunca foi. Nem sequer alguma vez poderia ser. A meta é (tem de ser) fazer com que o défice acabe. Só aí deixaria de existir uma situação de crise. E estamos hoje a 3 mil milhões de euros de chegar a este patamar. 3 000 000 000!

Sócrates pode ter garantido com o anúncio do fim da crise (e a baixa do IVA) a reeleição em 2009. Mas o que verdadeiramente conseguiu foi enterrar um projecto político que se dizia de coragem na decisão e de rumo para Portugal.

Afinal, a diferença para Santana não era assim tão grande.
Martim Silva, Editor de Sociedade 23:34 Quarta-feira, 26 de Mar de 2008



.