segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Quem vai decidir por nós II

 

As questões “fracturantes”

E que valores queremos para a sociedade e para as famílias? Queremos descartar os velhos, oferecendo-lhes a morte? Evitar os nascituros, interrompendo-lhes voluntariamente a vida? Queremos o delirante encorajamento da ambiguidade e da transexualidade desde a infância por leis passadas à socapa por executivos em gestão?
Tudo isto tem sido obra da Esquerda, que deixou de se preocupar com aquilo que tradicionalmente a nobilitava – a justiça social e a causa dos trabalhadores, dos marginalizados, dos mais frágeis – para ir atrás de imaginativos “activismos” minoritários de entediadas elites urbano-depressivas. Numa sociedade onde, felizmente, ninguém é penalizado pela sua índole e pelos seus costumes, a maioria dos portugueses espera, pelo menos, não passar a ser perseguida pela sua, talvez pouco imaginativa, “normalidade” – esperança que poderá bem vir a ser vã.
E quanto à História? Vão continuar a chover subsídios aos historiadores e divulgadores da História nacional como uma crónica de esclavagismo e exploração, num masoquismo incontinente, pago pelos impostos de todos? E o Portugal do Estado Novo, vai ser contextualizado e olhado com verdade, no bem e no mal, ou vai continuar a ser divulgado como uma filial da Inquisição e do Terceiro Reich, responsável por todos os males, perante o angelical e impoluto regime que há 50 anos lhe sucedeu?
Este ano completam-se 500 anos sobre o nascimento de Camões e a morte de Vasco da Gama: que irão fazer para os celebrar os que designaram e financiaram uma comissão de festas para, de 2021 e até 2026, celebrar os 50 anos da revolução de Abril e do regime?
É em relação a estes pontos, éticos e ideológicos, que devemos medir e avaliar as agendas dos que se apresentam a voto nas eleições que se aproximam – julgando-os por isso e não pela simples enunciação, mais ou menos vocal, mais ou menos articulada, da sua maior ou menor vontade de combater o partido do governo. É tendo por eixo estes pontos que o eleitorado que se identifica com a Direita – ou mesmo com a não-Esquerda – deve orientar o seu voto, já que são eles que vão determinar a comunidade e a sociedade onde vamos viver – nós, os nossos filhos e os nossos netos.
O voto, o voto útil, já não deve servir só para recusar um mal maior, mas também combater males “subsidiários”, as tais questões fundamentais a que alguns responsáveis políticos escolhem chamar “questões de consciência”, deixando-as, numa cómoda ambiguidade, na mão dos representantes, para que decidam por nós segundo a sua inclinação pessoal.
Deveremos nós, os representados, que sabemos o que queremos e o que não queremos, passar uma procuração a deputados cuja opinião desconhecemos para que votem “em consciência” em questões fundamentais?
Se queremos viver numa comunidade mais segura e numa sociedade mais justa e melhor, não basta rejeitar o que está: temos o direito e o dever de exigir que nos apresentem propostas claras.