O poder da Esquerda
Uma série de escândalos de grande, média e pequena corrupção, desde um primeiro-ministro que já ficou atrás das grades, até às notas e anedotas que circulam pelos gabinetes de S. Bento. E como se não bastasse, nas empresas, trocámos industriais e capitalistas portugueses por accionistas anónimos estrangeiros – chineses, espanhóis, americanos. Não temos um único banco nem uma única grande indústria nas mãos de portugueses e ninguém na classe política, nos media de referência, na oligarquia desta Terceira República parece muito preocupado com isso.
Quem são os responsáveis? Os governantes, que são quem manda, e os governados, que são quem vota.
Mas há uns mais responsáveis que outros. Quem governa Portugal, desde há quase 50 anos, é a Esquerda, com escassos intervalos de centro-direita, basicamente passados a tentar tapar os buracos da Esquerda.
É preciso ter isto presente e saber o que se quer e o que não se quer, para daqui a dois meses não haver equívocos sobre tudo ou quase tudo.
É que, ao contrário do que disse Bill Clinton a George Bush-pai (“It’s the economy, stupid!”), desta vez não é a economia. Ou não é só a economia, já que a economia nacional – excluindo a tributação, os ruinosos rasgos nostálgicos de sobre-estatização, o desinvestimento nos serviços públicos e a falta de incentivo à iniciativa privada nacional, que não são de somenos – é mais depressa decidida em Bruxelas e em Frankfurt do que em Lisboa. Como já não há economias socialistas de direcção central, aqui, a margem de decisão será só se a nossa vai ser mais ou menos socialista, mais ou menos capitalista, mais ou menos liberal, mais ou menos caótica, mais ou menos condicionada pela conjuntura internacional e decidida pela Comissão Europeia – e pelo BCE.
Assim, na escolha eleitoral, devem sobretudo pesar questões políticas, como a independência e a identidade nacionais e a sua defesa, o entendimento da História, a liberdade de expressão, os valores de referência. Queremos viver numa comunidade política independente, num Estado nacional, com fronteiras, numa Europa de nações, ou queremos a abolição dessas fronteiras no federalismo europeu, etapa e via para o globalismo selvagem?