um dos nossos maiores problemas: a
liberdade tutelada,
o espaço público amarrado à linguagem táctica dos políticos,
e não à linguagem da liberdade e da crítica.
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Numa
característica única e reveladora da nossa alergia à liberdade, os políticos no
activo são a maioria no comentário. É confrangedor. Os nossos políticos são
jogadores e árbitros ao mesmo tempo.
Sim,
é confrangedor comparar o nosso espaço público com outros espaços públicos. Um
alemão, um americano, um inglês e até um espanhol ficaria espantado se
descobrisse que quase 100 políticos ainda no activo são comentadores ou
colunistas nos média portugueses. Quase 100 políticos a comentar nos média é um
cenário de uma ditadura ou de um país que acabou de sair de uma ditadura; quase
100 políticos a comentar à noite o que fizeram à tarde revela um espaço público
tutelado, um regime com medo de sair da linguagem da manha táctica, um país que
não quer pensar em liberdade. [.]
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fica a ideia de que a imprensa portuguesa trabalha a pensar
no eleitor, e não no leitor e
os resultados estão à vista:
são raríssimos os colunistas sem qualquer filiação
partidária e
os leitores também são cada
vez mais raros.
(in
“A
liberdade tutelada” por Henrique Raposo)