97% dos comentadores nativos
souberam homenagear devidamente o grande estadista que nos tocou em sorte. E
que sorte! Segundo a opinião geral, o dr. Costa teve uma prestação brilhante. O
dr. Costa é um estratega raro. O dr. Costa frequenta a vizinhança do génio absoluto.
De brinde, apurou-se que, em parelha com a risonha figura das Finanças, o dr.
Costa é um modelo de escrúpulos contabilísticos. ]...]
Estranhamente, para quem conhece as
tradições locais ou nem por isso, os profissionais do comentário engolem o que
calha. É possível que alguns só possuam um neurónio. Os restantes talvez tenham
colocado todos os neurónios em sabática, a fim de disponibilizar a totalidade
do córtex para a exaltação do Supremo Líder. Não importa perceber como é que
essa gente consegue dormir à noite. A pergunta adequada é: como é que
permanecem acordados de dia? Não se envergonham do papel que desempenham à
vista desarmada? Não sentem um pingo de embaraço? Sequer um nozinho na
garganta? E as respostas são não, nada e nem por sombras.
...
Diga-se que o dr. Rio, que junto com
o CDS acabou por ceder à miserável encenação do dr. Costa, merece a chacota.
Diga-se que o prof. Marcelo, que
aproveitou a “crise” para sumir durante uma semana, merece o descanso.
Diga-se que os professores, que
confiaram num sindicato movido por interesses alheios aos assalariados que
representa, merecem a desfeita.
Diga-se que os portugueses, cuja
maioria parece apoiar o “ultimato” do dr. Costa, merecem o dr. Costa.
E diga-se que os profissionais do
comentário, que alimentaram a anedótica “demissão”, mereciam ser demitidos. (in “Obviamente, não se demitiu” por Alberto Gonçalves)