Se o
primeiro-ministro ‘caneco’ António Costa (português e lisboeta) e a
líder branca do CDS-PP Assunção Cristas (angolana e luandense), fossem
Moçambicanos aos olhos dos negros comuns o primeiro teria um
fardo racista mais pesado do que a última.
por tal
Não continue a fazer-nos de
parvos, senhor António Costa.
.
António
Costa faz parte da pertença racial que os moçambicanos bem conhecem e que
designam de forma depreciativa por ‘caneco’. Entre os oriundos do Índico
'monhé' é o Gabriel Mithá Ribeiro – o
autor deste artigo - por ter ascendentes islâmicos.
«Se vires um ‘monhé’ e uma
cobra, mata o ‘monhé’ e deixa a cobra”, dizem os meus conterrâneos
moçambicanos.
Isto não é racismo porque,
como já escrevi neste jornal, o racismo deixou de existir.
Apenas é a psicopandemia que
tomou conta da espécie admite o contrário.
‘Caneco’ é o termo que,
em Moçambique, designa os católicos com origem na antiga Índia Portuguesa,
tomados como mestiços num contexto esmagadoramente negro,
porém puros na sua origem identitária indiana. Constituindo uma
minoria étnico-racial não europeia, contudo no tempo colonial o seu estatuto social
colocava-os mais próximos dos então brancos de primeira, ambos distintos
dos brancos de classe baixa. Os últimos, por seu lado, estariam mais próximos
dos negros moçambicanos no quotidiano, enquanto os primeiros,
os ‘canecos’, com maior facilidade se posicionavam nos círculos da elite
social e administrativa dos brancos de primeira.
O contexto colonial
moçambicano permite compreender como um indivíduo da pertença étnica do
primeiro-ministro, António Costa, para mais partilhando também a ascendência
branca, com facilidade faça parte das elites portuguesas e, com isso, alcance
cargos políticos de primeira importância. Em si, o percurso de António Costa
nada explica sobre a abertura racial da esquerda branca portuguesa, bem pelo
contrário quando se trata de ‘canecos’, como os moçambicanos sabem.
Não é por acaso
que a seguir à independência de Moçambique, enquanto uma parte
dos ‘canecos’ se integrou e liderou a Frelimo num caminho de rutura
fratricida no interior do grupo dos muito portugueses, uma outra
parte teve de vir para Portugal. Aqui se transformou na minoria étnica ou
racial que não teve problemas de integração social. Mais, que não teve
problemas de integração nas elites portuguesas. De todos as minorias étnicas ou
raciais, a mais representada nos cargos políticos, académicos ou empresariais
de relevo num país como Portugal é a dos ‘canecos’. [.]
Portanto, ver o
primeiro-ministro, António Costa, insinuar o que quer que seja de vitimização
racial está para lá do absurdo. [.]
No caso da
minoria indiana no seu conjunto [monhés (islamicos), canecos
(cristãos) ou baneanes (hindus)], este segmento revelou-se a que mais se
aproxima do rótulo de racista entre os negros suburbanos
moçambicanos.
Se o
primeiro-ministro ‘caneco’ António Costa (português e lisboeta) e a líder branca
do CDS-PP Assunção Cristas (angolana e luandense), fossem moçambicanos aos
olhos dos negros comuns o primeiro teria um fardo racista mais pesado
do que a última.
Não continue a fazer-nos de
parvos, senhor António Costa.
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