segunda-feira, 19 de novembro de 2018

para além do “fogo” e da “fúria”...

antes a 13 de Dezembro de 2017 também a Rita Siza, no Publico, achava que “a surpreendente vitória de Doug Jones num estado fortemente conservador dá um novo alento ao Partido Democrata.
Para os analistas, as últimas votações funcionaram como um repúdio de Trump e um prenúncio de uma nova vaga.”
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Primeiro, não ia ser candidato, não podia ser, ninguém o levava a sério. Foi candidato. Depois, não podia ganhar, era impossível, o mais impopular candidato de sempre. Ganhou. A seguir, não ia durar, um indivíduo desqualificado, seria deposto em semanas. Ainda lá está, ao fim de um ano. Tem sido assim com Donald Trump: não pode ser, é impossível, não vai durar — mas foi, é possível e dura.
Agora, há quem espere pelas eleições intercalares do Outono, na expectativa de que os Democratas ganhem o Congresso, ou que a investigação sobre as ligações com a Rússia force Trump a incorrer em alguma forma de obstrução da justiça. Veremos.
Enquanto a imprensa faz a contabilidade das suas inexactidões e tenta arranjar um escândalo todos os dias, a economia continua a soprar a seu favor.
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Os [¿Democratas?] não se conformam com Trump. Mas também nunca, nos últimos cinquenta anos, se conformaram com qualquer Republicano na presidência. As diatribes contra Trump seriam, aliás, mais efectivas, não fossem uma repetição de todos os lugares comuns contra todos os presidentes Republicanos (estúpidos, fascistas, racistas, mentirosos, loucos, etc.). Um Republicano só se torna bom depois de deixar de ser presidente, como George W. Bush, que até já é um pintor estimado. Deve dizer-se que os Republicanos têm feito o mesmo aos presidentes do outro lado. Nada disto começou com Trump, nem acabará com ele.
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Mas Trump não é, de facto, um presidente como os outros. É um intruso, sem experiência política. Está a tentar evitar deixar-se manietar, quer pelos tarimbeiros do Partido Republicano, quer por aventureiros como Steve Bannon, uma das estrelas populistas de 2016 que não corresponderam às expectativas mais catastrofistas. O caos de “fogo” e de “fúria”, que mantém toda a gente a rodar na sua equipa, serve a Trump para se manter solto. Não se trata apenas de um gosto pessoal de independência, ou da vontade de seguir um plano próprio de governo, que talvez não tenha. Trump foi eleito pelo cepticismo e desprezo do público americano para com a classe política tradicional. (in  «Trump para além do “fogo” e da “fúria”» por Rui Ramos)
nota: "Trump" perdeu a Câmara de Representantes e

          ganhou o Senado