domingo, 18 de novembro de 2018

eis os que passaram de estudantes a deputados!

Não fosse o “todo o burro come palha, a questão é saber-lha dar” e o BE seria tratado como aquilo que de facto é: um grupo de gente esperta, frequentemente mal preparada, que na juventude se profissionalizou na política e que fora da política não tem curricula para mostrar.
Pegue-se, na lista de ministeriáveis do BE apresentada pelo Observador e pela demais comunicação social e verificar-se-á que estamos diante de dirigentes que passaram de estudantes universitários a deputados, sem no meio terem feito algo de profissionalmente relevante.
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Comecemos por Mariana  Mortágua. Antes dos 30 anos tornou-se deputada. Mariana é licenciada em Economia pelo ISCTE e estava a fazer o doutoramento em economia quando se tornou deputada. Tinha 27 anos. É apresentada como podendo vir a ocupar a pasta das Finanças.
Alguma vez trabalhou numa empresa pública ou privada? Na administração pública? Em algum gabinete de estudos? Alguma vez desempenhou uma tarefa que a confrontasse com as consequências práticas na vida das empresas da legislação que defende?…

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O caso de Joana Mortágua apresentada como possível ministra da Educação é ainda mais assombroso porque não se lhe conhece conhecimento relevante sobre nada: é licenciada em Relações Internacionais com especialização em América Latina. Mas provavelmente porque a América Latina nunca se interessou por Joana Mortágua esta tornou-se deputada em Portugal. Tinha à data 25 anos.
As suas habilitações para ser ministra da Educação resumem-se ao facto de no parlamento se dedicar a tal assunto. Digamos que é uma habilitação por frequência:
vai-se para o parlamento, frequentam-se umas comissões e
fica-se apto a ser-se ministro da respectiva pasta. Ou de todas elas.

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Se olharmos para o Luís Monteiro então estamos diante do curriculum zero: Luís Monteiro foi eleito com apenas 22 anos.
No grupo parlamentar, e por ser estudante, foi-lhe atribuída a área do ensino superior.
Que o BE dê Luís Monteiro como especialista em ensino superior não admira. O que realmente nem a um jumento lembra é o país aceitar placidamente que Luís Monteiro possa ser ministro do ensino superior porque frequenta ou frequentou o ensino superior! 

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Vamos ao caso de José Soeiro. Tem um doutoramento em Sociologia. É dado como ministeriável na área do trabalho. Do mundo do trabalho fora da Assembleia da República, José Soeiro tem, segundo se lê na sua página do parlamento, a experiência de animar “oficinas de expressão e de Teatro do Oprimido”. Terá sido aliás nessa actividade que, segundo o  Observador, se confrontou com a precaridade e as questões dos recibos verdes que no parlamento o transformaram em
especialista em questões de trabalho.
Seja como for, enquanto deputado José Soeiro venceu a precaridade: José Soeiro tornou-se deputado aos 23 anos. Hoje tem 34. Continua deputado. 

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E que dizer do curriculum do Moisés Ferreira hipotético ministro da Saúde,?
Licenciado em Psicologia tornou-se deputado aos 29 anos. Antes de ser eleito deputado já era
assistente parlamentar nas áreas da Economia e das Finanças.
Um profissional da política, portanto.


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Que esta agremiação de gente que aos vinte e alguns anos saltou dos bancos das universidades (e dos palcos, pois o factor encenação não é irrelevante no caso) para as cadeiras de deputados seja apresentada como ministeriável, sem que o país se interrogue sobre as suas competências e experiências, é a prova – se alguma faltasse – do jumentismo agudo de que padecemos.
Dirão que nos outros partidos encontramos casos similares. É verdade. Mas em nenhum deles com este peso e com tanta prosápia.
(in “Burros de carga” por Helena Matos