...quando desde o mais analfabeto
dos agricultores, ao mais qualificado dos doutorados portugueses que lidam
minimamente com plantas, sabem, e dizem, que isso dos matos não vai lá com
intervenções únicas que se somam no espaço, o Governo não só fez aprovar legislação
absurda (pretender que as ervas não tenham mais de vinte centímetros, ao longo
do ano, é pretender que se ande com um corta relvas, por meio país, todos os
meses, mais ou menos como se faz nos campos de futebol, embora com mais
frequência, um exemplo que uso por me parecer o único contacto que muitos dos
que decidem sobre o assunto terão com a gestão da vegetação), como insiste
nesta cantilena sem pés nem cabeça.
E como é isto possível?
Simples, não há qualquer custo
político em dizer coisas absurdas porque os jornalistas não perguntam, a
oposição não se opõe (nesta matéria, aliás, há um enorme consenso político no
sentido de se gerir os espaços não agrícolas esquecendo a realidade), os que
sabem cansaram-se e a generalidade da população estará minimamente satisfeito
com o "faz-se o que se pode, coitados, ao menos alguma coisa melhorará, se
não se fizer nada é que é pior". (in “Não temos
salvação” por Henrique Pereira dos Santos)